Review | Hellpoint

Hellpoint é um Soulslike sci-fi desenvolvido pelo estúdio Cradle Games e publicado pela tinyBuild. O lançamento do jogo está agendado para hoje (30) no PS4, PC e Xbox One. Com muitas similaridades com o seu “pai”, a série Dark Souls, será que o jogo conseguiu assumir uma identidade própria e apresentar mecânicas de qualidade? É isso que você vai descobrir abaixo na minha review!

Aventura no Espaço

A história do jogo se passa em uma estação espacial abandonada, chamada de Irid Novo, e você deve descobrir os mistérios por trás de uma catástrofe quântica que implodiu tudo ao redor da estação. Bom, com a descrição já fica bem claro que a história é um tanto quanto complexa. Eu particularmente não sou um grande fã de elementos sci-fi, no entanto, a caracterização do ambiente e a argumentação do roteiro funcionam bem em Hellpoint.

Igualmente a Dark Souls, a narrativa não é entregue de maneira óbvia para você. É necessário coletar os fragmentos de informações através de interações com NPCs e claro, ao coletar os bons e velhos documentos espalhados pelos cenários. Em sua, seu personagem é criado pelo Autor, uma entidade poderosa que decide fazer algo para estabilizar a estação.

Se eu Fosse Você

Os elementos sci-fi de Hellpoint tiraram o brilho da história (pra mim), no entanto, é graças a essa temática que o estúdio canadense conseguiu implementar uma mecânica inovadora no gênero. A estação espacial realiza rotações frequentes, causando grandes mudanças na jogabilidade. Graças a esses eventos aleatórios, portas se abrem, novos inimigos surgem e recompensas até então bloqueadas passam a ser obtidas.

Este aspecto randômico traz um frescor interessantíssimo pra obra, mantendo o jogador sempre atento para as mudanças constantes do cenário. Outra “novidade” é que ao morrer, você tem a opção de retornar ao local do seu fracasso para recuperar tudo perdido, no entanto, você precisa enfrentar a si mesmo. Seu “clone” tem acesso as mesmas armas e habilidades que você, tornando o embate levemente desafiador.

Infelizmente a originalidade do jogo morre aí. O combate se inspira claramente em Dark Souls, no entanto, não apresenta nem metade da responsividade e fluidez presentes nos games da From Software ou em outros títulos como The Surge 2 e NiOh. Vale mencionar que é necessário levar em consideração o escopo do projeto e, claro, o orçamento e experiência do estúdio. Este é o primeiro projeto da Cradle Games, e, para uma primeira experiência, diria que eles fizeram um trabalho digno.

As Ferramentas do Caçador

Outro elemento positivo de Hellpoint é a escolha de progressão das armas e do personagem que foi adotada pelos devs. Você não melhora as armas em específico, mas sim componentes que podem ser aplicados em qualquer arma do jogo. Isso permite um maior grau de experimentação que traz uma variedade bem-vinda nos combates. A melhoria nas armas é dada pela proficiência, um sistema similar ao que ocorre em NiOh.

Hellpoint

Quanto mais você utilizar uma arma, maior sua proficiência com ela, aumentando seu dano e desbloqueando habilidades poderosas. Pra quem gosta de fazer e testar múltiplas builds, o game entrega uma quantidade satisfatória de opções, no entanto, não espere por combinações diferentes do que vimos em outros jogos do gênero.

Show de Horrores

Agora vamos falar sobre os desprazeres que tive jogando Hellpoint. Antes de mais nada, como mencionei acima, é necessário sempre levar em conta três pilares: a proposta, a experiência de quem fez e o orçamento que a equipe teve. Ao analisar cada um desses elementos, você já meio que consegue adivinhar os problemas presentes no título. Games do gênero Soulslike PRECISAM ser extremamente responsivos e o caso aqui é precisamente o oposto.

O hitbox é completamente zuado, causando uma frustração e eliminando o impacto dos combates. Outro detalhe que vai te incomodar bastante se você se importar com gráficos é que o game se parece com um projeto de PlayStation 3 e, não, infelizmente eu nem estou exagerando. Por fim, o level design. Parece ser fácil, mas, entregar um bom level design em gêneros como esse onde você não tem muitos indicativos de onde ir é uma tarefa cruel, onde muitos estúdios com uma vasta experiência não conseguem replicar.

Hellpoint

Este é o caso de Hellpoint. Em determinados trechos, tudo fica muito confuso e você não tem ideia do que fazer ou pra onde ir. O jeito é correr para o método de tentativa e erro até se encontrar no game e conseguir finalmente prosseguir. As batalhas contra chefes são primorosas e um dos pontos fortes do game, no entanto, o espaço que existe entre lutar contra criaturas poderosas e explorar os cenários é uma tortura, uma verdadeira passagem no inferno!

Conclusão

Se você não tem mais nada pra jogar ou for muito fanático pelo gênero e quer testar todos os exemplares possíveis, então, o título pode ser uma opção viável no lançamento. Caso contrário, fica a recomendação para aguardar um pouco mais por atualizações que tragam correções para os inúmeros problemas do game. Em seu estado atual, ele provavelmente vai te gerar mais frustrações do que prazer. Um elemento positivo para os jogadores brasileiros é a localização completa dos textos em nosso idioma, coisa que está deixando de ser um diferencial e se tornando uma obrigação nos games.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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