Review | The Pillars of Earth
Baseado no livro de Ken Follet, The Pillars of Earth (Os Pilares da Terra) é um jogo de aventura point and click com um grande foco na narrativa. Desenvolvido pela Daedalic, o jogo é dividido em três livros/episódios e já está disponível no Playstation 4, Xbox One e PC.
O Enredo
O jogo é ambientado na Inglaterra do século 12, contando a história do vilarejo Kingsbridge durante os anos. Quem leu a obra de Ken Follet já sabe o que esperar acerca dos temas abordados: guerra, pobreza, religião e corrupção. O jogo se passa logo após a morte do Rei Henry I da Inglaterra, que pereceu sem apontar um herdeiro ao trono. Por conta disso, seu sobrinho e sua filha começam a disputar o trono. Essa rixa acabou gerando diversas guerras no território Inglês.
É nesse contexto que somos apresentados aos três personagens principais do jogo: Philip, um monge devoto; Jack, um garoto criado pela mãe na floresta e Aliena, uma nobre que teve a família arruinada.
A história alterna entre os diferentes pontos de vista. Philip chega a Kingsbridge e encontra a abadia caindo aos pedaços. Jack e sua mãe enfrentam um rigoroso inverno na floresta e Aliena planeja uma fuga de sua própria casa. Diferente de boa parte dos jogos com foco na narrativa, The Pillars of Earth consegue estabelecer uma relação do jogador com os personagens do jogo. Graças a momentos simples, mas com grande significado, passamos a conhecer mais do universo e as motivações dos personagens. Esta “quebra da barreira” é fundamental para uma experiência mais enriquecedora, afinal, tomar decisões que afetarão o futuro dos personagens passa a ser algo mais impactante. Vale mencionar que esta mecânica pode não agradar a todos, visto que a trama se desenvolve de maneira bem lenta e aqui não temos trechos de ação desenfreada.
Digno de Museu
A obra de Ken Follet é considerada uma obra prima da literatura com temática medieval. A precisão dos detalhes e da ambientação chegam a atingir níveis absurdos, deixando os leitores imaginando se o escritor não tem uma máquina do tempo e revisitou a Inglaterra neste período. Para a felicidade dos fãs da obra, a transição dos cenários do livro para o jogo é feita de forma sublime, com um estilo visual que lembra os mais belos quadros do Museu do Louvre.
Os cenários do jogo são bastante vívidos e críveis, transportando os jogadores com sucesso para o período em questão. As construções, sejam simples fazendas ou catedrais grandiosas, foram reproduzidas com extrema precisão, ressaltando a genialidade dos artistas envolvidos no desenvolvimento do jogo. A animação dos personagens também foi feita de forma impecável, lembrando filmes como Anastasia. Para fechar o pacote, os atores de voz fizeram um trabalho impressionante, onde cada voz casa muito bem com os respectivos personagens. Os sons do ambiente também apresentam uma grande qualidade, contribuindo para o aumento da imersão.
Decisões e Consequências
Assim como na maioria dos jogos com foco na narrativa, a história de The Pillars of Earth segue um caminho pré-determinado. No entanto, graças ao sistema de decisões do jogo, as relações com outros personagens podem ser drasticamente alteradas. No final de cada capítulo, é apresentado ao jogador um resumo de suas decisões, podendo ser redefinidas numa jogada posterior. O sistema é similar aos jogos da Telltale, que também apresentam um foco na narrativa.
Vale mencionar que o jogo quase não apresenta puzzles. O foco do estúdio foi ressaltar a história, apresentando mecânicas que condizem com o período retratado. Se você espera por ação, enigmas ou mecânicas mais dinâmicas, é melhor procurar outro jogo, afinal, o enredo e os diálogos são os principais elementos do game.
Conclusão
Com uma história marcante, repleta de cenários fantásticos e personagens inesquecíveis, The Pillars of Earth faz jus ao livro e a série de mesmo nome. O estúdio Daedalic se dedicou bastante e criou uma obra sublime e poderosa. Os jogadores que amam uma boa história com grandes doses de reflexão precisam se aventurar no universo do game. Pouquíssimos títulos conseguem representar a idade média com tanta precisão e genialidade.