Review | Ghost Recon: Breakpoint

Um pouco mais de 2 anos depois do Ghost Recon: Wildlands, uma das maiores franquias da Ubisoft retorna com novas propostas, abordagens e um novo título – Ghost Recon: Breakpoint. Objetivando se tornar um dos maiores títulos da editora, entregando um vilão cinematográfico e sistemas promissores e robustos, Breakpoint acabou se revelando uma decepção enorme. Para saber por que achamos isso, acompanhe o resto de nosso texto.

Antes de mais nada, precisamos deixar claro: Breakpoint basicamente consiste na reunião de todos os jogos de mundo aberto da Ubisoft nesta geração. Todos os sistemas de loot, pvp e exploração vistos em títulos como The Division 2 e o antecessor Wildlands aparecem aqui, por bom e por mal. Como um grande fã e defensor da adição de elementos de RPGs nos jogos, eu gostei bastante da aproximação da franquia para essa robustez, permitindo uma maior personalização e um sistema de loot viciante. Entretanto, todavia, contudo, a Ubi pecou mais uma vez no que chamamos de Dimensão Global.

Com a proposta de tecer um imenso parque de diversões recheado de opções e liberdade, o estúdio acabou focando demais no tamanho/escopo do terreno, gerando diversas paisagens e localizações sem conteúdo ou com um conteúdo nem um pouco significante, gerando frustração, tédio e muita raiva. A melhor opção teria sido adotar uma Dimensão menor, permitindo uma inserção mais fácil de conteúdos e enxugando tempo no desenvolvimento, fazendo com que o estúdio focasse em coisas importantes como qualidade de roteiro. Muitas das missões neste novo título parecem ter sido escritas por um cachorro recém nascido… Achamos difícil de acreditar que seres humanos sentaram e escreveram missões tão tediosas e sem nexo.

Tentativa e Erro

É melhor você ter um checklist em mãos por que vai precisar. Segue os defeitos que já apontamos: Mapa grande demais e sem conteúdo, missões com roteiro de péssima qualidade. Agora vamos para uma das decisões mais criticadas do jogo. A necessidade de estar sempre online. Aqui, fica claro a tentativa da Ubisoft em transformar o jogo integralmente em um serviço, abandonando qualquer raiz offline.

Com desafios diários e semanais e o salvamento do progresso entre os componentes PvE e PvP, pode-se dizer que Ghost Recon: Breakpoint é a união de várias decisões nada populares e odiadas pelo consumidor de games. Pra completar o pacote do “bolo”, o jogo conta com uma série de microtransações opcionais que permitem o jogador comprar pontos de habilidade e armas poderosas para facilitar a jogatina. Vale mencionar que dá pra completar o jogo de forma tranquila sem gastar nenhum real, porém, a quantidade de microtransações existentes assusta e devem sim serem questionadas, afinal, estamos falando de um AAA full price, não um jogo gratuito.

Shooter Aprimorado

Por detrás da montanha de decisões ruins, Breakpoint de fato é um jogo incrível que representa uma excelente evolução em relação ao seu antecessor. Aqui, atirar e planejar ataques é uma atividade muito mais satisfatória, amplificada por um dos melhores sistemas cooperativos que já nos deparamos. Se aproximando de uma espécie de simulador de Forças Especiais, o stealth é amplamente incentivado e foi transformado em uma mecânica prazerosa de se utilizar. Se camuflar utilizando lama ou vegetação nunca foi tão intuitivo e divertido quanto agora.

A história, apesar de não conter uma identidade marcante quanto o seu antecessor que se passava na Bolívia, conta com um trunfo que de fato tornou a experiência muito melhor – o ator Jon Bernthal, que recentemente deu vida ao Justiceiro na série original da Netflix. Mesmo não tendo reviravoltas mirabolantes, a história aqui consegue ser mais empolgante do que o clichê visto no game prévio.

Conclusão

Com uma série de decisões ruins, nem mesmo o melhor membro das Forças Especiais consegue defender Ghost Recon: Breakpoint. Reunindo as principais práticas anticonsumidor da indústria, o jogo acabou gerando um backlash absurdo, prejudicando seu desempenho nas críticas e certamente nas vendas. Independente dos problemas, temos certeza de que a Ubi vai conseguir reverter a situação e transformar o jogo na experiência definitiva da saga, como já fez em tantas outras franquias. No mais, esperamos que a situação sirva de lição e que a empresa não deixe de ouvir os seus consumidores.

Este review foi feito com um código do jogo para Playstation 4 cedido pela assessoria da Ubisoft.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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