Review | Ni no Kuni 2: Revenant Kingdom

Ni no Kuni 2: Revenant Kingdom é um jogo de RPG japonês desenvolvido pela Level-5 e publicado pela Bandai Namco. O jogo foi lançado no dia 23 de Março nas plataformas PC e Playstation 4.

O Enredo

Apesar de levar o número 2 em seu nome, o jogo não é uma sequência do primeiro. Existem algumas referências ao primeiro game da franquia, mas, o enredo e os personagens do novo título são inéditos.

Na nova aventura, acompanhamos Evan e seus aliados numa jornada para construir um reino livre de guerras onde todos vivem felizes e em paz. A narrativa é apresentada como uma fábula japonesa, utilizando uma estrutura e arte similar aos filmes do Studio Ghibli.


Durante a trajetória de Evan para fortalecer o Reino de Evermore e convencer as nações vizinhas a assinarem um tratado de paz, aprendemos lições valiosas sobre liderança, amizade, fé e perseverança.

O mais interessante do enredo é que os jogadores evoluem juntamente com o menino Evan. No começo do jogo, Evan é apenas um garoto ingênuo que se viu obrigado a se tornar um Rei após uma tragédia envolvendo seu pai. Com um golpe de estado realizado pelos Ratos, o garoto tem seu primeiro contato com o mundo exterior, sendo forçado a amadurecer para se tornar um líder digno. A medida que a narrativa se desenvolve, crescemos com o Jovem Rei e no fim do jogo, nos sentimos seres humanos melhores.

Em Nome do Rei

O estúdio Level-5 decidiu repaginar a franquia, fazendo alterações no combate, mudando mecânicas de jogabilidade e adicionando dois modos de jogo: o Skirmish e o Kingdom Mode.

Por Evan ser um Rei de uma nação recém criada, nada mais justo do que participar ativamente da construção e do progresso da nação, não é mesmo? No novo modo Kingdom, precisamos construir estabelecimentos como Mercados, Portos, Madeireiras, Escolas de Magias e por aí vai. Além disso, precisamos completar missões para recrutar novas pessoas para o reino, cada uma com diferentes talentos que devem ser levados em consideração pelo jogador.


O modo funciona bem e está intimamente ligado a progressão do jogo. Através dele, ganhamos itens para completar missões, criamos os novos “pets” do jogo, melhoramos armas, armaduras e habilidades além de facilitarmos outros setores, como o aumento do ganho de experiência.

A interface é bem intuitiva e demanda um pouco de estratégia do jogador. É preciso selecionar quais categorias serão priorizadas, possibilitando uma progressão mais rápida no jogo. O único ponto negativo em relação ao modo é a necessidade de ficar revisitando o reino, coletando o dinheiro e os itens dos estabelecimentos para reinvestir na cidade. Apesar de ser compreensível, fazer isso a cada 30/60 minutos de jogo acaba se tornando um processo maçante. Seria fantástico se o modo apresentasse um Companion App para celulares ou uma interface no próprio menu dos personagens.

Evermore, Assemble!

Outra adição interessante da equipe foi o modo Skirmish. Neste modo, batalhamos contra exércitos inimigos numa versão Chibi das tropas. A interface é bem simples e boa parte dos combates não demandam por uma estratégia prévia.


A estrutura simplificada torna o modo mais divertido, entretanto, a ausência de um desafio pro jogador pode não agradar aos players hardcores que sonhavam em encontrar um modo mais estratégico e recheado de opções.

Fica uma dica: algumas missões de personagens da cidade envolvem o modo Skirmish. É extremamente aconselhável realizar essas missões, afinal, ao obter o sucesso, o jogador ganha grandes quantias de dinheiro para melhorar o Reino. Itens de missões e craft também são ganhos no final de uma batalha entre exércitos.

Ocidentalizando o Combate

Apesar de ser um JRPG autêntico, o combate de Ni no Kuni 2 foi modificado para atender o público ocidental. Com uma jogabilidade mais dinâmica e totalmente focada na ação, o resultado final ficou bem próximo do combate visto na franquia Kingdom Hearts.

Além dos tradicionais ataques físicos, é possível disparar ataques a distância com o uso de Mana. O sistema foi bem simplificado e deve agradar a todos os jogadores. As habilidades são um show a parte, contando com animações fantásticas e cores vibrantes.

O único lado negativo da mudança é a ausência do viés estratégico no combate. Ao focar em ação, o gameplay acaba se resumindo ao “esmagamento” de botões, tornando a experiência bem fácil. Boa parte dos chefes do game não representam nenhuma dificuldade.

A Arte em sua Melhor Forma

O principal atrativo de Ni no Kuni 2 é o visual e o enredo do jogo. Para quem não sabe, o primeiro game da franquia teve ajuda do Studio Ghibli, um famoso estúdio japonês de animação, responsável por filmes como O Túmulo dos Vagalumes e A Viagem de Chihiro.

Apesar de não ter colaborado oficialmente na produção do segundo jogo, alguns artistas do Studio Ghibli permaneceram na Level-5 para ajudar na confecção do novo game. O resultado é uma fábula jogável repleto de ensinamentos valiosos para a vida e com uma arte visual inesquecível.


Existem lições preciosas sobre a benevolência, o excesso de trabalho, a traição e o poder da amizade e do perdão. Estes elementos reforçam o elemento fantástico do jogo e adicionam imersão ao mundo do game.

Outro ponto chave do jogo é a trilha sonora orquestrada que reforça ainda mais o fantástico e se faz presente em todos os momentos do game. Utilizada de forma pontual em segmentos importantes do enredo, a música melhora ainda mais o climax e mexe com a emoção de quem joga.

O estúdio também se empenhou no design de personagens e principalmente na construção visual dos chefes, entregando “bosses” exuberantes.

Higgledy, eu escolho você!

Diferente do primeiro jogo que contava com a presença dos Familiares, uma espécie de animal de estimação que participava ativamente do combate, os novos pets da franquia são os Higgledy. Espíritos “fofos” que apresentam 5 categorias principais.


Os Pets ajudam ocasionalmente no combate, amplificando a habilidade dos personagens principais ou lançando suas próprias habilidades. Cada tipo de Higgledy apresenta uma habilidade especial. O meu favorito é o do tipo “Escuridão”, sua habilidade especial é uma espécie de supernova que causa um dano absurdo nos inimigos.

Os “bichinhos” verdes também devem ser levados em consideração, afinal, suas habilidades de cura podem ajudar bastante nos combates.

Conclusão

Ni no Kuni 2: Revenant Kingdom é uma obra prima do estúdio Level-5. Com uma narrativa carregada de ensinamentos e momentos emocionantes, um combate acessível e dinâmico e personagens inesquecíveis, o game é obrigatório para todo e qualquer fã de um bom RPG. Apesar de ser possível completar a campanha em cerca de 35 horas, o jogo tem conteúdo suficiente para render cerca de 90 horas de jogo. O único ponto negativo em específico para os lusófonos é a ausência de uma legenda em PT-BR, mas, o inglês do jogo é bem acessível, não prejudicando tanto o entendimento.

Essa review foi feita com uma cópia do jogo para Playstation 4 cedida pela Bandai Namco.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

You may also like...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *