Resenha | Uma Certa Crueldade – Sophie Hannah

A britânica Sophie Hannah já é conhecida pelas suas obras de caráter investigativo/policial. O prestígio da autora é tanto que ela foi a primeira escritora a receber autorização para escrever uma nova aventura do lendário Hercule Poirot, que resultou no livro Os Crimes do Monograma. Sua nova obra, entitulada de Uma Certa Crueldade, marca o retorno do casal de detetives Simon Waterhouse e Charlie Zailer, dupla que esteve presente em outros dois livros da autora: A Vítima Perfeita e A Outra Casa.

O enredo da nova obra gira em torno de Amber Hewerdine, uma mulher que sofre de graves problemas de insônia e ansiedade por conta da morte de sua amiga. A amiga, que morreu em um incêndio suspeito, deixou dois filhos que ficaram sob custódia de Amber e seu marido Luke. Buscando solucionar seus problemas mentais, Amber decide buscar ajuda de um hipnoterapeuta, fato que acaba gerando toda a trama do livro.

Ao ir para a sua consulta, Amber acaba se esbarrando na detetive Charlie e lê uma frase misteriosa no caderno da detetive: “Gentil, Cruel, Certa Crueldade“. Durante a sua sessão com o hipnoterapeuta, Amber repete a frase diversas vezes, situação que transforma posteriormente em uma pessoa de interesse na morte da professora Katherine Allen. Curiosamente, a professora Katherine também foi morta em um incêndio, assim como a amiga de Amber. As palavras murmuradas por Amber estavam escritas em um papel encontrado no local da morte de Katherine.

Com diversas reviravoltas, o livro não é apenas mais um suspense policial graças a genialidade da autora. A medida que a solução do crime é procurada, a autora meio que se debruça sobre as características psicológicas de seus personagens, gerando uma sofisticação para a obra. A medida que o limite entre fatos e memórias são explorados, fica evidente uma certa fragilidade da mente humana, visto que muitas vezes os fatos são distorcidos para se adaptarem a nossa própria narrativa. Graças a essa imprecisão da mente humana, as reviravoltas são um elemento marcante da trama, lembrando até as obras de Harlan Coben que são recheadas de plot twists.

A relação dos detetives Simon e Charlie também é “examinada” sob o ponto de vista psicológico, o que adiciona mais complexidade a obra. Por muitas vezes, os dois se veem em lados opostos na história, embaralhando ainda mais a trama e deixando o leitor em dúvida do que acreditar. Apesar de ser um livro consideravelmente grande para o gênero, mais de 400 páginas, o ritmo estabelecido pela escritora torna a leitura dinâmica e prazerosa, gerando muitos momentos de perplexidade graças as reviravoltas e aos personagens complexos da obra.

Mais do que um simples romance policial, o livro Uma Certa Crueldade chega a ser um ensaio sobre a mente e as emoções humanas. Sophie Hannah brilha mais uma vez, provando ser uma das melhores e mais sofisticadas escritoras da atualidade.

No Brasil, Uma Certa Crueldade é publicado pela Editora Rocco e pode ser adquirido na Amazon.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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