Review | Call of Duty: Black Ops 4

Call of Duty é sem dúvidas a maior franquia de FPS no mercado. Recordista de vendas por diversos anos seguidos, os últimos títulos da franquia acabaram deixando um pouco a desejar, falhando em adicionar componentes revolucionários que fizessem jus a importância da franquia. Para reverter o cenário de mesmice, o estúdio Treyarch resolveu apostar todas as suas fichas em Call of Duty: Black Ops 4, o jogo mais ousado da saga.

A decisão mais polêmica do estúdio foi optar pela remoção da campanha singleplayer, componente de grande importância para os fãs do gênero FPS. Ao anunciar que o jogo não contaria com uma campanha, muita gente reclamou bastante da decisão, mas a Treyarch não cedeu e a aposta acabou compensando e muito para o estúdio. A verdade é que apesar dos jogadores casuais gostarem do modo, boa parte dos fãs da franquia não se importam muito com o enredo do game, a preferência é pelos modos multiplayer e é aqui que Black Ops 4 brilha. Apesar do foco total no multiplayer, o game ainda conta com um pequeno conteúdo que pode ser jogado offline. Existem missões de introdução para os 10 especialistas do jogo, servindo como uma espécie de tutorial para cada personagem.

O Pilar da Franquia

Não é nenhum segredo que boa parte do sucesso de Call of Duty se dá pelo modo multiplayer. Funcionando como o pilar da saga desde os anos 2000, Black Ops 4 entrega uma experiência multiplayer autêntica, dinâmica e pela primeira vez, com um forte viés estratégico. Melhorando diversos aspectos do seu antecessor, Black Ops 3, o game conta com 14 mapas familiares aos fãs da saga, além de contar com o retorno do sistema de Especialistas. Das 10 “classes”, seis foram introduzidas no BO3, tornando o jogo mais familiar aos fãs que retornam a saga.

Além dos novos especialistas, dois novos modos de jogo foram adicionados: os modos Control e Heist. O Heist lembra bastante Counter-Strike, outro colosso do gênero FPS. No modo em questão, os jogadores começam a partida com uma pistola e vão alterando os equipamentos entre os rounds com o dinheiro obtido pelas mortes e cumprimento dos objetivos do mapa. A grande diferença em relação aos outros games da saga é que Black Ops 4 é muito mais tático, se aproximando mais de jogos como Rainbow Six Siege e se afastando da essência da franquia em si. As habilidades dos especialistas apresentam um grande papel nas partidas e podem significar a derrota ou a vitória da equipe. Além disso, o estúdio também alterou o TTK (Time To Kill), adaptando o jogo para o modo Battle Royale. Outra alteração foi a remoção da regeneração de HP, que agora passou a ser manual.

A cura manual acabou tornando inviável uma das principais mecânicas do MP chamadas de Rush. Nos títulos anteriores, os jogadores iam direto para o combate ou objetivo do mapa, tentando surpreender os adversários com ataques relâmpago. Com as mudanças na jogabilidade, rushar acabou se tornando suicídio, tornando as partidas mais cadenciadas e estratégicas. Apesar de ainda continuar mais dinâmico do que os seus concorrentes, esse é o Call of Duty mais cadenciado já criado, o que pode causar estranhamento nos marinheiros de primeira viagem. Não existem mais pulos duplos ou jetpacks que permitem os jogadores planarem, todo o combate acontece no chão, diferente do antecessor Black Ops 3.

Jogada de Mestre

Com a chegada de PUBG e Fornite, o famoso modo Battle Royale se tornou um fenômeno mundial, angariando milhões de jogadores pelo mundo. Como já era de se esperar, a Activision viu no modo uma grande oportunidade de trazer inovação na franquia e claro, aumentar e muito o potencial de vendas do game. Com partidas de duração menor do que o agora rival Fortnite, o modo Blackout de Call of Duty: Black Ops 4 brilha e com toda certeza é a melhor surpresa do novo título da Treyarch.

Com um mapa gigantesco, reunindo as principais localizações da história da saga, o modo conta até mesmo com a presença de zumbis que protegem equipamentos poderosos e que tornarão a sobrevivência do jogador, dupla ou quarteto mais fácil. Outra adição de destaque são os veículos aéreos, podendo ser pilotados pela primeira vez na história da franquia. O modo também conta com uma progressão independente, permitindo que o jogador escolha especializações cruciais para a sobrevivência e consequentemente, para a vitória. É possível até realizar missões específicas durante as partidas para desbloquear equipamentos e personagens especiais.

O grande triunfo do estúdio foi criar um modo Battle Royale com características próprias que o tornam ainda mais divertido que jogos como Fortnite e PUBG. Com uma quantidade absurda de coisas para se fazer, um sistema de progressão próprio e uma jogabilidade fluída, o modo Blackout será um assunto de destaque por muitos e muitos meses na indústria dos jogos.

A Volta dos que não Foram

Outro componente que retorna em BO4 é o famoso Zombies, parte fundamental dos últimos títulos da franquia. No novo jogo, a Treyarch decidiu dar ainda mais destaque para este modo de jogo, contando com uma narrativa própria e mecânicas novas. O modo acompanha três cenários: IX, que leva os jogadores até a Roma Antiga no meio de uma batalha no Coliseu, o cenário Voyage of Despair, que transporta os jogadores para o Titanic em pleno naufrágio e o cenário Blood of the Dead, ambientado numa enfermaria abandonada.

Os cenários são estruturados da mesma forma que os jogos antigos da saga, ou seja, espere por portas trancadas, eastereggs que só são revelados ao realizar tarefas específicas e um sistema de progressão completamente independente dos outros modos, adicionando novas armas, especializações, talismãs e elixires que tornarão a matança de zumbis mais fácil. A quantidade de conteúdo disponibilizado neste modo é de se assustar e mais cenários serão adicionados em expansões futuras.

Conclusão

Apesar de se afastar um pouco das raízes da franquia, o estúdio Treyarch fez um trabalho impecável em Call of Duty: Black Ops 4, afastando a saga da mesmice através de apostas arriscadas que acabaram compensando o risco. Com um modo Zombies recheado de conteúdos, um modo Multiplayer estratégico e o melhor Battle Royale do mercado, não existem dúvidas de que o jogo será um colosso de vendas. Ao meu ver, agora é o momento certo para a Activision investir ainda mais no setor de eSports e tornar Call of Duty um sucesso neste segmento.

 

Esta análise foi feita com uma cópia física do jogo (versão de Playstation 4) cedida pelo representante da Activision.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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