Crítica | Pokémon: Detetive Pikachu

Tenho 30 e poucos anos. Fui criança e adolescente nos anos 90. Cresci consumindo e curtindo muita coisa de cultura pop, especialmente video games e desenhos animados (incluindo animes, na época chamados apenas de ‘desenhos japoneses’). Pokémon encaixa-se nestas duas últimas categorias, afinal, virou anime depois de fazer sucesso nos games.

Contudo, diferentemente de praticamente todos os meus amigos, por alguma razão eu não acompanhei Pokémon. Nada. Nunca havia jogado um jogo sequer ou assistido a um episódio do anime. E quando entrei na fase adulta, sempre fiquei deslocado quando o assunto era esse.

Pra não dizer que não sabia absolutamente nada a respeito, eu conhecia o Pikachu e mais uns outros dois ou três personagens que apareceram em outras histórias e jogos (como Super Smash Bros.) e, obviamente, tentei jogar Pokémon Go! quando este virou febre e 9 entre 10 celulares tinham o jogo de realidade aumentada instalado. Desisti de jogar com duas semanas, no entanto.

Assim sendo, quando vi o trailer de Detetive Pikachu imaginei que essa seria a minha oportunidade de conhecer esses personagens e essa história que tanto encanta por gerações. O trailer foi bem divertido e a história parecia ser bem diferente daquelas que o anime ou mesmo os jogos contavam. Aparentemente seria perfeito para quem nunca acompanhou nada disso.

A verdade, no entanto, não é bem essa. O filme é, sim, bem divertido e dá para ser acompanhado por quem não conhece nada dos bichinhos ou de suas aventuras. Porém, quem já é familiar a esse universo, vai aproveitar muito mais, enquanto os ‘novatos’ vão apenas assistir a uma história legalzinha e com efeitos visuais bonitos.

Aliás, se for para destacar um ponto alto no longa, esse sem dúvida é o trabalho da equipe de efeitos visuais. Está lindo! A interação entre computação gráfica e seres humanos e cenários reais está absolutamente perfeita. Suave, natural. Você realmente acredita que aqueles itens (que não são apenas os Pokémons) estão ali, e não foram inseridos depois. É impressionante mesmo para quem está acostumado com isso.

O roteiro é bem clichê a maior parte do tempo e pode perder a atenção daqueles que não são fãs da franquia por algumas vezes. Talvez até de quem é fã, desde que já tenha visto filmes, desenhos e séries demais. Mas, ora, em teoria, o público alvo não é esse. E por sinal, também não é exatamente as crianças. A classificação etária é 12 anos e há algumas piadas que não deveriam ser compreendidas pelos pequenos. Nada chocante, mas que lembra que a ideia é cativar esse público pré-adolescente e teen.

Mesmo assim todos podem ser surpreendidos pelo plot twist e clímax da história que não são assim tão óbvios e traz uma boa sequência de ação final.

No mais, mesmo que eu não tenha pegado todas as referências e easter eggs, aqueles que conhecem bem a franquia, tenho certeza que vão curtir nesse sentido. Há bastante humor, apesar de eu ter achado que forçaram uma dublagem exageradamente piadista com gírias não naturais para o Pikachu (originalmente dublado por Ryan Reynolds). A cena com Mr. Mime é bem divertida. Justice Smith, o protagonista humano, é bem convincente em todas as emoções que lhe são exigidas além de ser carismático.

Detetive Pikachu é um filme que peca um pouco no que diz respeito a apresentar pela primeira vez uma versão live action de uma já consagrada franquia, perdendo a oportunidade de ganhar ainda mais com um novo público. Contudo, deve ser do agrado da maioria daqueles que são fãs da franquia (algo raro para nossos dias). Há drama, comédia e ação (um pouco menos do que poderia, talvez). Vale a pena levar seus primos e sobrinhos pré-adolescentes e mesmo que você não seja ‘capturado’ pelo filme no todo, vai certamente ficar impressionado com os efeitos visuais.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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