Capacitor Entrevista | Elder dos Santos, escritor do livro Sob o Signo de Helena

Hoje, 25 de Julho, é comemorado no Brasil o dia nacional do escritor. Data instituída em 1960 pela União Brasileira de Escritores, em decorrência da realização do I Festival do Escritor Brasileiro.

Para comemorar essa importante data, nós do Capacitor, entrevistamos o escritor Elder Malaquias dos Santos, autor da obra Sob o Signo de Helena. Confiram abaixo o nosso bate papo:

Capacitor – Bom, para começarmos que tal falar um pouco de você. Quem é Elder Malaquias dos Santos?

E.S. – Eu sou “apenas um rapaz latino-americano”. Homem negro, nascido em Salvador, mas criado em Simões Filho, estudei em escola publica praticamente toda a vida e tenho apenas 25 anos. Sou filho de professora e operário. Hoje sou/estou advogado, consultor de investimentos e muitas outras coisas. Sou formado em Direito pela Unijorge e sou pós-graduando em direito Tributário pela Faculdade Baiana de Direito.

Sou um leitor tardio mesmo convivendo a vida toda com livros ao meu redor. Comecei a escrever, creio que com 15 anos, uma ou outra poesia. Com 17 comecei a escrever pequenos contos. 

Capacitor – Acho que a pergunta que todo mundo tem vontade de fazer a um escritor é: como surgiu o hábito da escrita? Teve alguma influência?

E.S. – O hábito em si até hoje não surgiu, gosto de dizer como disse certa vez Rubem Braga que “escrevo de palpite como quem toca um instrumento de ouvido”. Nunca tive forma ou hora para escrever, inclusive é muito comum me flagrar escrevendo poemas e pequenas histórias de amor em guardanapos. Entretanto, posso afirmar que após os 17 anos comecei a escrever com mais assiduidade, chegando a média de um conto por semana.

Tive um blog chamado amoremescrita, que hoje foi substituído pela minha página no Médium Brasil, onde publicava essas escritas.

Fui muito influenciado pelos mais diversos escritores de quem os livros passaram na minha mão, mas dentre eles gostaria de listar esses: Gabriel Garcia Marquez, José Saramago, Rubem Braga, Rubem Fonseca, Rachel de Queiroz, Antônio Maria, Nelson Rodrigues e John Williams.

Capacitor – Como é conciliar o processo de escrita à outras áreas de sua vida, como o trabalho, a vida pessoal, o tempo com os amigos?

E.S. – Então, não tenho um tempo organizado e exclusivo para a escrita — pensando bem, mesmo que tivesse não iria funcionar—, sendo assim os meus amigos, meio que já se acostumaram a me ver compondo na frente deles e não se importam mais.

Em relação a vida profissional não vejo necessidade de se ter uma conciliação, pois entre uma tarefa e outra, no transito para algum lugar, sempre aparece um jeitinho de escrever ou até gravar uma ideia em um grande áudio de Whatsapp em um grupo de amigos.

Capacitor – Como foi a recepção de sua família quando você revelou que estava escrevendo um livro?

E.S. – Minha mãe acompanhou desde o inicio e foi a primeira leitora dos rascunhos, o restante da família só ficou sabendo quando o livro já estava impresso e todos ficaram bem contentes e orgulhosos.

Capacitor – Quais são as principais dificuldades que você encontra enquanto escritor?

E.S. – Por ser escritor independente todo processo de publicação e venda é bem complicado e custoso. Creio que o custo seja um fator que complique bastante. 

Capacitor – Infelizmente, no Brasil, ainda existe muita resistência acerca da leitura, em especial, em relação ao acesso aos livros pelos mais jovens. Como você enxerga isso? Tem interferência em seu trabalho?

E.S. – Enxergo com um olhar de preocupação. A leitura em si abre portas e novos universos para o leitor e a juventude que se encontra hoje distante da leitura de alguma forma se priva desse novo vasto mundo. Por outro lado, tenho visto e acompanhado através das redes sociais o surgimento de muitos influencers digitais, principalmente no instagram que é uma plataforma que agrega todo os tipos de públicos.

Gosto de pensar que aos poucos vamos mudando a realidade acerca da leitura no tocante aos mais jovens, aos poucos e no tempo deles com o incentivo certo e direcionado dos familiares, professores e até mesmo autores através de projetos sociais, mesas redondas, palestras e parcerias, nós vamos mudando essa realidade. 

Capacitor – No último sábado (6) tivemos o lançamento do seu livro, Sob o Signo de Helena. Você poderia nos falar um pouco dele? (diz também onde ele pode ser comprado)

E.S. – “Sob o signo de Helena” é o meu primeiro livro e consequentemente o meu primeiro romance. Gosto de pensar que consegui escrever em um semestre três histórias de amor dentro de uma só. A história tem como personagens principais um casal negro que se conhece através de um encontro às cegas, armado por uma amiga em comum e do desenvolver da relação deles, outras relações ulteriores e posteriores vão surgindo e sendo contadas.  O livro tem uma surpresa imensa no final e uma parte entre o meio e o fim que costuma emocionar bastante os leitores.

É uma história que me apaixonei por ela enquanto a escrevia. O livro pode ser comprado diretamente comigo, através do meu instragam @eldermalaquias. O leitor ganha um livro autografado, com marcador que teve sua arte feita pela poeta e ilustradora Rebeca Victória (@rebecaav) e um mimo literário especial. Tem também alguns exemplares à venda na livraria Porto dos Livros em Salvador e na Amazon.com no formato de ebook.

Capacitor – Conte para gente como foi o processo do Sob o Signo de Helena. Sabemos que para além da escrita o livro passa por editoração, diagramação.

E.S. – A ideia do livro surgiu a partir de uma amiga (@joanamutti) que após ler um conto de três páginas que tinha escrito sugeriu que tentasse desenvolver o enredo até formar um capitulo. De capitulo em capitulo o livro foi ganhando forma e hoje está no mundo. Confesso que muitas vezes pensei em parar na metade, que não conseguia desenvolver o enredo e isso me frustrava bastante, mas com o tempo a história foi vindo como o vento e só fiz sem auto pressão pô-la no papel.

A editoração e diagramação ficou por conta da editora Vecchio.

 Capacitor – Seu livro é um romance digno dos contos de fadas. Quem é a Helena da vida real? O que te inspirou para trazer uma história cheia de magia que se passa no cotidiano?

E.S. – Não diria contos de fadas, uma vez que toda história é baseada em pessoas e histórias reais.

Quem é Helena? Essa é a pergunta que mais escuto no dia a dia, mas infelizmente não posso revelar em quem a personagem é inspirada, entretanto, deixo registrado que são duas irmãs mineiras.

O que me inspirou em trazer essa história foi a necessidade de contá-la, de fazê-la pública e disponível a quem tivesse interesse. Uma vontade que tinha que ser saciada e foi.

Capacitor – Sei que ainda é tudo muito recente, seu livro foi recém-lançado. Mas, você tem planos para outros projetos?

E.S. – Tenho sim, inclusive já estou escrevendo o segundo romance, que não será continuação do primeiro. Pretendo ainda me aventurar por outros gêneros, talvez, escrever um livro de poesias ou outro só de contos. Não sei, há infinitas possibilidades para se explorar.

Capacitor – Entrando um pouco no campo da publicação, um dos principais debates da atualidade é acerca da expansão dos ebooks. Como você vê essa nova tendência da atualidade? As tecnologias têm sido facilitadoras no processo de criação da escrita?

E.S. – Vejo como uma ótima tendência. O livro físico não será substituído, não há razão para temer isso. Já a forma de publicação em ebooks é uma forma do autor se auto publicar ( no caso da Amazon, que é a única que uso) sem custo algum por isso. Creio que essa possibilidade vem para ajudar todos aqueles que querem escrever e vê seu livro publicado. 

Capacitor –  Por fim, gostaríamos de agradecer pela atenção e pela disponibilidade. Deixamos aqui esse espaço em aberto caso você queira acrescentar algo mais.

E.S. – Só tenho a agradecer o espaço e disponibilidade. 

Sinopse:

Um encontro às cegas em plena Salvador – BA, agendado por uma amiga em comum, é o pontapé inicial para uma história de amor que muda totalmente o rumo da vida do casal e afeta direta e indiretamente a de todas as pessoas ao redor. Baseado em histórias e pessoas reais, Sob o signo de Helena traz o registro de amores possíveis e vivíveis.