Resenha | O Canto Mais Escuro da Floresta – Holly Black

Alguém pediu mais uma fantasia única, de trama tranquila e leitura fluída? Pois bem, chegamos. Quer dizer, Holly Black chegou, trazida ao Brasil pela Galera Record. A autora norte-americana é responsável por O Canto Mais Escuro da Floresta, livro que trás características de contos de fada e a representatividade que o povo gosta.

Holly Black

Os irmãos Hazel e Ben moram em uma cidade onde humanos e fadas coexistem. A magia acerca desse seres é a responsável por atrair turistas, principalmente o caixão de vidro onde dorme uma criatura de chifres e orelhas pontudas, cujo sono parece eterno. Até que determinado dia ele acorda. Para os irmãos, é momento de levar a brincadeira de criança à sério, enquanto assistem lendas ruirem frente algumas verdades chocantes.

Na narrativa em terceira pessoa, os irmãos dividem o protagonismo. Tanto Hazel quanto Ben são carismáticos e bem construídos, apresentados com a essência necessária para torná-los personagens instigantes e agradáveis de acompanhar. As pessoas que eventualmente dividem o cenário reforçam a atmosfera de cidadezinha pequena, onde nenhum segredo se mantém.

O tom da escrita lembra a história de João e Maria, assim como o ser mágico no caixão nos remete A Bela Adormecida. É um livro jovem adulto, apesar de a introdução ao mundo mágico estar bem próxima do infanto-juvenil.

Dois romances são construídos simultaneamente nas entrelinhas, e ambos nos surpreendem de certa maneira. Nenhum deles, porém, sobrepõe o papel principal da trama, que é muito mais sobre desenvolver o pensamento crítico e a personalidade distinta de ambos irmãos.

Hazel é sonhadora, voraz e determinada, mas tem vulnerabilidades que reconhece gradativamente. Assim como Ben, um garoto gay que nasceu agraciado por um dom que deveria ser sua maior dádiva, mas tem o colocado em dilemas durante boa parte da vida. São os segredos que guardam um do outro, visando o bem alheio, que faz a história desenrolar com graça.

O único problema desse livro eu venho refrisando praticamente em todas as últimas resenhas. Usar “moreno” e termos sinônimos para descrever personagens negros. É nas entrelinhas que realmente podemos imaginá-los tal qual devem ser, porque a todo instante a autora parece estar pisando em ovos. Estarei sempre tocando nesse ponto até que o novo normal seja não precisar mais.

Por fim, é um livro recomendadíssimo, seja para jovens ou adultos. Em poucas páginas, conhecemos histórias inteiras e, apesar da conclusão plausível, somos deixados com a imaginação livre para criar o futuro.

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