Resenha | Confesse – Colleen Hoover

Em meu segundo livro lido da Colleen Hoover, ainda não sei exatamente nomear a razão, mas, sem dúvidas, é quase impossível parar de ler. Depois da primeira experiência (tem resenha aqui), precisei buscar opiniões na internet para decidir se valia a pena dar novas chances. Conclui que não encontraria nada inédito, porém, também percebi o potencial de leituras rápidas que ajudariam a fugir da ressaca literária.

E cá estou eu para falar de Confesse, mais uma narrativa romântica com características bastante norte-americanas e personagens convencionais.

Colleen Hoover

Auburn é recém chegada na cidade e precisa de emprego extra para conseguir bancar a vida e conseguir resolver um problema do passado. A oportunidade surge no que parece ser uma galeria de arte, cujo responsável, Owen, constrói suas telas a partir de confissões deixadas em escrito por desconhecidos. Mas o que Auburn não sabe, tampouco o leitor, é que o caminho dos dois já foi cruzado, e desse instante, verdades foram criadas, tão severas quanto as confissões mais secretas.

Mais uma vez estamos diante de um New Adult, com jovens protagonizando dramas familiares e um romance complicado. Vez ou outra eles demonstram muita maturidade, consequência dos eventos vivenciados ainda novos. São cenários que parecem impossíveis para o leitor, então é hora de se agarrar ao fato de que estamos consumindo uma ficção.

Hoover segue sua fórmula registrada, regando os capítulos com pequenas informações do passado, alimentando a rede de segredos do atual momento. Simultaneamente, Auburn e Owen precisam fazer sacrifícios entre eles em prol de objetivos particulares. As reviravoltas surgem pontualmente, uma carga de energia que pulsa entre os capítulos.

O romance é leve e dinâmico, e a revelação final faz com que tenha valido a pena toda a torcida. Novamente, ouso creditar a rápida conclusão dessa trama ao estilo de escrita objetivo. Por outro lado, não ignoro os problemas que notifico: a romantização do abuso (visto em O Lado Feio do Amor) e a ausência de representatividade, como se a sociedade a qual as personagens estão inseridas não existisse nada além do padrão branco privilegiado.

À medida que as peças sobre passado e presente vão se encaixando, a expectativa para o desfecho se torna uma necessidade pulsante. Mentiras serão reveladas, mas alguns segredos podem ficar melhor se estiverem guardados no túmulo. Por fim, é um bom livro, recomendável para aquela ocasião em que estamos saturados de tramas complexas e a cabeça precisa de um alívio.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.