Resenha | O Labirinto dos Espíritos – Carlos Ruiz Zafón
Foi lançado em todo Brasil, a quarta parte da série Cemitério dos Livros Esquecidos, O Labirinto dos Espíritos.
Escrito brilhantemente pelo espanhol Carlos Ruiz Zafón e publicado pela editora Suma das Letras, somos transportado a uma Barcelona pós Franco, numa conclusão épica e abarretadora.
Vale lembrar que a saga se iniciou com A Sombra do Vento e teve continuação nos livros O Jogo do Anjo e O Prisioneiro do Céu.
– A História
Na trama acompanhamos o primeiro-ministro da Espanha, Maurício Valls – o diretor da prisão Montjuic, bastante citado no terceiro volume -, receber uma correspondência e sair no meio da noite com seu guarda-costa. Dias depois, sem qualquer notícia deles, Valls é dado como desaparecido e é quando entra em cena a competente Alicia Gris, que apesar de sua desconfiança precisa unir forças com a polícia para solucionar o caso.
Entretanto, a Espanha ainda possui muitos fantasmas da guerra e essas forças ocultas não medirão esforços para colocar perigos no caminho de Alicia e eliminar de uma vez por todas a existência de Valls.
– Os Personagens
Quem se atrever a visitar as páginas do Labirinto dos Espíritos, poderá conhecer novos personagens intrigantes, como: Vargas, o destemido policial; Fernandito, o fiel escudeiro de Alicia; entre outros.
Para aqueles mais saudosistas, aqui nos reencontramos com os nossos queridos Sempere – Daniel, Bea, Julian; além do inconfundível Fermin e o controverso Maurício Valls.
Contudo, quem rouba todas as cenas é a enigmática e estonteante Alicia Gris. Ao fazer da vida sofrida o combustível necessário para a sobrevivência, ela passou a contar consigo mesma para se tornar uma das melhores investigadoras que já se teve notícia. Com hábitos por vezes condenáveis e sem meias palavras, ela utiliza-se das trevas para enfim trazer à luz a todos os mistérios da narrativa.
Vale destacar a ambiguidade de todos os personagens. Ninguém é 100% herói e nem totalmente vilão. O que torna ainda mais fascinante a leitura, afinal cada um tem seus próprios mistérios e fantasmas, o que os torna muito humanos.
– Opinião
O Zafón é um daqueles escritores que nos entregam a alma e isso fica evidente em cada uma das mais de 700 páginas desse quarto volume do Cemitério dos Livros Esquecidos.
Com uma trama surpreendente que se diferencia dos outros volumes por ter fortes características de um romance policial, a obra não decepciona em nenhum momento ao entregar um desfecho digno da série.
Vale lembrar que o Labirinto dos Espíritos é o último volume de uma quadrilogia e o mais surpreendente é que nenhum personagem foi esquecido ao encontrar seu próprio final.
Se vocês tiverem que escolher um único livro esse ano, não tenham dúvidas de que Zafón é a escolha a ser feita.
– Sinopse
Madrid, anos 1950. Alicia Gris é uma alma nascida das sombras da guerra,que lhe tirou os pais e lhe deu em troca uma vida de dor crônica. Investigadora talentosa, é a ela que a polícia recorre quando o ilustre ministro Mauricio Valls desaparece; um mistério que os meios oficiais falharam em solucionar. Em Barcelona, Daniel Sempere não consegue escapar dos enigmas envolvendo a morte de sua mãe, Isabella. O desejo de vingança se torna uma sombra que o espreita dia e noite, enquanto mergulha em investigações inúteis sobre seu maior suspeito — o agora desaparecido ministro Valls. Os fios dessa trama aos poucos unem os destinos de Daniel e Alicia, conduzindo-os de volta ao passado, às celas frias da prisão de Montjuic, onde um escritor atormentado escreveu sobre sua vida e seus fantasmas; aos últimos dias de vida de Isabella, com seus arrependimentos e confissões; e as intrigas ainda mais perigosas, envolvendo figuras capazes de tudo para manter antigos esqueletos enterrados.