Review | Metal Gear: Survive

Com décadas de idade, a franquia Metal Gear sempre foi um objeto de paixão por seus fãs. Com uma história extremamente complexa e cuidadosamente escrita, os games envolviam o público em uma trama tão apaixonante quanto absurda. Além do enredo, os games da franquia sempre buscaram inovar em um gênero que praticamente foi criado pela saga.

Apesar das mecânicas agradáveis e do gênero do game, o que os levaram os fãs a se apaixonarem pela franquia foi a sua trama. Envolvendo clonagem, super soldados, política, traições e, claro, espionagem, Metal Gear Solid traz alguns dos roteiros mais intricados da indústria dos games.

Agora, após diversos títulos, a franquia ganha mais um spin-off, Metal Gear: Survive. O game se passa logo após o final de Metal Gear: Ground Zeroes, onde após o ataque à base mãe, Big Boss precisa deixar os seus soldados para serem mortos. Durante o ataque, um buraco de minhoca é aberto e leva os soldados à outra dimensão.

Vale lembrar que este é o primeiro game da franquia lançado após o rompimento (pouco amigável) entre Hideo Kojima, criador da saga, e a Konami, que detém os direitos.

Apesar das polêmicas desde o seu anúncio e da má vontade de muitos fãs, há que se admitir que Metal Gear: Survive tem muitas coisas boas. Aproveitando-se da engine dos games passados, o jogo traz gráficos competentes atrelados à uma jogabilidade refinada e bem ajustada. Lutar contra os “zumbis” é algo prazeroso e muitas missões conseguem, de fato, ser extremamente divertidas.

O modo stealth continua presente, no entanto desta vez são os zumbis que precisam serem evitados. Aqui, o gênero espionagem abre espaço para o gênero sobrevivência.

Survive não é um jogo só de ação. Parte fundamental do jogo está em administrar a sua base e seus recursos, criando novas áreas e novos mecanismos para auxiliar os seus membros. Para os fãs deste gênero, o jogo traz um prato cheio. No entanto, para aqueles que preferem uma ação mais direta, a experiência pode tornar-se tediosa.

Administrar uma base não é novidade na franquia. Desde Metal Gear: Peace Walker é necessário administrar uma base, soldados e recursos. No entanto, esta vertente nunca foi algo obrigatório para o jogador, podendo este simplesmente cumprir o mínimo e dedicar-se à parte principal do jogo que sempre foi a ação. Em Survive, por outro lado, para poder experimentar ação de verdade, o jogador deve passar por horas de missões de recursos e administração de “fazendinha”.

Outro ponto em que Survive peca, é justamente o que costumava ser forte nos outros games da franquia, a história. Além de trazer um roteiro confuso, que visa apenas justificar a trama mirabolante, o game o traz de maneira preguiçosa e pouco imersiva. O popular recurso na franquia da conversa por comunicador é utilizado à exaustão até por personagens que se encontram no mesmo ambiente, mostrando uma clara economia no CGI e no orçamento do jogo.

Apesar de contar com missões divertidas e interessantes, o game não possui diversidade. As repetições são muitas e por vezes pode tornar a experiência cansativa, ou até mesmo enfadonha.

Apesar dos problemas, existe diversão em Survive. O modo online possui modos interessantes, além de algumas missões na campanha online. Mas, não podemos deixar de abordar a ganância do jogo, que além das microtransações cobra por saves adicionais no jogo. Ao criar um personagem para o game, o jogador precisa desembolsar para poder criar novos e salvar em outros slots. Um total absurdo.

Metal Gear: Survive não é um jogo ruim. Com mecânicas interessantes e algumas novidades, o jogo tem seus pontos altos. Contudo, estar atrelado a uma franquia, em que claramente não deveria pertencer, torna a comparação mais pesada e severa. Caso o game fosse parte de uma I.P nova e a forma como foi vendido fosse mais transparente, a história poderia ter sido diferente.

Tem suas partes boas, mas não é Metal Gear!

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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