Resenha | Nua e Outros Poemas – Dayane Tosta

O que é a vida? Se não um conjunto de vivências que nos levam até a descoberta da nossa própria alma. E como essa descoberta é possível, se não for através das emoções que nos permitimos sentir.

Nos caminhos da vida, nada desperta tanto nossas emoções quanto a poesia. Através dela podemos sentir a simplicidade e acalentar o nosso coração. E é com o objetivo de convidar as pessoas para refletirem sobre a importância de viverem suas emoções que a escritora Dayane Tosta nos presenteia com seu livro Nua e Outros Poemas.

Dayane Tosta

Lançada pela editora Vecchio, parceira do Capacitor, a obra apresenta três fases da vida da autora: quando ela conheceu o amor romântico (vestígios do encantamento), o momento da desilusão (destroços da desilusão) e a descoberta do amor próprio (epifania da serenidade). Em cada fase, Tosta apresenta poesias profundas que ilustram cada momento por ela vívido e que, pela temática, farão com que muitos leitores se identifiquem e suspirem a cada verso lido.

A leitura dessa obra foi uma surpresa para mim, afinal não tenho o hábito de ler esse gênero. Ao longo do texto fui relembrando meus próprios processos e me identifiquei com muitas poesias, a exemplo da “Coisas que aprendi com calma“.

Coisas que aprendi com calma O sofrimento nasceu do excesso do apego O apego é fruto do desejo O desejo surgiu por conta de uma carência A carência vem daquilo que não tenho O que não tenho criou um mecanismo de projeções sobre o outro Naturalmente o outro não corresponde a todas as projeções Daí surge a frustração. O segredo, então, é fugir do apego Mas ninguém ainda descobriu como se faz isso.

Foi uma experiência diferente e gratificante, por possibilitar que os leitores interpretem a sua maneira os textos trazidos e ofereçam a todos, a chance de simplesmente sentir.

Nua e Outros Poemas é, antes de mais nada, revolucionário. Por apresentar, em um mundo cada vez mais anestesiado, os sentimentos como condição para o nosso crescimento. Além disso, fala sobre o papel da escrita em nossa jornada de descoberta. Por fim, o livro merece ser livro, para que a gente possa conhecer a escrita de uma jovem escritora, que nos ofereceu, de forma leve e profunda a beleza da própria alma.

Nua Eu escrevo para me ver nua Diante do espelho das palavras A minha alma se reflete Eu escrevo para desatar os nós Deixar fluir essa sangria Expulsar todos os medos Eu escrevo porque doi E toda dor é necessária Respiro cada sensação Eu escrevo porque me curo Enquanto faço a digestão De cada amargura Eu escrevo para me entender E me reconciliar comigo mesma Diante do abrigo da palavra

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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