Review | The Crew 2

Os racing games – jogos de corrida – existem desde a década de 60, sendo que o primeiro exemplar do gênero foi Grand Prix, um game em primeira pessoa feito pela Sega. A medida que a indústria e o gênero foram evoluindo, logo os jogos do estilo foram divididos em duas categorias: os jogos de corrida arcade, que apresentam uma maior liberdade e uma aproximação a corridas de ruas e os jogos de corrida simuladores, que buscam entregar uma experiência próxima da corrida automobilística profissional.

Foi nesse contexto que surgiu The Crew, uma proposta arcade da Ubisoft que buscava entregar uma experiência cinematográfica no gênero em 2014. Com críticas severas, principalmente em relação a parte técnica, o estúdio Ivory Tower não abaixou a cabeça e produziu The Crew 2, o mais novo jogo de corrida arcade.

Com uma grande variedade de veículos e modos de jogo, The Crew 2 usa a diversidade como seu maior e principal atrativo.

A Campanha

A história do jogo gira em torno de um corredor novato que pretende se tornar um Superstar do mundo das corridas. Apesar do jogo permitir escolher um personagem, a customização é bastante limitada, o que acaba frustrando qualquer desejo de se “criar” no jogo.

Para se tornar um astro, o jogador vai precisar de seguidores, recurso que funciona como uma espécie de XP do jogo. Os seguidores são conquistados ao realizar ações como drifts e ao vencer os eventos.


Toda boa história precisa de vilões que serão vencidos e em The Crew 2 isso não é diferente. Cada Disciplina (Modalidade) de jogo possui um corredor veterano (chefe) que precisa ser vencido para que o protagonista se torne o grande astro. Apesar do esforço praticado pelo estúdio, todo o enredo é simplesmente descartável e desinteressante. No entanto, vale mencionar que o trabalho de dublagem está impecável, algo que já era esperado de um game da Ubisoft.

Terra, Céu e Mar

Os veículos de The Crew 2 estão divididos em três grandes categorias: Veículos Terrestres, Veículos Aquáticos e Veículos Aéreos. Essas três categorias se dividem em quatro grandes grupos de Disciplinas: Street Racing, Pro Racing, Freestyle e Off-Road.

O sistema de divisão em disciplinas funciona de forma excepcional e as possibilidades são bem variadas. Por exemplo, na Disciplina Off-Road temos corridas de motocross, rally raid e corridas de circuito rally. Surpreendentemente, a adição de motocicletas foi muito bem-vinda e a jogabilidade com este tipo de veículo está excelente! Completar eventos da disciplina Street Race com uma Kawasaki Ninja me fez lembrar de Midnight Club 3, um dos meus jogos de corrida favoritos!

Apesar da existência de diversos tipos de eventos, dois se destacam pela sensação de liberdade presente nas corridas. Na modalidade Hypercar, os jogadores competem entre si em corridas de grande distância que duram de 30 a 50 minutos. A adrenalina está presente a cada virada, visto que uma curva errada pode custar toda a corrida. A sensação de ir de Nova York até Califórnia, mesmo que em escala menor, é incrível! Já no modo Rally Raid, desbravar cenários inóspitos infere muita liberdade ao jogo, principalmente nas zonas montanhosas. A excelente e rica trilha sonora do game só contribui mais para a construção de uma experiência marcante.

Ao anunciar a existência de diversos tipos de veículos no novo título, muitos jogadores se preocuparam com o excesso, mas, felizmente a jogabilidade está fluída e responsiva. Infelizmente o mesmo não pode ser dito da Inteligência Artificial do game. Boa parte das corridas não apresentam nenhum desafio ao jogador, podendo ser facilmente completadas. Para agravar a situação, boa parte dos eventos não pedem que o jogador chegue na primeira colocação. Ser o terceiro colocado também contará como vitória. Os jogadores que buscam por desafios certamente ficarão decepcionados neste quesito.

Tunando a Máquina

A progressão dos veículos em The Crew 2 funciona de forma similar a RPGs como Destiny. Ao completar eventos, os jogadores recebem as peças que são divididas em graus de raridade. Para facilitar a melhoria dos veículos, as peças são compartilhadas entre as famílias. Por exemplo, os veículos de drift utilizam as mesmas peças, os veículos de motocross utilizam o mesmo equipamento e por aí vai. Esse elemento torna a melhoria dos veículos mais fácil e coesa, diminuindo e muito o grind necessário para colocar o veículo na potência máxima. A caráter de informação, levei cerca de 3 horas para colocar um veículo de drift na potência máxima (240 de Poder).

O que dificulta a melhora é a aleatoriedade do drop. Por muitas vezes, a peça que foi dada a mim não me servia pois eu já tinha uma melhor equipada. A impossibilidade de escolher o tipo de peça é um pouco frustrante, demandando que o jogador repita um evento diversas vezes para melhorar o veículo.


Além das melhorias do desempenho, também é possível customizar os veículos, alterando rodas, retrovisores, capôs, aerofólios, pinturas e por aí vai. Infelizmente as possibilidades são bem limitadas, fazendo com que o jogador opte por utilizar a aparência “de fábrica” do veículo.

Correr ou Admirar?

The Crew 2 é deslumbrante. Correr na neve ou embaixo de chuva transformam o game em um grande espetáculo visual. Por muitas vezes não sabia se completava uma corrida ou simplesmente parava para admirar os diversos cenários do jogo.

É possível visitar cidades icônicas dos Estados Unidos, como Miami, Nova York, Las Vegas e até mesmo Washington D. C., para observar os cartões postais dos lugares. Tirar algumas fotografias específicas rendem dinheiro e seguidores ao jogador, ou seja, explorar o cenário pode ser uma forma alternativa de progredir no jogo.

Conclusão

The Crew 2 é um dos melhores jogos de corrida arcade da geração. Com a franquia Need for Speed em descrédito, o título traz um frescor ao gênero, oferecendo variedade e muita adrenalina. Apesar das claras inspirações em Forza Horizon, franquia que segue imbatível no estilo, o game tem alguns tropeços que felizmente não são graves o suficiente para prejudicar a experiência. Os fãs do gênero certamente irão se divertir por muitas horas com o título. Os caçadores de platina/conquistas também irão adorar o título, visto que sua platina pode ser adquirida em apenas 30 horas. O jogo já está disponível no PC, Playstation 4 e Xbox One.

Esta review foi feita com uma cópia do game para Playstation 4 cedida pelo representante da Ubisoft.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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