Review | Immortal: Unchained

Em 2015, a indústria de jogos celebra o lançamento de Bloodborne, uma espécie de sucessor da franquia Souls. Curiosamente, ainda naquela época os jogos deste estilo distinto permaneciam sendo considerados como títulos voltados para um nicho limitado. Três anos depois, dezenas de novas franquias reciclaram ou até reinventaram a fórmula da From Software, popularizando jogos estruturados de forma similar a Dark Souls.

A tentativa mais recente no estilo é Immortal: Unchained, um jogo ambicioso no papel que tentou reinventar a fórmula ao misturar elementos de shooters na receita da From Software. Com poucos pontos positivos e muitos negativos, abaixo você confere por que o novo projeto da Toadmen Interactive é uma ideia excelente porém mal executada.

Tempestade de Informações

A história do jogo une sci-fi com elementos apocalípticos gerando uma história recheada de clichês. Basicamente o universo está prestes a ser destruído graças a um evento catastrófico e cabe ao protagonista, considerado uma arma viva, por fim a ameaça. Ter clichês no enredo não é nada agravante e quase todos os jogos da indústria sofrem com isso, no entanto, o problema de Immortal: Unchained é como a história do jogo é contada. Diferente de seu “sensei” Dark Souls, a narrativa do jogo não é nada subjetiva e peca pelo excesso. Logo no início da aventura somos bombardeados de detalhes e informações, lembrando uma tempestade de informações apresentadas de forma confusa.

Além do excesso de informações, a história também peca em outro ponto. A falta de uma identidade própria. O enredo não tem particularidades o suficiente para tornar Immortal uma franquia consagrada ou até mesmo lembrada. Boa parte do roteiro já foi visto em outras franquias como Destiny e em outros produtos de entretenimento na linha sci-fi. Talvez um pouco mais de tempo e ousadia tornaria o núcleo narrativo do jogo mais atrativo e único.

Rambo Souls

O maior atrativo de Immortal: Unchained e sua maior forma de diferenciação é a jogabilidade focada nas armas de fogo. As armas brancas, de curto alcance, estão presentes, no entanto, o foco é em metralhar tudo que vier pela frente. A proposta é bem ousada e interessante, mas o estúdio acabou encontrando dois grandes obstáculos pela frente, os vilões execução e orçamento. Trazer a satisfação do combate da série Souls não é uma tarefa fácil e muito menos barata. É necessário diversos testes e principalmente tempo. Infelizmente o estúdio não levou isso em conta. A jogabilidade é responsiva, no entanto, a movimentação do personagem é desengonçada e não existe muita variedade no título.

Do começo ao fim, você estará fazendo a mesma coisa. Atira no inimigo, se esconde atrás de um pilar ou parede, atira novamente e por aí vai. Uma vez ou outra será necessário recuar caso um inimigo com armas brancas se aproxime. Como o jogo não apresenta um escudo ou um sistema de defesa, o personagem pode esquivar dos tiros, consumindo stamina, ou arranjar alguma proteção para não levar dano. Apesar de oferecer tipos variados de armas que vão de pistolas a rifles, as mecânicas de combate NUNCA mudam, nem mesmo durante as lutas contra os chefes, tornando toda a experiência muito decepcionante.

O único elemento diferencial no combate é que os inimigos, inclusive os chefes, apresentam pontos fracos geralmente localizados nas costas. O jogador precisa se esquivar e atirar rapidamente nestes locais, causando o dobro ou até o triplo do dano. Fora isso, o jogo sofre com a mesmice de atirar e se proteger, um defeito grave para um jogo que se caracteriza como um RPG.

Luz no Fim do Túnel

Apesar de conter defeitos significativos, Immortal: Unchained acerta em alguns pontos. O level design do jogo é interessante e contém cenários diversos indo de castelos, a florestas e calabouços high-tech. A exploração e os atalhos lembram bastante a série Souls, se tornando um dos poucos pontos positivos do jogo. Por falar em exploração, vasculhar cada canto do mapa quase sempre recompensa o jogador, seja com itens extremamente úteis ou armas mais fortes que tornam o combate mais fácil.

A progressão ocorre de forma similar a Dark Souls. Os inimigos dão “almas” que servem para melhorar o rank do personagem, aumentando status como força, resistência, etc. Os checkpoints são apresentados como Obeliscos, diferente das famosas fogueiras da série Souls. Estes sistemas são bem redondos e funcionam bem, diferente de praticamente todo o resto do jogo.

Mayday

Como se já não bastasse um storytelling precário e mecânicas de combate repetitivas, Immortal: Unchained sofre com a presença de problemas técnicos graves que prejudicam bastante a experiência do jogo. Alguns dos problemas presenciados foram congelamento de tela, quedas de frames agressivas e crashes abruptos sem nenhum motivo. Felizmente estes problemas podem ser solucionados com arquivos de atualização, no entanto, o estúdio deveria ter o bom senso de analisar se realmente seria uma boa ideia lançar o jogo no estado atual.

Conclusão

A sensação que Immortal: Unchained transmite é que foi um jogo feito às pressas lançado antes de ser finalizado. Por ser de um estúdio pequeno, é compreensível os prazos apertados e a ausência de recursos, o que é triste pois o jogo tem um potencial enorme. A ideia de aproximar shooters da fórmula souls é digna, no entanto, a execução acabou deixando a desejar. O jogo pode ser adquirido na Playstation Store (R$195,99), Steam (R$84,59) ou Xbox Live (R$174,00)

 

 

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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