Resenha | Sombra e Ossos – Leigh Bardugo
Nada do que ler pela segunda vez para corrigir opiniões errôneas do passado.
Li Sombra e Ossos pela primeira vez em 2015 e achei a história incrível; pecava somente no romance meloso. Então, com a releitura de 2019, percebi que a minha mente não estava preparada para o que foi mostrado.
O livro de estreia da trilogia Grisha, escrita por Leigh Bardugo e publicada no Brasil pela editora Gutenberg, traz em primeira pessoa a história de Alina Starkov, a órfã de guerra que se tornou servente do Rei, dedicando seu dom para desenho na área da cartografia.
No mundo de Sombra e Ossos, o reino de Ravka (inspirado na Rússia) foi dividido pela conhecida Dobra das Sombras, uma área imersa ocupada por criaturas mortais e sedentas. Humanos e Grishas coexistem em segurança, sendo os Grishas criaturas detentoras de poderes como manipulação dos elementos e conjuração. Visando um exército de Grishas capaz de travessias seguras pela Dobra, o Rei ordena teste nas crianças, para aqueles com poder detectado sejam devidamente treinados no Pequeno Palácio.
Alina foi considerada humana, mas, anos depois, após ser designada para atravessar a Dobra, descobre ser não apenas uma Grisha, mas a própria Conjuradora do Sol, a criatura com poder igualado somente ao do Darkling (poderoso, teoricamente seu nível de poder está acima de todos os outros Grishas e abaixo somente do rei)
Bardugo criou uma ordem de criaturas bem trabalhada, de modo a tornar a existência dos Grishas quase real. É difícil negar a magia quando se dita de forma tão brilhante. Além da escrita impecável e da construção de mundo exemplar, as personagens naturais e humanas mantêm o ritmo de leitura rápido.
Alina consegue ser inocente e insegura ao passo que tenta ser divertida, ajudando o leitor na hora de acompanha-la. Descobrir ser a Conjuradora do Sol transforma sua vida completamente, lhe dando privilégios dos quais nunca imaginou. É interessante observar criação, princípios e novidades entrando em conflito, apesar de Alina se manter firme em praticamente tudo que sempre acreditou. Seu amor pelo melhor amigo, Maly, foi o que me fez desgostar um pouco do livro na primeira lida. Agora, porém, eu vejo apenas como um verdadeiro sentimento é capaz de riscos e sacrifícios.
O romance do livro começa com um possível triangulo amoroso, nada que atrapalhe o desenvolvimento ou faça os personagens supérfluos. Contudo, o fim desse triangulo é o pontapé da história, abandonando a teoria do universo mágico para enfim entrar na prática. Cheio de mistério, mentiras e reviravolta, possui gás suficiente para sustentar o final curioso.
Sombra e Ossos é uma leitura plausível do início ao fim e você, com certeza, vai pedir por mais. De antemão posso garantir que a sequência supera as expectativas.