Shinobi Spirit | A cultura pop e os Centennials

Há uns 20 anos, o termo geek, caso já existisse, era pouquíssimo conhecido e certamente não traria uma conotação exatamente positiva. Bem como nerd era sinônimo de piada. Dessa forma, se você fosse um adolescente ou jovem adulto que curtisse (muito, a ponto de consumir com frequência) artigos como games, rpg e quadrinhos, você seria o esquisito da turma. Quase sempre esse traço na personalidade era escondido ou pelo menos não era algo para ser exposto com orgulho e que merecesse ser celebrado com outros em um grande evento.

Felizmente, não apenas o mundo mudou bastante em relação à tolerância e respeito ao que é considerado ‘diferente’, como também se tornou popular esse gosto por tais artigos. Tanto, que esse nicho hoje é mais conhecido como Cultura Pop. E tal nicho cresceu e evoluiu tanto que aqui estamos, nós que escrevemos nesse site e vocês que nos lêem e acompanham, ‘conversando’ sobre cultura pop em suas mais diversas ramificações.

Os maiores responsáveis por esse boom e difusão da cultura pop (e por que não, da tolerância em si), são aqueles nascidos entre o início da década de 80 e fim dos anos 90, ou, como são mais conhecidos, os Millennials.

Contudo, esse poder já não está mais tanto nas nossas mãos. Estamos passando por um momento de transição onde não apenas o consumo e difusão da cultura pop deixa de ser exclusividade dos Millennials e passa para a geração seguinte, os Centennials. Nascidos após os anos 2000, essa geração já nasceu sabendo que ser nerd/geek é cool, e não tem a menor vergonha de mostrar isso, pelo contrário, faz questão de viver a experiência e contar a todos, afinal, isso também é uma das melhores formas de socializar (possivelmente a única para muitos deles).

Nos dias atuais, há muitos eventos nas grandes cidades voltados para esse público. Até mesmo porque, é um grande gerador de lucro, já que este público consome bastante. Em Curitiba, por exemplo, no último fim de semana (6 e 7 de Outubro), aconteceu o evento Shinobi Spirit.

O evento é um grande encontro de consumidores de cultura pop em geral, mas em especial, dos amantes de anime e mangá bem como de kpop. O que já de cara mostra uma tendência para essa nova geração: a cultura asiática. Se a geração anterior mal sabia qualquer coisa a respeito da Coréia do Sul, a de hoje tem uma relação com os inúmeros grupos tal qual nos anos 80 havia com os Menudos e os roqueiros rebeldes ou glam (e por que não, o Balão Mágico!), e nos anos 90 eram os Backstreet Boys, Spice Girls e outras boy bands.

Há espaço para todo mundo, todos os sub-grupos. Há os gamers, os kpoppers, os amantes de mangá e animes, aqueles que gostam de todos esses juntos… Mas quem domina mesmo a cena são os cosplayers. A impressão é que é quase obrigatório estar vestido em homenagem a algum personagem. Há quem capriche e até participe dos concursos, mas também há quem apenas queira aproveitar a oportunidade de ‘ser’ aquele personagem que tanto se admira por algumas horas.

O público alvo do evento deve ter em média 15 ou 16 anos. Assim sendo, é inevitável que os hormônios estejam inflados e paire um clima de pegação. Talvez, essa seja também uma forma de conseguir se expressar nesse sentido. Muito pelo fato de que a maioria ali talvez seja antissocial e/ou extremamente tímidos fora de ambientes como este. A maior (ou única) oportunidade de esterem em contato apenas com pessoas com mesmos interesses e sem se preocupar com certas convenções sociais. Não a toa, dezenas dos frequentadores carregam plaquinhas com mensagens como “Abraços grátis” ou por vezes mais incisivas como “Por favor, fique com meu amigo ->”.

Apesar das aparentes diferenças de eventos como esse em relação aos que os Millennials  frequentavam/organizavam, no fim das contas, é apenas uma evolução. Está tudo lá, só que com detalhes diferentes. A música, os cosplays, os estandes para comprar acessórios, os workshops, os campeonatos… Nada mudou de verdade, e isso é bom. A cultura pop continua viva e se reinventando. E pelo jeito, vai continuar o fazendo por mais gerações.

Fique agora com uma galeria de imagens do evento:

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Thiago Amaral

Geek inveterado e consumidor assíduo e voraz de cultura pop. Enquanto não está lutando com a Aliança Rebelde, dá aulas de Inglês. Curte Marvel & DC. Retro Gamer. Conhecido no underground como Pai da Alice.

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