Review | Beat Cop

É bem comum vermos produções policiais formatadas como filmes ou séries, mas, ironicamente, esse não é um tema tão explorado nos jogos eletrônicos. Tendo L.A Noire como o maior e melhor exemplo, o gênero policial acabou de ganhar um novo título graças ao 11 Bit Studios.

A produção do estúdio, chamada de Beat Cop, nos coloca na pele do detetive Jack Kelly, que foi acusado injustamente de cometer um crime. Como punição, Jack acaba sendo jogado para os confis das patentes policiais. Com um storytelling que lembra os programas policiais dos anos 80, cabe aos jogadores vivenciarem o dia a dia de um policial de patente baixa enquanto tenta provar sua inocência.

Logo na introdução do jogo podemos ver um prefácio deixado pelos desenvolvedores revelando que os programas policiais da década de 80 foram os grandes inspiradores do jogo que serve como uma espécie de tributo. A mensagem acaba servindo como um pedido de desculpas prévio, visto o conteúdo do jogo.

Espere por diversos diálogos racistas, cenas misóginas, e por aí vai. Apesar de ser um pouco compreensível a vontade dos desenvolvedores em entregarem uma experiência autêntica, talvez não fosse necessário entregar algo tão escancarado. Não se assuste caso você se sinta ofendido por alguma linha de diálogo ou alguma representação de cena.

Apesar dos fatores citados acima, o game tem um grande potencial! A jogabilidade consiste em multar pessoas, parar ladrões e ajudar pessoas necessitadas. O Dia Um coloca o protagonista conhecendo a quadra e se apresentando aos donos de negócios da região. O Dia Dois já coloca o jogador realizando atividades normais de policial como emitir multas, ir até lojas roubadas e perseguir os criminosos. As atividades apresentam uma meta que caso seja batida, garantem um bônus de pagamento ao jogador.

O interessante é que o jogo leva a experiência de ser um policial de ronda a sério. Ao multar alguém no jogo, é bem comum a pessoa oferecer suborno para que o oficial desconsidere a multa. O resultado depende apenas da índole de quem joga.

A Máfia também está presente como uma facção do jogo e é possível cumprir missões para o grupo. As tarefas são bem hilárias, pra não dizer insanas. Em um momento recebi uma missão que pedia para limpar a área externa de uma pizzaria por conta de um encontro dos Dons. Uma prostituta trabalhava na esquina da pizzaria e o jogador precisa mandá-la embora. Este é Beat Cop.

O que estragou a experiência pra mim foi o sistema de movimentação do jogo. A velocidade é bem deprimente e, apesar de ser possível correr, a barra de stamina acaba assustadoramente rápido, tornando o processo de se locomover um grande tédio.

Conclusão

Apesar da tentativa louvável, Beat Cop no geral deixa muito a desejar. Com mecânicas de jogabilidade repetitivas, conteúdos racistas e machistas desnecessários e problemas de performance, o jogo acaba ficando no campo da promessa. É recomendável esperar por correções e uma promoçãozinha pra tornar o título mais convidativo.

Esta análise foi feita com um código de Playstation 4 cedido pelo representante da 11 Bit Studios.


Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.