Review | Wanted: Dead

Faz um tempo desde que a franquia Ninja Gaiden perambulava pela indústria. Conhecida pelo seu nível elevadíssimo de dificuldade e quantidades absurdas de sangue na tela, a saga deixou saudades. Avançamos para o começo de Fevereiro de 2023 e, bom, algumas das mentes envolvidas em Ninja Gaiden tentaram abocanhar a lacuna deixada pelo franquia com Wanted: Dead, um jogo desenvolvido pela Soleil Games e publicado pela 110 Industries. A pergunta é: o jogo vale seu tempo e dinheiro? Vem comigo em mais um review da Desconto em Games para ter sua resposta!

Um pouco de história na confusão…

Já em seu começo sem pé nem cabeça Wanted: Dead entrega o óbvio: a produção não contou com um orçamento alto. A protagonista, Tenente Stone, tem uma dublagem de voz terrível. Enfiaram o sotaque canastrão dos russos falando inglês e o resultado é o pior possível. Boa parte das cenas de história não possuem lipsync, a fonte escolhida para os textos é péssima e os diálogos são sofríveis.

Cutscenes e fonte da legenda são péssimas (Fonte: Ruancarlo Silva)

O pano de fundo é até interessante. O jogo flerta com geopolítica e corporativismo, mas logo deixa a narrativa de lado para dar foco na ação desenfreada. O título conta com 5 fases ao todo e dezenas de colecionáveis que não acrescentam praticamente nada à experiência.

Estimo que uma jogada leve cerca de 6 a 8 horas, dependendo fortemente da habilidade de quem joga. Mesmo na dificuldade Normal, a mais baixa, o jogo é extremamente punitivo e muitos inimigos comuns podem eliminar a protagonista com apenas 2 golpes.

Espada sem fio

Em todo o seu percurso promocional, Wanted: Dead não escondia que apostava todas suas fichas no combate frenético e sangrento. A parte sangrenta existe. Podemos cortar inimigos no meio, cortar seus braços, suas pernas e explodir suas cabeças. O problema é que após tantos exemplares de excelência, como Sifu e Sekiro: Shadows Die Twice, fica impossível aceitar projetos feitos de “qualquer jeito”, mesmo levando o baixo orçamento em consideração.

O erro letal do jogo foi tentar entregar demais. Temos um combate a curta distância, usando uma Katana e combates a longa distância usando armas de fogo. Essas armas podem ter suas partes alternadas, mudando status de precisão, dano, capacidade de munição e por ai vai. O jogo acaba pecando no excesso por não fazer bem nenhuma das duas coisas. Despedaçar os inimigos é divertido nos primeiros 10 minutos, depois o jogo basicamente se resume em andar por corredores esmagando botões até chegar no chefe e concluir a fase. Por falar em chefes, bom, não consigo lembrar de um game com boss fights tão ruins como nesse aqui.

Customização de armas até que foi uma surpresa (Fonte: Ruancarlo Silva)

A dificuldade punitiva foi construída de maneira superficial, com inimigos com um hit box falho conseguindo eliminar a protagonista com 2-3 golpes. O sistema de Parry não possui uma responsividade adequada, demandando que os jogadores recorram mais à esquiva para prolongar sua sobrevivência. Por falar em sobrevivência, Wanted: Dead recompensa a agressividade. Golpear inimigos permite que a Tenente Stone recupe sua vida. Também temos medkits e granadas que ajudam a lidar com grandes hordas de inimigos. O sistema de finalização, que rende abates memoráveis, se faz presente. A variedade de finalizações me surpreendeu, mas, reforço: o sistema atrai apenas nos 30 minutos iniciais, depois se torna incrivelmente repetitivo.

Uma das piores lutas contra chefe que já vi num jogo (Fonte: Ruancarlo Silva)

Eliminar inimigos concedem pontos que podem ser usados para aprender novas habilidades na Skill Tree. Temos 3 categorias ao todo: Ataque, Defesa e Utilitários. As habilidades são básicas, mas concedem bônus interessantes e habilidades que ajudam a despachar as hordas de soldados de maneira mais veloz. No menu, podemos acessar minigames que são a parte mais divertida de todo o jogo!

Um caos técnico

Visualmente, Wanted: Dead lembra o início da geração de PlayStation 4. Logo, seus visuais não são nada impressivos. Apesar de estar rodando o jogo em um PS5, tive diversas quedas de frames (principalmente durante as cutscenes). Também presenciei dois crashes. Vale destacar que joguei o game com um elevado grau de antecedência e isso com certeza afetou no que diz respeito a performance. São problemas que podem ser facilmente resolvidos com um patch. A trilha sonora é um tanto esquecível e garanto que você mal vai notar a mesma durante a jogatina, imagine se lembrar dela após fechar o jogo.

Visuais deixam a desejar (Fonte: Ruancarlo Silva)

Wanted: Dead – Passe Longe!

Infelizmente eu não consigo me lembrar de jogar algo tão ruim nos últimos 3 anos. Minha recomendação é para que você evite esse jogo o máximo que puder. Só vale o teste se ele entrar em algum serviço sem custos adicionais como a PS Plus ou Xbox Game Pass.

Wanted: Dead prometeu muito e não consegue entregar nada. A história não é boa o suficiente para captar a atenção de quem joga, a jogabilidade é problemática e toda a parte técnica deixa a desejar. Se possível, evite!História5Jogabilidade5Desempenho6Visuais5Trilha Sonora5

PS: Este review foi feito com um código para PS5 cedido pela assessoria da 110 Industries.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.