Review | Mass Effect: Legendary Edition

Mass Effect – Legendary Edition para muitos se trata do resgate de clássicos. Os três primeiros jogos da adorada franquia sci-fi costumam ser reconhecidos como três dos melhores RPGs já criados em toda a história. Principalmente o segundo jogo. Mas, pra mim, um grande fã da saga e da BioWare, a edição se trata de um lembrete. Um lembrete da Era de Ouro do estúdio e de todo o potencial que a companhia possui.Como o conteúdo de cada um dos três jogos são incrivelmente densos e já conhecidos por grande parte do público, nesta análise eu irei focar totalmente nas mudanças aplicadas nesta edição para determinar se ela de fato é Lendária ou apenas ports de jogos antigos.

Mass Effect e Shepard: uma história de amor

O Comandante Shepard é um dos personagens mais icônicos da indústria. Apesar de seguir a linha do clichê do super soldado americano com treinamento militar, a evolução do personagem durante a trilogia é bastante notória, criando uma enorme relação de apego com os fãs. Certamente a decisão de não continuar com a história do personagem em Mass Effect Andromeda gera raiva nos fãs até hoje.

Este é o primeiro e diria até que um dos principais pontos positivos desta trilogia remasterizada. A história completa de Shepard está disponível tanto na geração passada quanto na atual, permitindo que novos jogadores conheçam toda a mitologia envolvendo uma das franquias mais importantes do gênero RPG.

Brasil no Banco

Antes de mais nada, preciso dedicar um tópico nesta análise pra isso. Nós brasileiros ficamos no “banco” nesta edição Lendária de Mass Effect. Os três jogos, com uma quantidade insana de textos e diálogos, não receberam localização em nosso idioma. Por mais que o Inglês tenha se popularizado bastante de lá pra cá, é difícil entender a ausência da localização. Ainda mais em um produto que custa R$300,00.Se você tem dificuldade para entender o idioma, vale a pena repensar sua compra. A experiência de Mass Effect é maravilhosa, mas, como disse acima, o conteúdo é bastante denso e você vai precisar ler e ouvir bastante para ter uma boa compreensão da história e da motivação dos diferentes personagens. Baita bola fora por parte da EA.

Uma viagem no tempo

Certamente o primeiro jogo da franquia foi o que mais recebeu atenção do estúdio ao produzir os remasters. Lançado originalmente em 2007, o jogo acabou envelhecendo mal demais, tornando-se um produto demasiadamente arcaico para os padrões de hoje. O “primogênito” recebeu mudanças cruciais em suas mecânicas, principalmente na direção do veículo e no combate.Na época em que foi lançado, a BioWare ainda não tinha muita experiência em balancear bem a jogabilidade de um shooter com a profundidade de um RPG. Agora, com uma década a mais de experiência, o estúdio realizou mudanças extremamente necessárias que tornam a experiência bem melhor. O HUD foi repaginado, trazendo o jogo para a modernidade. O Mako é mais fácil de controlar e atirar aqui é muito mais prazeroso.

No que tange o visual, o primeiro jogo praticamente renasceu das cinzas. As texturas receberam incrementos gigantescos, o jogo possui mais partículas e as vegetações estão mais ricas, dando um ar maior de vida aos cenários do game. Vale mencionar que apesar das mudanças, você não pode esquecer que se trata de um jogo de 2007.

Mass Effect 2 e 3: os intocáveis

Infelizmente, o segundo e o terceiro jogo da franquia não receberam o mesmo tratamento que o primeiro. Estes dois títulos mais se assemelham a ports do que remasterizações em si. Mas calma. Não estou dizendo que eles não receberam incrementos, sejam através das DLCs ou com novas texturas e técnicas de iluminação. O que estou defendendo aqui é que os resultados não são tão evidentes e expressivos quanto os vistos no primeiro jogo. O estúdio poderia ter aprimorado as expressões faciais, coisa que não foi feita. O lip sync em boa parte das cenas continua grotesco, diminuindo muito do impacto emocional de cenas chaves na história.

Outro ponto bastante negativo é a remoção do modo Multiplayer de Mass Effect 3. Sendo assim, de certo modo podemos até afirmar que o jogo sofreu uma espécie de “downgrade” em seu conteúdo.

Mass Effect: Legendary Edition – Vale a Pena?

A melhor resposta para isso é: depende. Como mencionei acima, o jogo não possui legendas em nosso idioma. Dito isso, se você não compreende o inglês, fica difícil recomendar a trilogia. Por mais que a saga Shepard seja fantástica, o “ouro” da experiência reside exatamente na narrativa e na evolução dos personagens. Em suma, você vai precisar saber inglês. Caso você tenha uma boa compreensão do idioma, então, a trilogia certamente vale a pena!

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

You may also like...