Review | RAGE 2

Depois de 8 longos anos, a franquia RAGE finalmente está de volta com seu segundo título. Desenvolvido pela id Software em conjunto com a Avalanche, o game publicado pela Bethesda tem uma única e sincera proposta: permitir que o jogador exploda diversos inimigos com um arsenal de armas insanas e habilidades poderosas.

Uma História…

Na teoria, RAGE 2 conta com um enredo de pano de fundo que justifica a matança desenfreada de Walker, o/a protagonista do game. Logo no começo o jogador recebe a escolha de escolher o gênero do personagem e a customização morre aí.

Sua “casa” está sendo atacada pela Autoridade, uma organização militar maligna que pretende acabar com a humanidade. Sim, é tão clichê a esse ponto. Após um confronto com o abominável General Cross, as forças dos Rangers são dizimadas, deixando para Walker, um dos poucos sobreviventes do ataque, a difícil missão de destruir a Autoridade e eliminar o General Cross.

Apesar de até apresentar um certo componente narrativo, RAGE 2 não atrai ninguém com sua campanha repleta de clichês, personagens completamente esquecíveis e diálogos sem emoção alguma. Pra ser bem sincero, completei o jogo no sábado, três dias atrás e só três personagens continuam marcados em minha mente. Apesar de entender que a proposta do jogo não é entregar uma histórica épica, também não significa que o completo descaso seja a opção correta.

Open Bar de Sangue

RAGE 2 se torna gracioso no exagero. Se Mortal Kombat fosse um shooter em primeira pessoa, ele se chamaria RAGE. A quantidade de sangue e de violência presentes nos embates do game certamente deixará os fãs de ação maravilhados. É possível decapitar, desmembrar ou picotar os inimigos com um arsenal que vai desde uma simples pistola até canhões com tiros carregados de laser. Em nenhum momento o jogo se leva a sério, o que torna a experiência mais divertida e.. digamos que leve.

Para se equipar e descer o cassete na Autoridade, o jogador precisa visitar edificações nomeadas de Arcas. Ao abrir esses cofres imensos, os jogadores podem encontrar novas armas brutais ou habilidades que concedem uma vantagem interessante nos confrontos do jogo. É possível pular e lançar um golpe no chão, causando um mini-terremoto, deslizar rapidamente em uma direção, funcionando como uma esquiva e até mesmo lançar uma barreira que protege o jogador contra disparos inimigos.

Como se armas absurdas e habilidades totalmente overpower não fossem o suficiente, Walker conta com um veículo especial chamado Fênix para destruir os comboios inimigos. A Fênix é um carro personalizável capaz de suportar metralhadoras, mísseis e um lançador de nepalm capaz de destroçar facilmente os veículos inimigos. Vale tudo para se livrar dos diversos perigos que habitam o mundo do jogo.

Infelizmente a adição de veículos não ajuda RAGE 2 a se tornar uma obra imperdível. A dirigibilidade do game é uma das piores que já encontrei em um open world. A todo momento a impressão que fica é a de estar dirigindo um caixão.

2010, é você?

RAGE 2 é impecável como um shooter. Com uma jogabilidade precisa, extremamente bem calibrada e uma sonoplastia maravilhosa, o título dá uma aula de como se fazer uma boa jogabilidade no gênero. O problema, o grande problema, é o mundo aberto construído pela Avalanche Studios.

Para quem não conhece, a empresa é a mesma responsável pela série Just Cause. Ironicamente, as atividades do mundo aberto de RAGE 2 e toda a construção visual do cenário lembra bastante um filho de Just Cause 2 com Red Faction: Guerrilla, dois jogos que são no máximo, medianos. Sem uma variedade grande de atividades, que são resumidas em: limpar covil de bandidos, ativar ecos de rangers mortos, coletar recursos em meteoros caídos, derrotar sentinelas da autoridade e destruir comboios. No começo as atividades até agradam, o problema é fazer a mesma coisa durante 15-20 horas de jogatina.

Os cenários são basicamente os mesmos, o design dos inimigos simplesmente não varia. É como se você matasse o mesmo npc inimigo por 1000 vezes. Queria ter algum ponto positivo para falar sobre a estrutura de mundo aberto do título, mas infelizmente durante minhas 23 horas com o jogo, não encontrei nada de positivo que pudesse defender a obra.

Conclusão

Eu queria muito gostar de RAGE 2. Os trailers me captaram de uma maneira indescritível, prometendo uma espécie de parque de diversões insano que coloca o jogador como um vingador em uma colônia espacial povoada por lunáticos. Infelizmente, se o jogo fosse de fato um parque de diversões, seria um parque ultrapassado, vazio e genérico. A id Software fez a lição de casa e desenvolveu uma jogabilidade primorosa que foi completamente destruída pelo péssimo trabalho executado pela Avalanche Studios.

Esta análise foi feita com um código do jogo para Playstation 4 cedido pela Bethesda.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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