Resenha | A Garota Marcada Para Morrer – David Lagercrantz

Todos nós temos coisas na vida que não conseguimos encarar …

Às vezes, durante a infância, acontecem situações que deixam marcas tão profundas na vida de uma pessoa que elas vivem assombradas pela vida toda. A Garota Marcada Para Morrer é a conclusão épica do acerto de contas entre Lisbeth Salander e o seu passado.

Iniciado por Stieg Larsson com o livro O Homem Que Não Amava as Mulheres – primeiro livro da série Millennium -, chegamos ao fim da jornada de Lisbeth com esse sexto livro, escrito por David Lagercrantz e mais uma vez trazido aos leitores  brasileiros pela editora Companhia das Letras (parceira do Capacitor).

Stieg Larsson

Na trama apresentada, vemos que a fúria sempre esteve presente em Salander e graças a ela e ao desejo de vingança, resolve mudar de estratégia – ao invés de continuar sendo caçada por seu passado (na figura de sua irmã Kira/Camilla), ela decide ir a caça e colocar de uma vez por todas um fim na história tenebrosa do seu passado. Com inúmeras sequências de ação e investigação que nos remete aos grandes filmes de espionagem; com direito a política sueca, hacker, máfia russa e paisagens fantásticas que vão do Monte Everest até o litoral da Suécia, com passagens pela Rússia; corremos para acompanhar o desfecho dessa história que promete ser fatal.

O ritmo de leitura é alucinante, e aqui devemos fazer os primeiros elogios ao Lagercrantz. Se nos volumes 4 e 5, ele pareceu tímido e perdido com os rumos da história, afinal nem todo mundo tem a ousadia de continuar a história de seu grande ídolo. Aqui ele soube se utilizar de velhos personagens, como Mikael e a própria Salander, para sustentar a obra; e com a ajuda de luxo de novas aparições, como Catrin, que mesmo com seus próprios mistérios trouxeram um frescor para a trama.

David Lagercrantz

A escolha de apresentar duas grandes histórias dentro de uma foi melhor trabalhada aqui, o que deu dinâmica e fisgou os leitores, como só Larsson vinha conseguindo. A história paralela sobre uma catástrofe ocorrida durante uma expedição de montanhismo – que por si só já valia um livro (visto a riqueza de eventos e detalhes que ela esconde) – serve perfeitamente de elo entre os personagens e aos poucos vamos sendo lançados à história principal e a toda tensão que ela carrega, chegando a fazer com que os leitores sintam as faíscas do conflito que está por vir – numa espécie de bomba relógio, que quando explode ninguém fica impassível.

Ainda sobre a leitura vale trazer dois pontos negativos. O primeiro é sobre a (não) utilização da revista Millennium, o núcleo que dela faz parte fica escanteado nesse livro, só reaparecendo no finzinho da história, para servirem como figurantes. O outro ponto que pode desagradar aos fãs, foi o fato de que alguns personagens não tiveram um desfecho, algo que seria melhor trabalhado se o Epílogo tivesse sido melhor aproveitado. Contudo, essa falha em nada compromete o fim da obra – quem sabe se esse “esquecimento” do autor não tenha sido proposital já pensando em possíveis futuras histórias.

Após a morte do Stieg Larsson, a saga Millennium parecia ter chegado a um fim melancólico e inconclusivo – especialmente após as duas continuações. Entretanto,  David Lagercrantz pareceu que ouviu as críticas anteriores que recebeu e aprendeu muito com elas. Dessa forma, terminou entregando um capítulo final digno e cheio de adrenalina que agradará em cheio os fãs mais devotos da nossa amada  hacker Lisbeth Salander e do nosso super jornalista Mikael Blomkvist. A literatura sueca vive!!!

Sinopse:

No livro que encerra a saga eletrizante da hacker Lisbeth Salander e do jornalista Mikael Blomkvist, a garota com a tatuagem de dragão vai acertar contas com sua irmã gêmea e arqui-inimiga.

Um homem é encontrado morto num parque no centro de Estocolmo. Parece se tratar apenas da morte trágica de um sem-teto, mas, apesar de ter características muito distintivas, ninguém é capaz de identificá-lo. A médica legista Fredrika Nyman suspeita que haja algo de errado e contacta Mikael Blomkvist. O jornalista se interessa pelo caso, ainda que com relutância. O mendigo foi ouvido muitas vezes murmurando coisas sobre Johannes Forsell, o ministro da defesa da Suécia. Haveria uma conexão genuína entre eles?
Blomkvist precisa da ajuda de Lisbeth Salander. Mas depois do funeral de Holer Palmgren, ela saiu do país sem deixar qualquer rastro. O paradeiro que ninguém conhece é Moscou, onde ela está para acertar contas com sua irmã Camilla de uma vez por todas. No sexto e último volume da série Millennium, criada por Stieg Larsson e assumida por David Lagercrantz a partir do quarto livro, estão interligados escândalos políticos e jogos de poder internacionais com tecnologia de DNA, expedições nos Himalaias e fábricas de trolls que espalham ódio e notícias falsas.

Curiosidades:

  • A saga Millennium é uma sextologia composta pelos seguintes livros: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres, A Menina Que Brincava com Fogo, A Rainha do Castelo do Ar, A Garota na Teia de Aranha, O Homem Que Buscava Sua Sombra, A Garota Marcada Para Morrer.
  • A saga foi escrita por Stieg Larsson e após o terceiro volume, por David Lagercrantz.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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