Resenha | Um Tom Mais Escuro de Magia – V. E. Schwab

Não é preciso gostar de fantasia para que, pelo menos uma vez na vida, você tenha desejado viajar para outro universo. Outra dimensão.

Foi com esse desejo íntimo que a escritora americana Victoria Schwab deu vida à trilogia Um Tom Mais Escuro de Magia, tendo como continuação Um Encontro de Sombras e A Conjuring of Light (terceiro livro ainda não publicado no Brasil).

No primeiro livro, somos apresentados a um universo com quatro dimensões diferentes, exceto o fato de que em todas elas nós temos a famosa Londres. Kell é um Viajante – mago com a rara habilidade de viajar entre as dimensões. Ele é responsável por levar e trazes correspondências de uma Londres a outra, fazendo a ponte entre os reinos e seus respectivos reis.

Para diferenciá-las, o personagem as nomeia por cores: Londres Cinza, a mais próxima da nossa realidade por não usarem magia; Londres Branca, governada por gêmeos violentos, fazendo com que o uso da magia se torne uma arma perigosa; Londres Vermelha, a residência de Kell, e a dimensão mais próspera, com magia e equilíbrio; e, por último, a Londres Preta, destruída pelo excesso incontrolável da magia.

Schwab sabe envolver o leitor desde o início. Com uma narrativa fluída e inteligente, nos apresenta o universo criado por ela em simultânea apresentação dos personagens. Apesar de ser escrito em terceira pessoa, o livro intercala pontos de vista diferentes, às vezes apresentando ao leitor uma informação que nem mesmo os personagens fazem ideia. Isso, agregado aos capítulos curtos, cria um dinamismo capaz de fazê-lo devorar o livro em pouquíssimo tempo.

Os ambientes são bem detalhados, fácil de encaixar o leitor no espaço retratado. A construção dos personagens acompanha o ritmo da história, nos dando informações do passado ao passo que nos apresenta a personalidade surgida em decorrer disso.

Kell é cativante, embora seja difícil resumi-lo em uma única característica. Nós conhecemos sua versão profissional e familiar, como também seus erros. Apesar de disciplinado, o personagem tem como hobby o contrabando entre as dimensões, fazendo trocas de itens com colecionadores. Num desses serviços, ele acaba em posse de uma pedra poderosa, capaz de realizar todos os desejos – mas a um preço.

É aí que, de fato, a magia acontece.

Somos finalmente apresentados a Lila, uma ladra da Londres Cinza. Enganado pela jovem e em seguida obrigado a leva-la para sua casa, Kell vê suas vidas se interligando. Dessa forma, vemos a interação entre dois personagens completamente diferentes, sendo Kell mais paciente, retraído e pensativo e Lila impulsiva, arrogante e divertida – todas as cenas de comédia partem dela.

Juntos, descobrem que o último contrabando de Kell era, na verdade, uma armadilha, e agora precisam fugir daqueles interessados na magia negra ao mesmo tempo que procuram uma forma de impedir que caia em mãos erradas.

O livro é uma fantasia YA (Young Adult) bem construída e focada. Os pontos se interligam e todas as perguntas encontram respostas. O menos positivo dessa obra é o fato que, por haver continuação, espera-se do final uma ponta solta, para que aja o desejo urgente de possuir o próximo. No entanto, o fim é suficiente para a história.
Não sei se Schwab quis dar a oportunidade de quem gosta de livros únicos ler sua fantasia, mas, de qualquer forma, é uma ótima pedida para os amantes do estilo.


Sinopse:

Um universo de aventuras audaciosas, poder e múltiplas cidades de Londres Kell é um dos últimos Viajantes — magos com uma habilidade rara e cobiçada de viajar entre universos paralelos conectados por uma cidade mágica. Existe a Londres Cinza, suja e enfadonha, sem magia alguma e com um rei louco — George III. A Londres Vermelha, onde vida e magia são reverenciadas, e onde Kell foi criado ao lado de Rhy Maresh, o boêmio herdeiro de um império próspero. A Londres Branca: um lugar onde se luta para controlar a magia, e onde a magia reage, drenando a cidade até os ossos. E era uma vez… a Londres Negra. Mas ninguém mais fala sobre ela. Oficialmente, Kell é o Viajante Vermelho, embaixador do império Maresh, encarregado das correspondências mensais entre a realeza de cada Londres. Extra-oficialmente, Kell é um contrabandista, atendendo pessoas dispostas a pagar por mínimos vislumbres de um mundo que nunca verão. É um hobby desafiador com consequências perigosas que Kell agora conhecerá de perto. Fugindo para a Londres Cinza, Kell esbarra com Delilah Bard, uma ladra com grandes aspirações. Primeiro ela o assalta, depois o salva de um inimigo mortal e finalmente obriga Kell a levá-la para outro mundo a fim de experimentar uma aventura de verdade. Magia perigosa está à solta e a traição espreita em cada esquina. Para salvar todos os mundos, Kell e Lila primeiro precisam permanecer vivos.

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