Review | Sekiro: Shadows Die Twice

O debate sobre jogos serem considerados uma obra de arte ou não é um dos mais longos e polêmicos da indústria do entretenimento. Obviamente, para os gamers e analistas, existem obras que podem sim ser consideradas um produto de arte, enquanto que para outros, jogos eletrônicos são apenas um produto de diversão.

Na opinião de quem vos escreve, os jogos podem sim ser considerados obras de arte e, felizmente, alguns estúdios já adquiriram uma expertise tão grande no desenvolvimento de jogos que eles criam games atemporais como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Esse é o caso da japonesa From Software e mais especificamente do título mais novo da empresa – Sekiro: Shadows Die Twice.

Desbravando o Japão Feudal

Diferente dos demais jogos do estúdio, que se passam em cenários medievais com tons fúnebres, Sekiro transporta os players para o Japão Feudal, em pleno período Sengoku, uma das épocas mais violentas da história nipônica.

Outra novidade para a empresa foi a inserção de um protagonista ativo e falante, chamado na obra de Lobo. Quando criança, o pequeno Lobo foi adotado por Coruja (Owl), um shinobi poderoso que acolheu o garoto e o treinou na arte dos samurais.

Já adulto, Lobo fica encarregado de proteger o Herdeiro Divino Kuro, uma criança com o sangue da linhagem do dragão. Perdendo a guerra pelo controle do Japão, o clã Ashina sequestra Kuro com o objetivo de criar um exército imortal. É aí que começa o jogo, onde o Lobo precisa resgatar o jovem lorde.

Dificuldade Punitiva

Uma das marcas registradas da From Software é a dificuldade acentuada de seus jogos. Após a série Souls e Bloodborne, Sekiro não poderia ser diferente. Sem a opção de escolher a dificuldade, o jogo pode deixar muita gente frustrada com seus chefes desafiadores, pra não dizer absurdamente roubados.

Apesar da dificuldade tradicional, o estúdio não ficou na mesmice e trouxe inovações interessantes para a mecânica da morte. Ao morrer, Lobo pode ressuscitar até três vezes (existem limitações), surpreendendo os inimigos e se tornando uma ferramenta mortal para despachar os bosses do jogo.

A capacidade de voltar da morte pode ser recarregada ao matar os inimigos ou usar itens. Um detalhe curioso é que ao morrer, o jogador acaba espalhando uma doença no mundo do jogo que pode causar a morte dos NPCs, alterando a história. Vale mencionar que a doença pode ser curada, inclusive de forma bem simples e fácil.

Um Sistema de Progressão Corajoso

Diferente dos títulos prévios da empresa, Sekiro: Shadows Die Twice conta com um sistema de progressão bem diferente, abolindo o sistema de nivelamento tradicional da série Souls. Aqui, o personagem não muda de nível e possuí os status tradicionais como Stamina, Destreza, Força, Agilidade e Sorte.

Em Sekiro, cada inimigo concede experiência para a barra de habilidades de Lobo. A cada nível atingido, é possível comprar habilidades ativas ou passivas que exercem uma diferença enorme no combate. Apesar de entender a busca da inovação por parte do estúdio, senti falta a todo momento de mudar de nível e alocar meus pontos em atributos. Para aumentar a barra de vida e o poder de ataque do protagonista os jogadores precisam encontrar itens espalhados pelos mapas ou que pertencem aos diversos mini-chefes/chefes do jogo.

Outra mecânica inédita é o braço prostético do herói. Durante uma batalha que ocorre nos minutos iniciais do jogo, Lobo tem seu braço amputado e fica desacordado. Amparado por um personagem misterioso, ele ganha um braço mecânico que pode ser modificado com 10 objetos diferentes. Esses objetos podem ser bombinhas de fogo, escudo, lança-chamas, uma lança e por aí vai. Cada objeto concede uma vantagem interessante no combate que pode significar a vida ou a morte do personagem.

Gostinho de Nova Geração

Uma coisa que impressiona em Sekiro são os visuais e o desempenho técnico do jogo. Diferente de boa parte dos títulos dessa geração, meu Playstation 4 Slim em nenhum momento ficou parecendo uma turbina de avião enquanto me aventurava pelo mundo do jogo.

Os cenários são estonteantes e a empresa mandou muito bem no design dos chefes e dos inimigos comuns. A imersão se torna ainda mais apurada quando o som entra em jogo, dando a sensação de perigo extremo e transportando o jogador para o Japão Feudal.

Conclusão

Com Sekiro: Shadows Die Twice, a From Software mostra o motivo de ser considerada uma das melhores desenvolvedoras de jogos do mundo. Não deixando de lado suas raízes, mas, sem medo de alterar elementos considerados tradicionais, o estúdio entrega mais uma obra de arte nessa geração, deixando todos maravilhados com um jogo brutal mas extremamente viciante.

Esta análise foi feita com uma cópia do jogo para Playstation 4 cedida pela Activision.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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