Review | Borderlands 3

Uma das franquias mais marcantes, se não a mais marcante, da proposta shoot and loot, Borderlands 3 chegou neste ano dividindo opiniões. Muitos criticaram o jogo de forma injusta por conta de ações realizadas pela Gearbox Software, a editora do título. Outros, esperavam um pouco mais de inovações no título que se parece demasiadamente com os seus antecessores graças ao visual apoiado pela técnica de cel-shading. Sem meio termos, confira a posição do Capacitor neste muro de divisão eletrônica que rendeu papo por quase dois meses.

Guess Who’s Back

O último Borderlands havia sido lançado em 2014, com o subtítulo de The Pre-Sequel, abordando eventos que aconteceram entre o primeiro e o segundo jogo. Apesar de ter sido lançado na atual geração de consoles, o game foi projetado originalmente para a geração passada, deixando claro o envelhecimento de uma fórmula que acabou se popularizando graças a outras franquias como Destiny.

Se tratando de uma saga muito cultuada pelos fãs e, de grande atrativo comercial, era evidente que a franquia ganharia um novo título na atual geração, culminando no produto deste review – Borderlands 3. Será que a adição de novas mecânicas, as quase um bilhão de armas, novos modos de jogos e personagens foram o suficiente para manter uma das sagas mais insanas de todos os tempos renovadas? Curiosamente, minha opinião é sim e não ao mesmo tempo. Mas vamos lá.

No quesito jogabilidade, o quarto jogo da franquia representa uma evolução considerável em relação aos seus predecessores. As armas estão mais responsivas e, como mencionado acima, existe uma variação absurda de equipamentos pra você brincar. Por exemplo, você consegue lançar mísseis teleguiados com uma pistola. Sim, é sério. A movimentação ficou desengonçada, permitindo que o jogador escale estruturas e deslize ao correr. Temos até um sistema de ping muito intuitivo similar ao de Apex Legends, trazendo coordenação para a jogatina com os amigos.

Como se já não bastasse, os novos Caçadores de Arcas trazem diferentes alternativas de combate, permitindo que o jogador escolha seu formato de combate preferido. Aqui temos opções pra quem gosta de combates mais físicos e de curta distância, pra quem curte eliminar as presas de distâncias consideráveis usando armas de fogo e até pra quem gosta mais de uma abordagem furtiva, utilizando gadgets. Apesar da variedade de combate, tudo funciona de forma extremamente intuitiva e familiar. Toda a estrutura construída nos títulos prévios está aqui, a diferença é que ela recebeu pequenos ajustes para se adaptar ao mercado atual.

Mais do Mesmo

Apesar das melhorias consideráveis em relação a jogabilidade, o mesmo não pode ser dito da campanha e estrutura do jogo. O que eu gosto de chamar de “Imensidão Vazia” continua presente, resultando em cenários vastos porém sem conteúdo significativo. Para piorar a experiência, o jogo é recheado de missões secundárias feitas sem nenhuma inspiração que mais irritam do que diverte. Se prepare para perseguir e completar objetivos completamente estúpidos que lembram quests da geração passada.

Esse inclusive é um dos principais problemas de Borderlands 3. Apesar de implementar mecânicas atualizadas em sua jogabilidade, o game foi estruturado seguindo o mesmo modelo dos jogos antigos, causando uma sensação de repetição e arcaísmo. Até mesmo a introdução do jogo está literalmente igual ao dos outros. Alguns podem até achar isso uma referência, no entanto, chamo de falta de inspiração. Dá pra se criar algo novo e empolgante repleto de referências clássicas.

Explorador Intergalático

É de conhecimento público que Pandora é a localização queridinha da franquia. O planeta serviu de cenário para todos os outros títulos da saga. No entanto, o estúdio decidiu inovar, colocando três novas localizações que apresentam a própria fauna e flora, trazendo uma diversidade muitíssimo bem-vinda. Promethea é uma cidade futurística com prédios imensos comandados por bandidos. Eden-6 aposta em pântanos e vegetações para abrigar monstros agressivos e bandidos perigosos. Já Athenas aposta no vintage, com templos japoneses do passado em meio a uma cadeia de montanhas.

Por trazerem a tão necessária diversidade ao game, cada localização acaba servindo também como um vislumbre, mostrando-se muito mais impactante e recheada de conteúdos do que a já batida Pandora. A adição de novos planetas acabou sendo um passo importantíssimo para o futuro da franquia, evidenciando o maravilhoso potencial que a saga pode atingir com o poder da nova geração.

Narrativa sem Primor

Novamente, a narrativa acaba sendo o maior defeito de Borderlands 3. A história do novo jogo é sem dúvidas a pior da saga, protagonizada por dois vilões extremamente sem graça. Os gêmeos Troy e Tyreen, inspirados em Streamers, não são nem uma sombra de Handsome Jack, um dos melhores antagonistas de todos os tempos. Pode ser repetição minha, mas, os jogos AAA atuais estão sofrendo do mesmo mal – a qualidade precária de roteiro. Os estúdios parecem estar priorizando componentes como jogabilidade e multiplayer e esquecendo da parte principal que atua na retenção dos jogadores – o roteiro.

Boa parte das missões de Borderlands 3 se tratam de “Fetch Quests” aquelas missões inúteis que ninguém aguenta mais. Agora resta esperar para que o próximo jogo da franquia apresente uma melhoria nesse quesito.

Conclusão

Com alguns tropeços, Borderlands 3 representa um passo importante na evolução da franquia, trazendo frescor em uma saga já datada. Apesar do componente narrativo não acompanhar as evoluções da jogabilidade, apresentando missões sem nexo que mais irritam do que divertem, o título sem sombra de dúvidas é o melhor já lançado para ser desfrutado na companhia de amigos. Até 2019, não existe um shoot and loot melhor para se jogar em co-op.

Esta análise foi feita com um código do jogo para Playstation 4 cedido pela assessoria da Gearbox Software.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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