Review | Resident Evil 2 (Remake)

Lançado originalmente em janeiro de 1998, Resident Evil 2 (Biohazard 2) levou a um novo nível tanto o gênero de survival horror nos games como a forma que uma história pode ser contada nesta mídia.

Contando com duas campanhas, de Claire Redfield e Leon Kennedy, o jogo ampliava a sua oferta de conteúdo trazendo duas campanhas que se complementavam formando uma trama ainda mais intensa e complexa. Agora, 21 anos após o seu primeiro lançamento, a Capcom resgata essa joia em um remake consegue de maneira magistral introduzir a evolução da franquia nos anos e resgatar o que se perdeu em meio às décadas.

Perfeitamente balanceado

Uma das mudanças na franquia que mais trouxe descontentamento para os fãs ao longo destes anos foi a forma como os jogos se afastaram do terror em detrimento da ação. A partir de Resident Evil 4, que trouxe uma mudança substancial à franquia, o clima tenso e sufocante foi dando lugar a uma ação frenética e nos jogos subsequentes Resident Evil foi se tornando apenas um game de ação.

Já Resident Evil 2 Remake consegue unir de maneira perfeita as duas vertentes da franquia. Ao mesmo tempo em que o game é um shooter extremamente competente, com jogabilidade sólida e mecânicas bem trabalhadas, o jogo também é um survival horror intenso e apavorante, assim como a sua versão original.

Sabendo trabalhar os momentos de ação e suspense sem quebrar o ritmo, o game compõe uma atmosfera imersiva, nos transportando para a inóspita cidade de Racoon City.

História 2.0

Ao mesmo tempo em que o game se propõe a refazer os passos de Leon e Claire na Racoon City de 1998, o remake também toma o cuidado de trazer melhorias onde cabe. O roteiro do game está muito bem trabalhado com diálogos mais elaborados e cenas mais completas.

As limitações que acabaram por impactar o roteiro do game original já não existem mais aqui e por conta disso somos agraciados com cenas mais ricas e uma história mais envolvente e melhor construída.

O mesmo pode se dizer para o roteiro do game em si. O jogo não é um remake 1:1, e toma diversas liberdades, sem nunca perder a essência do que foi Resident Evil 2. Aqui o game se encontra maior e melhor.

“Ó o bicho vindo!”

O terror em Resident Evil 2 está melhor do que jamais esteve na franquia. Sabendo aproveitar das novidades do gênero ao longo destes anos, o jogo entrega uma experiência ainda mais intensa e assustadora. Os cenários se aproveitam do escuro, obrigando o jogador a usar uma lanterna para que possa pouco a pouco reconhecer o ambiente que caminha .

Isso também favorece os “jump scares” que estão espalhados pela campanha e que continuam tão eficazes quanto os cachorros da mansão de Resident Evil 1.

Adeus quadrados!

Outro dos pontos mais fortes deste remake são os gráficos. O visual está absolutamente impecável. A forma como os personagens foram reconstruídos, inspirando-se principalmente no material original em detrimento das transformações que estes sofreram ao longo dos anos confere uma identidade muito mais verossímil.

O mesmo também deve ser dito dos cenários, dos bosses e dos zumbis, que apesar de em alguns momentos se repetirem trazem um visual arrebatador. O polimento do game continua a impressionar até os seus últimos momentos.

Desafio

Resident Evil 2 Remake continua trazendo um bom desafio para os gamers. Contudo, diferente do seu original, as limitações técnicas e de jogabilidade, onde sequer era possível andar e atirar, não mais fazem parte do que compõe o desafio.

Com uma jogabilidade redonda e bem refinada, o game usa de outros atributos para incrementar o seus desafios. A escassez de munição e suprimentos, marca da série, está presente, assim como zumbis que não se cansam de levantar após serem abatidos.

O chefões representam outro ponto positivo do game, tanto no visual como em mecânicas. Correr do Tyrant pelos corredores continua tão desafiador quanto assustador, assim como enfrentar monstros mais grotescos que os zumbis corriqueiros.

Campanhas complementares

Uma das características mais marcantes em Resident Evil 2 era o fato do game contar com duas campanhas diferentes que formavam uma grande história. Este é um elemento narrativo que sempre encantou muitos fãs da série e acabou sendo incorporado em alguns games que apresentavam diferentes pontos de vista entre personagens. Contudo, o fato de existirem duas campanhas independentes que se entrelaçam em alguns momentos sempre teve um charme único. A sensação era que se tinha dois jogos na mão.

Aqui isso está de volta! O game conta com uma campanha para cada personagem que, apesar de apresentar algumas semelhanças, compõem um quadro maior da história. É altamente recomendado que se jogue as duas campanhas para que se tenha a experiência completa.

Mais que um remake

Uma das coisas que mais gosto neste remake é o fato de que ao mesmo tempo em que o game se mantém absolutamente fiel às suas raizes ele não se vê limitado pelo que já foi feito. Resident Evil 2 remake traz diversas novidades em relação ao jogo original e em momento algum é passada a sensação de que se está abandonado o material original, apenas de que uma obra foi enriquecida com respeito.

A campanha foi incrementada, o roteiro foi polido e complementado e a obra permanece dentro da essência do que tornou a franquia um sucesso absoluto. Tudo isso é prova do cuidado e do respeito que tiveram ao reproduzir o game.

Conclusão

Resident Evil 2 não é apenas um remake, mas um novo benchmark para que as outras empresas se espelhem quando decidirem resgatar seus clássicos. O carinho no desenvolvimento desta obra é notório.

Sabendo aprimorar o que já foi feito, aproveitando de tudo que há de melhor na indústria atual sem jamais abrir mão da essência raiz da franquia e do que fez o game ser um sucesso em seu lançamento, Resident Evil 2 é sem dúvidas um dos melhores remakes já feitos e um dos melhores survival horror de todos os tempos.

Resident Evil 2 está disponível para PS4, Xbox One e PC.

Esta review foi realizada com uma cópia do game para PS4 cedida pela Capcom.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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