Review | Sagebrush

Desenvolvido pelo estúdio Redact Games, Sagebrush é um walking simulator que aborda um tema sensível: o suicídio em massa em cultos. Apesar de não ser baseado em nenhum acontecimento em específico, o jogo é centrado em uma ideia explorada de forma constante: todos nós temos um vazio que precisa ser preenchido. Em uma situação de desespero, e muitas vezes para superar uma dor, uma pessoa pode preencher esse espaço utilizando meios questionáveis. Sagebrush aborda isso de maneira respeitosa, sem apontar certo ou errado.

Anos se passaram onde o culto Perfect Heaven, Céu Perfeito, se assentou em 1993. Nosso personagem não tem nenhum objetivo em específico, apenas vagar pelo acampamento coletando informações e investigando os vestígios abandonados. Boa parte dos edifícios estão trancados, mas, podem ser abertos com chaves. Se você espera por mecânicas incríveis na jogabilidade, esse jogo não é pra você. O foco total aqui é a exploração e o descobrimento de detalhes sobre o grupo.

O game aborda as motivações por trás de vários personagens, trazendo diferenciação e uma certa riqueza de detalhes para a narrativa. Temos membros que estavam fugindo de uma relação tóxica, outros que tinham dúvidas sobre religião, ou outros que só queriam escapar da vida agitada da cidade. Muitos desses membros acabam se encontrando na comunidade, no entanto, alguns desenvolvem uma certa descrença sobre a motivação do líder do culto. Como o foco é a história, não irei adentrar esse tópico.

O líder do Céu Perfeito é chamado de Padre James. Segundo ele, um anjo chamado de Sariel veio até ele, resultando na criação do grupo. O jogo não o acusa de nada, porém, oferece uma certa explicação para sua mentalidade doentia e tenta trazer um pouco de entendimento para os acontecimentos que sucederam o grupo.

Conclusão

Apesar de ser simples, Sagebrush conta uma história poderosa e curiosa, abordando um tema considerado tabu. Sem muitas pretensões, o jogo cumpre seu propósito dentro de suas limitações. Espero que ele abra a porta para que outros jogos abordem o tema, desde que com cuidado e de maneira respeitosa.


Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.