Review | Far Cry New Dawn

Doa a quem doer, Far Cry é uma das franquias mais populares no gênero FPS. Inicialmente feita pela Crytek, a saga passou para as mãos da Ubisoft e cresceu absurdamente, conquistando uma legião de fãs e deixando vilões como Vaas e Pagan Min eternizados na mente dos jogadores.

Com um regime de lançamento anual, a empresa francesa se esforça para atualizar a franquia, injetando elementos inéditos que atiçam a curiosidade dos jogadores e tornam a experiência mais divertida e sólida. Foi nesse contexto que surgiu Far Cry New Dawn, primeiro game da série que atua como uma sequência direta do jogo antecessor.

Na abertura do título conhecemos a premissa da nova aventura: Jogamos com o Capitão, uma espécie de mercenário que trabalha em uma empresa de segurança que ajuda comunidades a se reerguerem após o Colapso. Pra quem não lembra, o Colapso é um evento que ocorre no final de Far Cry 5, onde o vilão Joseph Seed destrói a região com bombas nucleares. Como já mencionei acima, New Dawn atua como uma sequência direta, logo, sim, o destino de Joseph é revelado neste jogo.

O novo antagonista da série, ou melhor, antagonistas, são as gêmeas Mickey e Lou. Com um passado violento, as duas se tornam líderes dos Salteadores, uma facção brutal que pilha vilarejos e mata os habitantes. O objetivo é esse mesmo que você está pensando: meter bala nos Salteadores e eliminar as gêmeas.

Temperando a Fórmula

Não é nenhuma novidade que Far Cry New Dawn utiliza uma fórmula já batida pra atingir o sucesso comercial. Se você espera por mudanças drásticas que transformem o jogo em algo totalmente diferente dos antecessores, tenho notícias ruins pra você. Mas, apesar de apostar no que tem dado certo, o estúdio Ubisoft Montreal adicionou novos temperos na receita, tornando a experiência ainda mais agradável e com uma quantidade maior de conteúdo.

A adição de maior impacto se trata da Expedição, um novo modo de jogo que coloca o jogador em cenários icônicos como a Ponte Navajo para roubar suprimentos dos Salteadores. O objetivo é bem simples e direto: vá até o pacote de suprimentos, roube-o e corra até o ponto de extração, onde um helicóptero vai te retirar da área. As zonas são divididas por instâncias, no caso, uma tela de missão e necessitam de carregamento. Felizmente o jogo está muito bem otimizado no PS4 e os loadings são bem rápidos.

Outra mudança substancial foi uma maior adoção de elementos de RPG. Agora os inimigos e armas possuem um grau de raridade, indo de I até IV. Transformar o jogo em uma espécie de Shooter RPG foi uma sacada bem legal e que mostrou o potencial que a franquia pode atingir. Quem sabe um Far Cry a la Borderlands não seria a melhor escolha pro próximo título?

Eu já Estive Aqui

Apesar de ser um título inédito, a sensação que tive ao passar algumas horas em uma Hope County devastada é de que reaproveitaram o máximo possível de Far Cry 5. Não existe muito sentimento de algo inédito e sim de coisas recicladas que só receberam uma skin. Os animais são os mesmos, as localizações tiveram poucas alterações com exceção do Norte, os novos personagens não são muito bem desenvolvidos e/ou apresentados..

Sou um grande fã da saga e da Ubisoft, mas, a impressão que fica é de que o jogo foi feito as pressas e que foi originalmente pensado pra ser uma expansão do quinto título. Levei apenas 16 horas pra fazer 100% do jogo, cerca de 6 horas a menos que Far Cry 5. Claro que a duração mais curta foi repassada aos consumidores através de uma redução de preço generosa. O game que geralmente era vendido por R$200,00 passou a custar R$150,00.

Além dos diversos personagens mal desenvolvidos e da vasta quantidade de coisas recicladas, o sistema de veículos também me incomodou bastante. Existe uma lista de criação de veículos até robusta, mas, eles são praticamente inúteis. Um pouco antes da metade do jogo o jogador consegue viajar pelo mapa através de Viagem Aérea ou Transporte Rápido, opções muito mais práticas e rápidas que ir com um veículo.

Indicando o Futuro?

Uma surpresa bacana no jogo é um Easter Egg bem maneiro de Splinter Cell. Em uma das 7 expedições do jogo, podemos encontrar destroços de um avião do governo e dentro do avião caído, numa sala trancada, podemos encontrar a roupa de Sam Fisher.

Depois de aparecer em Ghost Recon Wildlands, e agora em Far Cry New Dawn, fica evidente que a Ubi tem alguma carta na manga envolvendo a franquia. Tudo indica que teremos o anúncio de um novo jogo na E3 2019.

Conclusão

Far Cry New Dawn traz inovações que casam bem com a franquia, deixando claro todo o potencial que a mesma pode atingir nos próximos títulos. Apesar de ter um desenvolvimento de personagens bem pobre, o game traz uma conclusão satisfatória para a história de Joseph e de sua crença, tornando o título obrigatório para quem jogou e gostou de Far Cry 5. A decepção fica por conta das gêmeas Mickey e Lou. O passado das duas é pouco explorado no jogo, deixando muita coisa vaga sobre como elas se tornaram quem são.

Apesar das pequenas falhas, o game justifica o valor de R$150,00 cobrado nele. É um standalone completo, com uma quantia generosa de conteúdo e diversão.

Esta análise foi feita com um código do jogo para Playstation 4 cedido pelo representante da Ubisoft.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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