Review | Control

Control é o mais novo título da Remedy Entertainment, estúdio responsável pelos jogos Alan Wake e Quantum Break. Diferente de seus últimos títulos, o game foi disponibilizado em todas as plataformas desde o dia 27 de Agosto com a distribuição da 505 Games.

Em Control assumimos o papel de Jesse Faden, uma mulher nada normal que se vê no meio de uma invasão num lugar misterioso chamado de Oldest House. O edifício sobrenatural serve como QG para o Bureau, uma organização governamental que lida com fenômenos inexplicáveis. Por conta da invasão misteriosa, que causa consequências terríveis, Jesse acaba se tornando a Diretora, a líder-mor da organização.

Ao assumir o cargo, que só pode ser preenchido por candidatos aptos e especiais, Jesse toma posse da Arma de Serviço, uma ferramenta poderosa com 5 variações que trazem uma variedade interessante ao gameplay. Ao longo da história nada complexa, mas bastante fragmentada, descobrimos respostas para diversas perguntas que fazemos a nos mesmos ao longo da jornada.

Como mencionei acima, diferente da maioria dos comentários que você vai ler na internet, a história de Control não carrega complexidade consigo. Muito pelo contrário. Ela é bem linear e fácil de ser entendida. O X da questão é a fragmentação da narrativa em diversos lugares. Para você conhecer bem o universo do jogo, seus personagens, objetivos, dispositivos e seres, se prepare para ler e ouvir atentamente muitos itens colecionáveis. No título eles são distribuídos em diversos formatos de multimídia como séries para crianças, fita cassetes, músicas e dossiês. Interaja com cada item com calma e atenção e você com certeza obterá um entendimento profundo e rico em detalhes de tudo relacionado ao jogo. No quesito duração, a Remedy acertou bem a dose, entregando uma história cinematográfica de média duração. Um recurso bem interessante utilizado é o uso de sussurros e conversas da protagonista “consigo” mesma, mecânica vista em outro excelente título chamado de Hellblade.

Jogabilidade

Pode-se dizer que o novo jogo da Remedy é uma versão mais robusta dos títulos prévios do estúdio. Com mecânicas bem similares a Quantum Break e Alan Wake, os veteranos nesses jogos com certeza não terão dificuldades para se situarem no novo título. Para despachar o exército do Ruído, Jesse conta com um arsenal de habilidades especiais e variações de sua Arma, trazendo uma certa diversidade na jogatina.

No quesito habilidades nós temos a Evasão, a Tomada, onde a personagem toma o controle de um inimigo, a Levitação, possibilitando a travessia para lugares até então intransponíveis, o Escudo de Barragem, onde a protagonista utiliza detritos para bloquear os tiros dos inimigos e a principal, o Arremesso, que funciona basicamente da mesma forma que a Força na franquia Star Wars. Apesar da existência de múltiplas habilidades, duas delas, o Escudo e a Tomada, são bem pouco utilizadas, tornando-se portanto inúteis no jogo. Eu apenas utilizei as duas quando recebia Desafios específicos para cada uma delas.

Falando em Desafios, eles existem no jogo no formato de Contramedidas do Conselho. O Conselho, os superiores do Diretor (a), enviam tarefas específicas para a personagem em troca de modificações pessoais ou para as armas. Os desafios consistem basicamente de matar X inimigos usando determinadas habilidades ou armas. Outra tarefa que existe no jogo são os Alertas de Departamento. Esses eventos temporários se tratam basicamente de invasões do Ruído em certos setores da Oldest House. Eu recomendo completa-los assim que aparecerem, afinal, eles fornecem uma quantidade generosa de materiais ao serem completados.

Falando em Materiais, eles são usados para melhorar as variações de Arma do jogo e melhorar a qualidade das modificações. As armas podem ser melhoradas até o Nível 3, permitindo que o jogador encaixe 3 modificações ao invés apenas da primeira inicial. Em relação aos modificadores pessoais e de armas, eles apresentam 5 níveis distintos de qualidade, sendo o nível V o melhor possível. Apesar deste sistema aproximar o jogo de um RPG, o mesmo é extremamente superficial, dando a ideia de ter sido um componente pouco trabalho pelos desenvolvedores.

Progressão

A progressão e exploração de Control funciona de forma similar aos Metroidvanias. Muitas vezes você vai encontrar áreas que ainda não podem ser acessadas por conta da ausência de Chaves de Acesso ou pela falta da habilidade Levitar (que só é conquistada após o meio do jogo). Independente disso, não se desespere, você vai ter diversas chances de voltar aos locais depois. O mapa não é tão grande para causar preocupações e, sendo sincero, muitas dessas áreas trancadas acabam não valendo a pena de serem exploradas. A maioria concede apenas modificações que você possivelmente nem irá utilizar por já ter itens melhores.

O estúdio falhou bastante em criar mecanismos de recompensa melhores para a exploração no jogo. Como se já não bastasse, o mapa de Control é um dos mais confusos que já vi em um jogo. Isso acontece por conta da existência de diferentes níveis em cada setor, gerando uma certa confusão visual no layout do mapa. As vezes o objetivo da missão está abaixo de você e não dá pra entender isso direito até você ir no local e o objetivo ser acionado. Muitas vezes me vi perdido no mapa do game.

Um elemento interessante é a existência de puzzles em algumas missões, demandando uma certa perspicácia por parte de quem joga. O triste é que platinei o jogo e esses enigmas só apareceram duas vezes ao longo da jogatina. Eu inclusive fiz um vídeo para o enigma mais complexo do game, segue abaixo:

Explorar cada sala e área do jogo acaba valendo apenas somente por conta de um único fator: encontrar colecionáveis. Esses itens extras foram muito bem trabalhados pelos devs e adicionam MUITO na lore do jogo.

Problemas

Os jogadores do Playstation 4 receberam um brinde inusitado com o jogo: quedas constantes de FPS que prejudicam bastante a experiência. Isso acontece por conta da grande utilização de efeitos de partículas, gerando um engasgo absurdo na performance. Eu sofri com o problema durante todas as lutas do jogo e até em algumas cutscenes, prejudicando significativamente meu tempo com o game. Até o momento da escrita desta análise o jogo não recebeu nenhum patch de correção.

O outro grande problema de Control é o que citei acima, o mapa extremamente confuso, evidenciando um level design falho por parte da equipe. É muito fácil se confundir no jogo e ficar perdido. O que salva o game neste quesito é a existência de “avisos” indicando qual direção você deve seguir pra chegar em áreas determinadas.

Conclusão

Control é o melhor título já criado pela Remedy. Utilizando todas as mecânicas que deram certo em Alan Wake e Quantum Break, o estúdio conseguiu criar uma obra suprema dentro de sua visão estabelecida, entregando personagens cativantes, uma narrativa inteligente e uma jogabilidade refinada. Como nem tudo são flores, a genialidade do jogo acaba esbarrando em graves problemas técnicos na versão de Playstation 4, graças a quedas rotineiras de FPS. Felizmente, o problema pode ser resolvido com um simples patch de correção, coisa que não deve demorar para chegar ao título.

Este review foi feito com um código do jogo para Playstation 4 cedido pela Bandai Namco.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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