Review | Gotham Knights
Poucos heróis tiveram tanto sucesso nas gerações mais novas de console como o Batman. Com a elogiada franquia Arkham, que possui diversos jogos e spin-offs, o morcegão de Gotham se tornou um dos heróis favoritos dos games. Agora, chega a vez de seus sucessores Asa Noturna, Robin, Capuz Vermelho e Batgirl, os membros da Bat-Família, ganharem os holofotes em Gotham Knights.
Desenvolvido pela WB Games Montreal, a mesma que desenvolveu Arkham Origins (game que merecia muito mais reconhecimento que o recebido), o game traz de volta o universo do Batman aos consoles de nova geração.
“De volta” a Gotham
Apesar de partir de uma premissa que se assemelha muito ao final de Arkham Knight, último game da franquia que termina com a morte do herói, o game é parte de outro universo e isso fica muito claro desde o início ao apresentar uma versão bem diferente da morte de Bruce Wayne vista no outro game. Isso é bem positivo por dar espaço ao game se libertar das amarras de uma franquia de peso como a Arkham e poder criar o seu próprio nome.
Focado nos sucessores de Batman, esses heróis precisam lidar com sua morte e cuidar de sua amada cidade que se depara em um período sombrio com o vácuo deixado pelo alter-ego de Bruce Wayne (Não confundir com a nova série Gotham Knights da CW).
Sangue Novo
Os personagens são bem diversos e carismáticos, o que rende uma dinâmica interessante entre os seus integrantes que conseguem segurar bem a trama. Cada um tem uma particularidade e é possível alterar entre todos os personagens entre as missões. Uma das melhores vantagens em relação à troca, é que o personagem escolhido carrega os pontos ganho por outros personagens ao longo do game, isso favorece a troca ao longo da campanha sem o peso de escolher entre um personagem de nível baixo e um que já conseguiu angariar muitos pontos (falaremos mais desses pontos e progressão posteriormente).
É interessante também a forma como o personagem escolhido se encaixa na trama principal, enquanto todos também contam com momentos narrativos únicos, o que torna a experiência muito melhor quando trocamos de personagem ocasionalmente para termos estes trechos.
Com armas e habilidades próprias, cada personagem incentivará que o jogador execute as missões de formas diferentes. Alguns tem mais agilidade e podem favorecer uma conduta mais furtiva, enquanto outros são cheios de força bruta de modo a facilitar que a coisa parta logo para a porradaria.
Gotham viva como nunca
Uma das coisas que mais se destacam em relação aos games da franquia Arkham é que aqui Gotham está povoada de cidadãos. Nos jogos anteriores havia sempre uma desculpa para que as ruas estivesse desertas e apenas os bandidos transitassem. Não é o caso aqui, já que por toda Gotham é possível se deparar com trânsito e cidadãos que até mesmo reagem à presença dos “vigilantes”.
Todas as missões se passam no período da noite, o que faz sentido que a cidade não esteja tão movimentada como seria durante o dia, mas ainda assim é possível sentir que a cidade está mais viva do que os jogos da franquia anterior.
Cada personagem tem acesso à Bat-Moto, além de formas diferentes de transitar por cima de Gotham. Dessa maneira, é possível experimentar a cidade de ângulos diferentes e observar pontos icônicos apresentados nos quadrinhos e outras mídias em que os heróis da DC figuraram.
Há alguns detalhes bem interessantes também nessa dinâmica de presença mais pública dos heróis, como o fato de nem todos serem a favor dos vigilantes. Policiais podem entrar em combate com os personagens, e apesar de ser possível derrotá-los, estes conflitos não geram recompensas ou experiência.
Elementos de RPG
Gotham Knights também introduz alguns elementos de RPG de uma forma menos tímida que jogos anteriores do Batman. Aqui os combates geram pontos que podem ser trocados por habilidade e itens que podem ser usado para aprimorar ou criar novas armas.
Apesar de jogos anteriores da franquia Arkham contarem com algumas sistemáticas semelhantes, Gotham Knights apresenta mais semelhança ao estilo RPG e consegue fazer disso uma qualidade do game.
Nem tudo são flores
Assim como a cidade, Gotham Knight também tem seu lado sombrio, que está representado por algumas falhas que o jogo tem. Não são coisas que quebram a experiência do jogo, mas não podemos deixar de comentar que algumas coisas soaram estranhas.
Andar por Gotham pode ser complicado por falta de um mapa no hud, apesar de ter linhas no chão indicando o caminho a tomar quando dirigindo a moto, ou poder consultar o mapa no menu. A moto, por sua vez, não causa nenhum impacto ao personagem ou aos carros quando colide (isso quando micro-desvios automáticos não acontecem), o que é conveniente para seguir o rumo sem interrupções, mas que desconecta a gente nesses momentos.
Outra coisa que fez falta foi usar melhor alguns recursos dos consoles novos. Para um game exclusivo para a última geração, era esperado um melhor uso feedback háptico do Dualsense (testamos no Playstation 5) ou menos telas de loading para se beneficiar do SSD destes consoles (o que pode ser melhorado em futuros patches).
Senta que lá vem história
Como não poderia deixar de ser, a história é um dos pontos mais fortes do game. Sem entregar muito, o game traz diversos elementos emblemáticos dos quadrinhos, se inspiram em uma ótima fase das HQs do Batman dos Novos 52 e trazem como antagonista a adorada Corte das Corujas.
A trama vai fundo na mitologia de Gotham, trazendo vários detalhes adicionais para aqueles que gostam de explorar tudo e ler documentos e buscar por easter eggs nas locações. Aqueles que querem imergir no mundo do Batman não se verão decepcionados.
Essa família é muito unida…
Sem dúvidas, uma das maiores qualidades de Gotham Knights é a possibilidade de se jogar em modo co-op. Lutar contra uma horda de inimigos, combinar combos e finalizar missões com um parceiro dão ao jogo um ar de heroísmo que nenhum outro jogo da franquia Arkham conseguiu.
Conclusão
Seja para os saudoso da franquia Arkham, para os fãs do Batman ou para quem curte um bom jogo de aventura, Gotham Knights tem um prato cheio de conteúdo e diversão. Os personagens diversificados oferecem dinamismo para enfrentar de maneiras diferentes as missões e a experiência ainda pode ser muito melhor aproveitada com o modo co-op, que traz outro brilho ao jogo.
Apesar de alguns soluços e de não aproveitar o poder que se esperaria de um jogo exclusivo de última geração, Gotham Knights é um jogo sólido que faz uma estreia muito bonita da família do morcegão nos games depois de aparições tímidas em jogos passados.
Gotham Knights está disponível para PlayStation 5, Xbox Series e PC.
Esta review foi realizada com uma cópia do game para PlayStation 5 cedida pela assessoria da Warner.