Review | Kingdom Come: Deliverance

Kingdom Come: Deliverance é um jogo de RPG desenvolvido pelo Warhorse Studios. Anunciado de forma oficial em 2014, o jogo assume uma estrutura de simulador medieval. O game foi lançado no dia 13 de Fevereiro de 2018 no Playstation 4, Xbox One e PC.

O Enredo

No jogo assumimos o controle de Henry, o filho de um ferreiro que vê sua vida mudar durante um ataque brutal em seu vilarejo. Com a morte de seus amigos e de seus pais, Henry foge da vila, dando início a uma jornada de vingança.

O game é rico em detalhes históricos e o Reino da Bohemia (Hoje República Tcheca) é retratado com fidelidade. Após o ato introdutório na cidade de Skalitz, ganhamos liberdade para fazer o que bem entendermos. É possível optar por fazer missões secundárias, dar prosseguimento na campanha ou apenas andar pelo mundo causando caos e roubando casas.

The Sims na Idade Média

A liberdade é um fator levado a sério em Kingdom Come: Deliverance. É possível passar horas jogando dados e ganhando (ou perdendo) suas economias. Também é possível passar horas bebendo nas tavernas e praticando crimes como furtos e invasões domiciliares. Claro que os “meliantes” vão precisar ficar atento, afinal, caso algum personagem flagre o roubo, a guarda local será acionada e o jogador passará por apuros. Vale mencionar que ser preso pode render um game over, a depender da sua classe social e condições de saúde.

Para os virtuosos, existe a opção de entrar na Guarda Local e forjar o seu caminho até se tornar um Cavaleiro de renome. A fidelidade histórica é tão grande que é possível caçar bandidos e cortar suas orelhas para apresentar como troféus.

Por se apresentar como um simulador, as obrigações fisiológicas se fazem presentes. O jogador precisa se banhar com frequência, além de comer e dormir. Não se ater a essas atividades pode levar a morte definitiva do personagem, resultado no game over. Apesar de soarem estranhas, essas obrigatoriedades garantem imersão ao jogo, entregando a experiência definitiva da Idade Média.

Um detalhe interessante é que as roupas definem a interação do jogo. Se o protagonista estiver bem vestido, as chances das pessoas conversarem e revelarem informações aumentam drasticamente. O estúdio colocou muito empenho ao pensar em cada particularidade do game.

Pela Honra

Trocadilhos a parte, o sistema de combate do jogo usa For Honor como maior inspiração. Utilizando o layout de instâncias, o jogador precisa alternar as direções dos seus ataques para não ser trucidado. Outro elemento importante é a movimentação constante.

Diferente dos outros milhares de jogos do gênero, o combate de Kingdom Come: Deliverance não é tão simples e um erro pode e vai custar a vida do personagem. Existem diversos tipos de armas que influenciam no estilo de batalha, variando entre leves e pesadas. Essa variação possibilita caminhos diferentes nas batalhas, permitindo que o jogador foque em ataques rápidos ou ataques concentrados efetuados no tempo correto.

Vale mencionar que graças a estrutura aberta do jogo, existem inúmeras opções para completar as missões e o combate em muitas vezes mostra-se opcional. Caso a habilidade de Discurso seja melhorada o suficiente, o jogador pode levar tudo “na conversa”, evitando o conflito.

Sistema de Progressão que funciona

Diferente dos outros jogos do gênero, em Kingdom Come: Deliverance nós não evoluímos ao matar inimigos. A evolução de Henry vem em maior parte pelas escolhas realizadas durante o jogo ou durante determinada ação. A habilidade de leitura vai melhorar ao ler mais livros, a habilidade de Conversa vai melhorar ao falar com os NPCs etc. Esse sistema pode ser visto nos jogos da franquia The Elder Scrolls, a maior fonte de inspiração do Warhorse Studios.


Esse sistema inovador é muito bem vindo e funciona de forma natural. Apesar de ser um pouco mais complexo do que o sistema de matar por XP, depois de algumas horas investidas ele se torna intuitivo e garante uma imersão excelente ao jogo.

Como todo bom RPG, recomendamos escolher um estilo de jogo e se ater ao mesmo, tornando o jogo mais fácil. Caso o jogador persista por uma progressão mais “geral”, pode esperar por dificuldades na parte intermediária e final do jogo.

Perdendo o Fio da Espada

Apesar da excelência na liberdade, imersão e sistema de progressão do jogo, o mesmo não pode ter sido da parte técnica. Jogando na versão de Playstation 4, nos deparamos com inúmeros bugs, quedas de fps e crashs irritantes.

O que causa mais preocupação são os crashs aleatórios. Para quem não conhece o termo, crash é quando um jogo fecha repentinamente, ocasionando a perda de progresso. A situação é agravada em Kingdom Come: Deliverance pelo sistema mal pensado de salvamento. Para salvar o jogo de forma manual, é preciso consumir uma bebida. No entanto, o recurso é um tanto escasso e deve ser usado com cautela. Vale mencionar que o salvamento automático ainda ocorre no início de toda missão ou ao dormir.

As falhas técnicas são imperdoáveis, visto que o jogo já recebeu cerca de 60Gb de arquivos de correção. Outro problema específico para os brasileiros é a falta de uma tradução para o nosso idioma. O jogo não é recomendado para quem não tem conhecimento em Inglês, afinal, existem muitos diálogos e material para leitura.

Conclusão

Kingdom Come: Deliverance não é um jogo para todos. Ao se posicionar como um simulador medieval, fica claro que o game é voltado para um nicho específico. Apesar de oferecer uma experiência rica em detalhes, o jogo peca no quesito técnico, apresentando defeitos que prejudicam e muito a jogabilidade. O estúdio já implementou melhorias e prometeu ainda mais correções, então, os adeptos do RPG em primeira pessoa devem acabar gostando do jogo. É aconselhável esperar por um mês ou dois enquanto os patches de correção são implementados. Quanto aos amantes do RPG dinâmico com foco em ação, melhor pensar duas vezes antes de adquirir o game.

Essa review foi feita com uma cópia do game para Playstation 4 cedida pelo representante brasileiro da Deep Silver.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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1 Response

  1. janeiro 23, 2019

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