Crítica | Outer Banks – 1ª Temporada (Netflix)

Quem é da época de sessão da tarde com filmes de mistério e aventura envolvendo a busca por um grande tesouro vai adorar sentir a atmosfera da nova série Netflix, Outer Banks (leva o nome do conjunto de ilhas na Carolina do Norte), criada por Josh Pate e Shannon Burke. Mas, apesar da nostalgia, a produção se torna mais densa com o surgimento de crimes que ameaçam a tranquilidade do local.

John B. (vivido por Chase Stokes) é órfão e vive sob a custódia do tio ausente. Seu pai desapareceu na tentativa de encontrar o tesouro que afundou junto com o navio Royal Merchant em 1829, referente a R$ 400 milhões em ouro britânico. Enquanto cria desculpas para fugir do Conselho Tutelar, por acreditar que o pai ainda está vivo, John B. passa a maior parte do tempo se divertindo com os três melhores amigos.

JJ (Rudy Pankow), filho de um pai abusivo, é de longe o personagem mais desenvolvido, mascarando sua dor e os medos com humor e escolhas irresponsáveis. Pope (Jonathan Daviss) é extremamente inteligente e ganhou uma bolsa para a faculdade, sua lealdade aos amigos ameaça colocar a vaga em risco. Esses moradores do lado desafortunado da ilha são conhecidos como “Pogues”, mas Kiara (Madison Bailey), mesmo sendo filha de pais ricos, integra o quarteto, protagonizando diálogos sobre conscientização e justiça.

Juntos, os Pogues encontram um barco afundado e, dentro dele, a bússola que pertenceu ao pai de John B. Ainda mais convencido de que ele está vivo em algum lugar, o garoto dá início a uma corrida perigosa sobre o paradeiro do navio Royal, procurando seguir os passos do pai. Tal decisão atrai atenção de desconhecidos armados, abordagem da polícia e perguntas incisivas de homens poderosos.

Para liderar a corrida, John B. aceita a ajuda de Sarah Cameron (Madelyn Cline), membro de família rica e, por isso, integra o lado da ilha chamado de “Kooks”. Ao nomear e separar os grupos, Outer Banks beira roteiros sobre facções e códigos de honra, indo de encontro a fotografia de tons quentes.

Os dez episódios têm um ritmo acelerado e a dinâmica entre os personagens colabora para construir a atmosfera humorada e leve, apesar de estarmos lidando com bandidos em busca do ouro e, consequentemente, em busca das informações adquiridas pelo grupo de adolescentes. O conjunto de cenas percorre a ilha do lado pobre ao afortunado, alimentado por ação, mistério e a ansiedade por mais pistas.

Boa parte da trama foca na aventura de jovens sonhadores e corajosos o suficiente para criar uma rede de mentiras e enganação. O tesouro é, sem dúvida, o objetivo principal tanto dos Pogues quanto para o verdadeiro inimigo, alguém que transforma inocência e medos em arma. Contudo, os últimos instantes imergem nas consequências, modificando a atmosfera para ação policial e busca por sobrevivência. É o momento onde justiça caminha por uma corda bamba e relacionamentos são postos à prova.

Outer Banks consegue surpreender durante todo o período por se manter firme no objetivo, indo além de uma trama para filmes vespertinos e desenvolvendo personagens bem construídos e roteiro linear que nos leva a um desfecho angustiante e chocante. A segunda temporada é uma possiblidade, graças ao final em aberto. Se continuarem cumprindo as promessas, fará valer a pena o tempo de seus telespectadores.

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