Review | Far Cry 5

Far Cry 5 é o novo título de uma das maiores franquias da Ubisoft. Vindo de uma saturação da fórmula, o jogo foi projetado com a proposta de ser o mais ambicioso da série, interligando elementos tradicionais da saga com novas mecânicas. O jogo foi lançado no dia 27 de Março e encontra-se disponível no Playstation 4, Xbox One e PC.

O Enredo

Situado na fictícia Hope County, cidade do interior dos Estados Unidos no Estado de Montana, Far Cry 5 trás consigo um pano de fundo polêmico: o fanatismo religioso. A cidade foi ocupada pela seita Eden’s Gate, um grupo de fanáticos que começa a “purificar” a cidade.

O protagonista é apelidado de “Recruta”, um oficial recém formado da Polícia Federal norte-americana. O jogo começa com a tentativa de prisão de Joseph Seed, mais conhecido como O Pai, o líder da seita Eden’s Gate. Pela primeira vez na história da franquia, os jogadores podem personalizar o seu personagem, recurso “emprestado” de outro jogo da Ubisoft: Ghost Recon Wildlands. Apesar da limitação da personalização física, existe uma quantidade razoável de roupas para diferenciar o jogador durante o Modo co-op ou Arcade.

Com toda a comunicação do jogo voltada para o fanatismo religioso, logo surgiu a preocupação dos jogadores em relação ao tratamento do tema em questão. Infelizmente, a preocupação acabou resultando no esperado: a trama acaba se mostrando superficial e falha em impactar o jogador. Apesar de ser compreensível, a “Ubi” preferiu optar pelo caminho da diversão, deixando a reflexão de lado.

O vilão principal, Joseph, tinha tudo para ser um dos mais emblemáticos da saga, porém, o personagem mal aparece no jogo. Apesar do pouco tempo de “tela”, os momentos protagonizados pelo Pai são hipnotizantes, gerando diálogos inesquecíveis. O ator Greg Bryk fez um trabalho excelente em dar vida ao vilão, capturando a essência de Joseph com precisão.

Joseph Seed, O Pai

Além de Joseph, o game apresenta três outros vilões: Jacob Seed (O Soldado), John Seed (O Batista) e Faith Seed (A Sereia). Cada vilão secundário protege uma área e deve ser eliminado antes do confronto final contra Joseph. John e Faith foram bem construídos e apresentam histórias interessantes. Faith é a responsável pela Benção, uma droga que deteriora a mente das pessoas e as transformam em “Anjos”, humanos-zumbis raivosos. A única ressalva fica por conta de Jacob, o ex-militar da família. Infelizmente a construção do personagem ficou extremamente caricata, tornando-o desinteressante.

Faith Seed, A Sereia

O elemento que liga a família Seed são os abusos. Quando jovens, cada um dos personagens sofreu diversos tipos de abusos, tanto físicos quanto mentais, gerando personalidades sádicas e cruéis. O que é triste é que todos esses detalhes acabam sendo mal aproveitados pelos desenvolvedores, gerando uma campanha superficial e que poderia entregar um produto final simplesmente épico.

A Melhor Jogabilidade da Franquia

Após anos de experiência, a Ubisoft finalmente acertou em cheio no quesito jogabilidade. O processo de atirar é extremamente fluído, a direção dos veículos foi bem feita, a personalização das armas e veículos trazem estilo ao jogo e finalmente é possível personalizar o protagonista, aumentando a imersão de quem joga.

A adição que mais me deixou feliz no jogo foi a Pescaria. Apresentado como um minigame, pescar em Far Cry 5 é bem intuitivo e divertido. Não se surpreenda se você perder horas jogando iscas nos rios e lagos de Hope County. Fica uma dica valiosa: os peixes e as peles de animais podem ser vendidos por uma quantia considerável de dinheiro, facilitando o progresso no jogo.

Pegando emprestado mecânicas de Far Cry Primal, os animais ganham ainda mais destaque em Far Cry 5. O “queridinho” da maioria dos jogadores é Boomer, um cão farejador que localiza inimigos e animais próximos. No entanto, Chuchu (A Puma) e Cheeseburger (O Urso) roubam mais a cena e rendem boas gargalhadas. As missões secundárias roubam a cena no jogo e rendem momentos hilários. É possível presenciar um homem paranoico sendo abduzido por aliens, caçar o Pé Grande e levar uma grávida em trabalho de parto até uma moradora local.

A principal e melhor adição do jogo foi a possibilidade de fazer todas as missões ao lado de um amigo. O modo cooperativo torna o jogo muito interessante e divertido. A única ressalva fica pro progresso do jogador em relação as missões. O jogador convidado precisará refazer as missões, no entanto, os pontos de habilidade conquistados e o dinheiro ficam salvos. Ajudar um amigo é uma boa forma de acelerar a progressão no jogo.

Trilha Sonora Inesquecível

Palavras não podem descrever a sensação de destruir um complexo inteiro ao som de Slow Ride (Foghat). Essa é apenas uma das inúmeras experiências proporcionadas pela excelente trilha sonora de Far Cry 5. A Ubisoft não poupou dinheiro e adicionou músicas icônicas no game.

Além da famosa Slow Ride, é possível ouvir Bad Moon Rising (Creedence Clearwater Revival), Only You (The Platters), Barracuda (Heart), Rhythm of the Rain (The Cascades) e Amazing Grace.

Universo Arcade

O modo Arcade de Far Cry 5 é tão robusto que pode ser facilmente considerado um jogo separado. Com uma enorme liberdade criativa e milhões de elementos disponíveis para criar mapas, o modo é bem aproveitado pelos jogadores mais criativos. Existem releituras de CS, mapas de Half Life 2, Far Cry 4 e até mesmo um mapa que simula as condições do Battle Royale, a febre do momento.

Aproveitando-se da excelente jogabilidade do jogo, o Modo Arcade pode render muitas horas de diversão e uma infinidade de opções. Caso a Ubisoft capitalize bem este modo de jogo, pode se tornar um case de sucesso enorme para a empresa.

Um elemento interessante é que o Modo pode ser acessado durante a jogatina da campanha, basta encontrar uma das várias máquinas de arcade espalhadas pelo mundo. Um detalhe pequeno, mas bem pensado pelo time de desenvolvedores.

Conclusão

Far Cry 5 é um enorme passo na direção certa para a Ubisoft. Com a melhor jogabilidade da franquia, personalização e a possibilidade de desfrutar do jogo ao lado de um amigo, o sucesso do jogo estava mais do que garantido. Com pequenas adições pontuais e a utilização de elementos que fizeram sucesso em outros jogos da empresa, o estúdio conseguiu revitalizar a franquia e despertar o interesse do jogador. A grande ressalva vai para a superficialidade da campanha. A companhia francesa sentiu receio de arriscar muito num tema controverso e optou pela diversão e casualidade. A parte técnica do jogo também merece destaque. Os gráficos estão soberbos. Arrisco dizer que é o jogo em primeira pessoa mais bonito da geração atual. Os brasileiros também apresentam motivo de sobra pra celebrar, a localização do jogo está simplesmente brilhante, com dublagens impecáveis. Durante toda a minha jogatina em busca da platina (23 horas), encontrei apenas um bug no qual o NPC não queria entrar no carro. O jogo é recomendável para todos que buscam uma ótima experiência em mundo aberto e o troféu de Platina/Miletar é bem acessível e não demanda muito tempo.

Essa review foi feita com uma cópia do jogo para Playstation 4 cedida pelo representante da Ubisoft.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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