Capacitor Entrevista | Rebeca Victória Rocha, escritora do livro Otupia

No próximo domingo, dia 18 de agosto, acontece em Salvador o lançamento do livro Otupia – Quando o Silêncio Formou Voz.

E para informar nosso leitores sobre essa obra, tivemos o prazer de entrevista a autora da história, Rebeca Victória Rocha.

Rebeca Victória Rocha

Confiram abaixo o nosso bate papo.

O Capacitor – Bom, para começarmos que tal falar um pouco de você. Quem é Rebeca Victória Rocha?

R.R. – Eu costumo saber exatamente o que escrever para os outros, eu escrevo muito sobre eles. Quando renovo meus votos olhando para mim, acabo não achando terço – um terço do terço que poderia dizer. Entrando em contato com toda a minha história, acabo caindo no abismo de descrever o inato, por isso, não sei o que escrever aqui, não sei o que escrever sobre quem escreveu tanto para vocês. Tenho 21 anos, nasci, cresci e vivo em Salvador, na Bahia. Há aproximadamente 7 anos comecei a perceber a importância do processo de escrita na minha vida de forma muito íntima e convicta.

O Capacitor – Acho que a pergunta que todo mundo tem vontade de fazer a uma escritora é: como surgiu o hábito da escrita? Teve alguma influência?

R.R. – Meu hábito de escrita teve a influência inicial da minha mãe, ela costumava ler os rótulos dos produtos enquanto estava no banheiro e eu comecei a fazer o mesmo, até começar a pedir os quadrinhos do meu irmão e, só na 7 ª série do ensino fundamental, comecei a ler livros maiores e querer escrever com mais frequência. A Laura Alves, minha professora de língua portuguesa, fez, em um certo dia, uma oficina literária e, desde então, acabei me apaixonando pelo processo de escrita e aqui estou.

O Capacitor –  Como é conciliar o processo de escrita à outras áreas de sua vida, como o trabalho, a vida pessoal, o tempo com os amigos?

R.R. – Bem, costumo encarar como uma experiência muito prazerosa, apesar de nem sempre ser. Acordo muito cedo para ir trabalhar e no caminho, no transporte público, ouço muitas histórias e as observo atentamente. Sempre estou com caneta e papel em mãos, muitas vezes, o texto começa no caminho do trabalho ou no trajeto de casa, sempre existe um tempo, mesmo que curto, para tentar  começar uma história.

O Capacitor – Como foi a recepção de sua família quando você revelou que estava escrevendo um livro?

R.R. – Minha família só soube do livro este mês. Durante todo processo ninguém sabia, isto acabou sendo mais uma surpresa, não havia planejado contar antes de estar tudo pronto e, finalmente, agora eles sabem e foi um misto de surpresa e curiosidade.

O Capacitor – Quais são as principais dificuldades que você encontra enquanto escritora?

R.R. – A primeira dificuldade foi, sem dúvida, aprender a expor meus escritos. Quando você escreve, sobretudo, para você, é um processo difícil aprender a compartilhar. Entretanto, atualmente, venho me sentindo confortável com os processos dos meus escritos.

O Capacitor – Infelizmente, no Brasil, ainda existe muita resistência acerca da leitura, em especial, em relação ao acesso aos livros pelos mais jovens. Como você enxerga isso? Tem interferência em seu trabalho?

R.R. – Acredito que a mercantilização da literatura é algo que enfraquece o processo de leitura pela apreciação e prazer. Quando estamos na posição de jovens, muitas vezes, nos oferecem livros que não são interessantes, não tratam de autores que gostamos, é um processo literário forçado, às vezes, achamos que todos os livros se passam em um tempo passado e nada nos é interessante.

O Capacitor – Falando um pouco sobre o seu livro, Otupia. Você poderia nos falar um pouco dele? Quando será lançado?  (diz também onde ele pode ser comprado)

R.R. – Costumo dizer que otupia não é apenas um livro, nunca foi. Foi o grito do silêncio encapsulado, sendo transformado em voz, em ritmo pulsante. Otupia foi a transformação do nulo, do corpo vazio, em verso: submersível. Nos versos que compõem otupia – quando o silêncio formou voz, acabo por encontrar uma ambição extraviada no silêncio, intercalando verso e prosa, combinando a escrita contemporânea com a expressividade do texto poético. Quando penso no meu primeiro livro, sinto uma exploração do amor embriagada na estranheza do seu parto, até o desprazer do seu partir. É um livro composto por poemas e ilustrações, verso por verso, sendo transbordado na excrecência do ser. O livro é dividido em três capítulos, desvendando o amor e a liberdade de estar em meio à sua própria presença. O livro será lançado no dia 18 de agosto, na cafeteria Seven Wonders – Café do Ondina Apart Hotel, às 16 horas. Após o lançamento o livro poderá ser adquirido através do meu instagram: @rebecaav

O Capacitor – Conte para gente como foi o processo do Otupia. Sabemos que para além da escrita o livro passa por editoração, diagramação.

R.R. – O livro, por ser uma produção independente, contou com uma processo ainda maior em relação ao trabalho e cuidado. Durante o processo, precisei aprender sobre diagramação, edição e projeto gráfico, nunca havia trabalhado com nada parecido, mas também, nunca havia escrito um livro, então acho que foi tudo muito novo pra mim.

O Capacitor – Além de escritora, você também é poeta e ilustradora. Como é o processo de ilustração de um livro?

R.R. – Costumo pensar que a ilustração é, também, um processo poético. Durante todo esse percurso, ilustrar foi um acalento maior aos meus versos, então foi tudo muito coeso.

O Capacitor – Sabemos que recentemente você foi a ilustradora dos marcadores dos livros Nua e outros poemas e do Sob o Signo de Helena. Como é essa relação com os outros escritores?

R.R. – O Elder Malaquias, escritor de “sob o signo de helena” é meu amigo. Pude fazer a arte do marcador de páginas do livro dele, assim como da Dayane Tosta, uma das minha melhores amigas e, sobretudo, uma excelente escritora. Nunca, até então, havia trabalhado com projeto gráfico de marcadores de páginas, mas acabei fazendo mais dois projetos após o deles, foi um prazer participar de perto do sonho de pessoas tão importantes, assim como ambos participam do meu.

O Capacitor – Entrando um pouco no campo da publicação, um dos principais debates da atualidade é acerca da expansão dos ebooks. Como você vê essa nova tendência da atualidade? As tecnologias têm sido facilitadoras no processo de criação da escrita?

R.R. – Acredito que as tecnologias e todo processo de globalização acabam por difundir os processos de criação, assim como os criadores. Entretanto, como Milton Santos pontua muito bem, a perversidade da globalização está entrelaçada com o desenvolvimento e difusão da mesma. No caso dos ebooks, acabo por sentir que muitas pessoas ainda acreditam mais no toque do papel, na gramatura, no cheiro de livro novo. Os ebooks estão crescendo muito, mas o mercado ainda, ao meu ver, não alcança o livro físico. Eu, particularmente, não sou time ebook. Não gosto da distância que ocorre entre mim e o autor, onde uma tela toma conta das rédeas.

O Capacitor –  Por fim, gostaríamos de saber o que você poderia dizer para a galera que está começando agora e tem o sonho de publicar seu próprio livro.  

R.R. – Escrever é a porta do encontro da alma, cada palavras abre uma porta de nós mesmos. Não deixem que alguém tome conta da chave do seu ser: seja!

Sinopse:

Segundo a autora: Otupia foi o grito do meu silêncio, o som da minha voz, o ritmo do meu pulso. Por muito tempo, me coloquei em posição de inércia para ser o pouco que todos enxergavam como ideal o pouco foi se tornando tão nulo que já não era nada além de corpo, vazio.
Eu não tenho a utopia como meta, mas eu tenho Otupia como arte, assimétrico, formando-se com o tempo que se é necessário, construindo aos poucos tudo aquilo que ninguém acredita. Otupia é real e eu tenho em mãos, em um livro, o meu livro.

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