Review | FIFA 18 – Muitos gols e driblinhos!

A EA lançou na última semana mais uma edição da franquia FIFA e junto com ela algumas pitadas de tempero para melhorar a experiência de futebol virtual.

Sentindo a pressão do gramado

Dessa vez, tendo como garoto da capa o craque Cristiano Ronaldo, a apresentação inicial já te joga direto no meio do clássico de Madri entre Real e Atlético. O jogo está rolando e Griezman abriu o placar para os Colchoneros, enquanto CR7 empatou. É então que você assume os controles do time galáctico para tentar levá-lo a vitória.

Isso foi apenas para dar um gostinho do que FIFA 18 trouxe de novidade e, de cara, já se percebe uma maior preocupação com detalhes visuais de ambientação das partidas, como a torcida mais vibrante e participativa, além do detalhamento maior dos técnicos à beira do gramado. O gráfico em si não difere muito da versão lançada no ano passado, a primeira utilizando a engine Frostbite, o que não necessariamente é ruim, pois FIFA 17 já vinha com gráficos muito bons e detalhes até do suor do jogador.

Outro elemento novo perceptível é a opção de se manter na tela um cursor ao redor do jogador que está com a bola para auxiliar o direcionamento de passes e chutes (pode ser desabilitado). Esse é um recurso que a EA também utiliza na sua série de basquete, NBA Live, e é melhor que o estranho “tutorial” em tempo real da edição passada.

A interface dos menus iniciais praticamente não sofreu mudanças, com grafismo e posicionamento das opções muito semelhante. Muda, como não poderia deixar de ser, a tradicional trilha sonora de FIFA que a cada ano sempre traz novidades.

Passadas as introduções, é hora de ingressar nos modos de jogo.

Continuam presentes os modos online de Temporadas, Pro Club e Ultimate Team. Para jogar “offline” você tem a opção dos modos Carreira como jogador e treinador, além da continuação do bem recebido modo Jornada. Também continua a possibilidade de escolher seleções femininas.

O viciante modo Ultimate Team recebeu algumas melhorias como o modo Batalha de Elencos, mais tarefas periódicas para ganhar prêmios e a curiosa possibilidade de adquirir cards de jogadores históricos em diferentes fases da carreira, como Ronaldo Fenômeno na era “fit” do Barcelona, “forte” do Real Madri e Cascão da Copa do Mundo de 2002. Certamente continuará a levar os jogadores a perder horas montando os decks ideais, a era digital das figurinhas.

Há vida offline!

A história de Alex Hunter no modo Jornada retorna de onde parou (você tem a opção de importar os dados do FIFA 17), com direito a um “previously” digno das séries da Netflix. Para não darmos muitos spoilers, adiantamos apenas que nessa temporada o primeiro capítulo é no Rio de Janeiro e conta com uma legítima pelada numa quadra, ao melhor estilo futebol raiz!

Para aqueles que ficaram decepcionados pela drástica interrupção do modo jornada no FIFA 17, eis que a EA traz a resposta ao torná-la segmentada em episódios a cada nova edição. Agora também é possível personalizar o estilo de Alex, como penteados, tatuagens e adereços no uniforme.

Se a passagem de Alex pelo Brasil foi um “Brazilian fan service”, a dublagem totalmente em português também contribuirá bastante para cativar o público (apesar dos times brasileiros com elencos genéricos e da narração de Thiago Leifert e Caio Ribeiro continuar a soar muito estranha e forçada…).

Um modo que recebeu grande melhoria foi o Carreira, no qual você é também o manager do time podendo definir a escalação, tática e fazendo contratações. Foi justamente na parte das negociações que a EA trouxe a melhor evolução do jogo (calma, ainda falaremos da jogabilidade!).

Agora as transações são ambientadas em tempo real com o seu avatar de treinador sentado num escritório negociando diretamente com o técnico do outro time ou com o próprio jogador na hora de definir os detalhes do contrato. É uma experiência bem interessante estar numa sala, ainda que virtual, com Zidane, Guardiola ou Àrsene Wenger para discutir proposta pelos jogadores. Apenas tome cuidado para não fazer propostas irrisórias e ofender o rival, o que levará imediatamente ao fim da conversa!

Ambas as modalidades são uma demonstração da preocupação dos desenvolvedores da franquia na melhoria da experiência offline que vinha sendo ofuscada desde a implementação do Ultimate Team, ainda na geração passada dos consoles.

Bola rolando

Nenhuma novidade do FIFA é mais aguardada a cada ano quanto a mudança de jogabilidade. Sempre em busca de deixar as partidas mais reais, a cada ano a ansiedade dos fãs para saber o que realmente mudou só acaba quando se coloca a redonda no círculo central e damos o pontapé inicial. Porém, foi aqui que a EA talvez tenha exagerado na mão.

De início aquele jogador mais experiente irá sentir uma diferença no peso da bola, que deixou de ser tão viva e saltitante. Os quiques e os contatos da bola com os jogadores estão mais fiéis à realidade, mas confesso que em algumas ocasiões essa física me lembrou um pouco um jogo de futsal, cuja bola é mais pesada e menor que a do futebol de campo.

Essa dinâmica facilitou o controle do atacante com a bola no pé e proporciona mais dribles e jogadas de efeitos. Aqueles com habilidade extra nesse atributo como Neymar, CR7 e Messi terão grande vantagem sobre os defensores.

Aliás, de maneira geral o que se percebe é uma grande diferença entre a capacidade do atacante e o poder de marcação do zagueiro. Ficou muito mais difícil tomar a bola no “mano a mano”, chegando a ser desproporcional. Os chutes também pareceram mais fáceis, com os jogadores pegando “na veia” mais frequentemente. Não duvide que a EA ajuste essa calibração numa futura atualização, pois agora o que pude presenciar, principalmente online, foi uma chuva de gols, com partidas terminando em 6×4, 5×3 ou um incrível 5×5 (mais uma vez lembrando o futsal!).

Os goleiros também ficaram menos eficientes, o que na nossa opinião é um avanço, já que jogar contra Neuer, De Gea ou Lloris no FIFA 17 era um verdadeiro suplício. Não à toa uma carta desses goleiros no Ultimate Team era garantia de negociações milionárias.

Uma mudança benvinda foi a volta da cobrança de pênaltis sem o uso do direcional direito para se iniciar o movimento. Agora basta apertar o botão do chute que o cobrador irá correr em direção à bola, sendo dada a opção de controlar essa velocidade com os botões L2 e R2, no caso do PS4 (versão avaliada). Com isso, a penalidade máxima poderá deixar de ser uma estratégia da defesa para impedir um gol feito!

Conclusão

A preocupação no aprimoramento da experiência offline talvez seja uma estratégia da EA para convencer o consumidor a investir algo em torno de R$200 em um jogo que graficamente se parece muito com a edição anterior.

Aqueles que preferem jogar online acabam por ser obrigados a adquirir de qualquer forma, uma vez que o ambiente online da versão anterior vai se tornando aos poucos um deserto, sem contar a falta de atualização dos elencos, do desempenho semanal do jogador, etc.

Houve ainda um pequeno mimo para os fãs brasileiros com a dublagem em português do modo Jornada e um trecho da história passado no Rio de Janeiro. Isso não isenta o pecado de apresentar times brasileiros com elencos genéricos que mais parecem versões modernas da seleção brasileira de International Superstar Soccer (lembra de Allejo, Beranco e Gómez?).

FIFA 18 trouxe alguns bons avanços nos modos de jogo offline e tratou de manter a fórmula que vinha dando certo na parte online. Pecou na tentativa de facilitar os dribles, pois exagerou na dose e criou um desequilíbrio ataque/defesa, algo que pode ser corrigido em futuras atualizações.

De maneira geral, continua sendo um excelente simulador de futebol capaz de fazer o jogador se entreter, literalmente, por centenas de horas.

FIFA 18 foi lançado no dia 28 de Setembro e está disponível para PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360, PC e Nintendo Switch.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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1 Response

  1. Marcelo Doria disse:

    Não seria dibre?

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