Review | Man of Medan

Man of Medan é o título mais recente do estúdio Supermassive, o mesmo responsável por Until Dawn. Diferente do game antecessor que foi lançado exclusivamente no Playstation 4, a nova empreitada da empresa chegou em diversas plataformas graças a parceria com a editora Bandai Namco que assumiu a publicação do jogo. Pra quem não sabe, as duas empresas assinaram um contrato para produzir uma série de contos (antologia) no gênero de terror.

Terror no Mar

A história de Man of Medan é centrada em um grupo composto por cinco pessoas: ConradJuliaAlex, Brad e Fliss, a capitã do barco. Apesar do foco da narrativa ser este grupo de amigos, ocasionalmente temos contato com O Curador, personagem que apresenta um papel similar ao Psiquiatra de Until Dawn. Por algum motivo louco, o grupo decide realizar um passeio marítimo em busca de naufrágios, todavia, como já era de se esperar, o grupo acaba sendo sequestrado e transportado para um navio bem peculiar da Segunda Guerra Mundial. É nesse contexto que acontecimentos estranhos começam a acontecer e os personagens começam a enxergar vultos e seres estranhos.

Para trazer diversidade para a história, a perspectiva vai se alterando entre os personagens, exibindo os pontos de vista de cada um. Um aspecto interessante é que as decisões de quem joga influencia bastante o relacionamento do grupo, modificando o destino de cada um. Esse recurso, já visto em outros games do gênero, traz o desejo fator replay, elemento crucial em um jogo deste gênero, porte e tipo. Com uma variedade de desfechos, cada jogatina pode ser totalmente diferente mediante as escolhas de quem joga. Isso é potencializado pela curta duração da narrativa, podendo ir de 4 a 6 horas.

Apesar da variedade, vale mencionar que a obra não apresenta um grande brilhantismo no quesito roteiro. Os diálogos não apresentam nenhuma genialidade ou coisa do tipo. Todavia, o game apresenta uma parcela considerável de colecionáveis que servem como uma excelente forma de conhecer mais sobre o universo do jogo e a história real da embarcação na qual os personagens foram aprisionados. Vou dar uma dica que vai melhorar o entendimento da obra como um todo: toxicina desenvolvida para a Segunda Guerra.

Inundações na Embarcação

Ironicamente, durante o meu tempo com o jogo, tive diversos problemas na performance, isso jogando em um Playstation 4 Slim. As quedas de frame aconteceram de forma constante o que acabou prejudicando a experiência, visto que algumas ações do jogo demandam que o player as complete em tempo hábil para evitar a morte de determinado personagem. Nestes momentos, a jogabilidade é bem similar a Until Dawn, contando com diversos QTEs (Quick-Time Events) e controles de tanque onde a câmera permanece em um ângulo fixo.

Como se já não bastasse os controles arcaicos, o design de certos personagens não é nada agradável. Uma quantidade considerável deles apresentam uma estética que se assemelha a bonecos de cera, algo grave em um jogo com foco na narrativa e de aspecto cinematográfico. As expressões faciais e interações são um elemento fundamental em um jogo deste gênero. Por apresentar traços superficiais, todo o possível expressionismo do personagem acaba sendo apagado, o que é uma grande pena.

Conclusão

Com uma história interessante, Man of Medan meio que se esbarra nos vícios da Supermassive, entregando um título bem similar a Until Dawn e a outros jogos do gênero. Isso não é ruim, no entanto, com esta nova proposta de antologia, o estúdio poderia aproveitar a oportunidade para causar disrupções no gênero, inserindo novas mecânicas na jogabilidade e quem sabe um pouco mais de transmídia. Se você gosta de títulos de suspense/terror com foco total na narrativa e de curta duração, não hesite em navegar nas águas misteriosas do jogo, ele certamente compensa pelo preço praticado. Todavia, se você espera por mecânicas de jogabilidade complexas e um enredo inovador, é bom ter cautela, o jogo pode gerar certas frustrações.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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