Review | Anthem

A BioWare é um dos estúdios mais conceituados do mundo quando se trata de jogos do gênero RPG. Responsável por Mass Effect, Baldur’s Gate, Neverwinter Nights e Dragon Age, a empresa tem estado em uma “fogueira” nos últimos anos por conta do lançamento atribulado de Mass Effect Andromeda. Agora, dois anos depois, o estúdio tenta se redimir com Anthem, uma propriedade intelectual inédita.

O Enredo

Antes do início da campanha de Anthem, uma facção chamada de Dominion atacou a cidade Freemark. As tropas da facção queriam acessar a relíquia dos Shapers chamada de Cenotáfio que estava embaixo da cidade. Eles acreditavam que ao controlar a relíquia, eles teriam acesso ao Anthem, uma ferramenta poderosa capaz de criar vida.

No entanto, ao ativar a relíquia, uma explosão enorme ocorreu, destruindo a cidade e dando origem a um cataclisma chamado de Coração da Raiva. Diante desses eventos, um Freelancer famoso chamado de Haluk decide compor um exército para desativar o Cenotáfio. O personagem do jogador está no meio desse exército, um recruta cumprindo sua primeira missão. Como já era de se esperar, a missão dá errado, as tropas são dizimadas por titãs e os freelancers entram em descrédito.

Depois de toda essa confusão, nosso personagem permanece sendo um Freelancer, cumprindo contratos para as pessoas do Fort Tarsis, a nova cidadela. No geral, a história da campanha diverte bastante e apresenta muitos momentos cinematográficos que lembram o filme Círculo de Fogo. O que decepciona é que após um tempo, as missões secundárias acabam sendo mais do mesmo, apresentando os mesmos objetivos e se passando nos mesmos cenários. Isso é inaceitável para um RPG desse porte.

I am the Iron Man

Qualquer geek que goste do Homem de Ferro vai amar Anthem. Apesar de conter diversos problemas que serão abordados em breve, a BioWare acertou em cheio no gameplay, entregando um dos combates mais dinâmicos da geração, além de apresentar uma excelente mecânica de voo que dá uma grande sensação de liberdade.

Houston, nós temos VÁRIOS problemas!

Infelizmente, os acertos de Anthem se encerram na campanha cinematográfica e na jogabilidade fluída. Atualmente o game apresenta um oceano de problemas que não apresentam a menor justificativa vide o orçamento e a escala do projeto. Joguei 4 fortalezas seguidas e tive o mesmo problema nas quatro: não conseguia interagir com baús, portas ou reviver amigos. O problema só foi solucionado após fechar o jogo e abrir novamente.

Também vivenciei o famoso crash/brick e meu console só ligou novamente após 4 minutos bem desesperadores. O erro é um absurdo sem tamanho e completamente sem justificativa vide a expertise da BioWare. Glitches nas missões também são frequentes, assim como um sistema de loot quebrado e equipamentos com status totalmente imprecisos. É impossível qualquer tentativa de defesa ao jogo diante da quantidade colossal de problemas que prejudicam e muito a experiência com o título.

Como se já não bastassem os inúmeros problemas técnicos, Anthem sofre com um defeito recorrente dos living games: a falta de conteúdo. Existem pouquíssimas atividades de endgame, diminuindo e muito a atratividade do título e fazendo com que os jogadores percam o interesse pelo mesmo rapidamente.

A certeza que fica é que o lançamento do jogo foi MUITO apressado por parte da EA. O título dava pra ter ficado no mínimo mais uns 4 a 6 meses em desenvolvimento. A beta fechada deixou evidente que as coisas não estavam tão bem quanto deveriam, mas, infelizmente, o estúdio optou por pagar pra ver e o resultado foi catastrófico.

De Olho no Futuro

A esperança do jogo reside nos Atos, expansões colossais que trarão bastante conteúdo ao título como raids, novos itens cosméticos, novos equipamentos e missões. Vale mencionar que essas adições serão completamente gratuitas, o que aumenta a empolgação pelo conteúdo.

A dúvida é se os novos conteúdos chegarão a tempo para salvar o jogo, vide a incrivelmente apertada janela de lançamento do mês de Março. Com grandes títulos como Devil May Cry V, Sekiro e The Division 2 a caminho, vai ser uma missão quase impossível manter Anthem relevante para os jogadores. Ainda mais após os diversos problemas que o jogo vem sofrendo.

Com o fraco desempenho do jogo, até o futuro da BioWare entra em cheque. Agora são dois fracassos seguidos da empresa, o que certamente deve gerar muita pressão nos executivos visto o descontentamento dos investidores. Não se assustem se a EA decidir encerrar o estúdio de forma abrupta nos próximos meses.

Conclusão

Anthem é um jogo promissor que teve seu lançamento apressado pela publisher. Com uma jogabilidade excelente, o jogo acabou se esbarrando em um emaranhado de problemas técnicos imperdoáveis. Agora resta esperar por atualizações que trarão mais conteúdo e soluções para os problemas do título.

Esta análise foi feita com um código do jogo para Playstation 4 cedido pela EA.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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1 Response

  1. junho 29, 2021

    […] Anthem já está disponível no PS4, PC e Xbox One. Você pode conferir nosso review do jogo aqui. […]