Resenha | Nevernight – A Sombra do Corvo (Jay Kristoff)

Os livros que amamos nos amam de volta. E assim como nós marcamos a nossa posição nas páginas, as páginas deixam marcas em nós.

Vingança, sangue e um rastro de mortes. Esses são os ingredientes que ditam a guerra entre a luz e a escuridão, na trama do livro Nevernight – A Sombra do Corvo, do autor Jay Kristoff.

Jay Kristoff

Primeiro volume da trilogia Crônicas da Quasinoite, Nevernight – A Sombra do Corvo chega ao Brasil pela editora Plataforma 21. Na história somos apresentados a Mia Corvere, uma jovem que ainda criança viu sua família ser brutalmente assassinada pelo Cônsul Scaeva, em decorrência de uma insurreição, que pretendia por fim a arbitrariedade da República e seus adoradores do Deus Aa (senhor da Luz). Agora, ela quer vingança e as sombras que a habitam estão com fome, mas para alcançar sucesso na sua empreitada nossa jovem precisará descobrir os mistérios da Igreja Vermelha e se tornar uma Lâmina, fiel seguidora de Niah – a Deusa da Noite.

Escuta-me, Niah. Escuta-me, Mãe. Esta carne, o teu banquete. Este sangue, o teu vinho. Esta vida, este fim, minha oferta a ti.

Caro leitor, aqui vai um conselho, se vocês não querem ser atraídos para uma trama na qual as Sombras são protagonistas, as Luzes vilãs; e ainda, repleta de traição, roubos, luxúria e mortes… muitas mortes, não abra esse livro. Pois, já nas primeiras folhas o sangue escorrerá e será impossível largar esse livro alucinante e com personagens misteriosos e ricamente construídos.

Jay Kristoff bebe de fontes inspiradas na idade média e da expansão romana para criar uma distopia onde ninguém está a salvo. A cidade e o sistema político já estão postos, isso incomoda um pouco, pois nos deixa com muitas perguntas sem respostas nesse primeiro volume. Os personagens em si, são uma atração a parte, afinal mesmo que a gente não conheça suas motivações a fundo; sabemos o necessário para nos apegarmos e elegermos os nossos favoritos. As 603 páginas são dividas em três partes e ainda assim, são devoradas em um único fôlego, graças a uma trama repleta de ação e que nos reserva grandes surpresas, capazes de nos deixar de queixo caído e com um ódio mortal, dignos de um verdadeiro Lâmina.

Se você não consegue ferir quem te fere, às vezes serve ferir qualquer um.

Chama atenção na edição da obra, a baixa qualidade das páginas. Apesar da capa ser incrível e ter um bom acabamento, as folhas são finas, o que faz com que os textos de uma se sobressaiam na outra. Também tem um erro ou outro de ortografia, mas nada que atrapalhe a leitura.

Kristoff criou um universo inteiramente novo e incrível, capaz de gerar inúmeras histórias e ainda assim, ser como se fosse nossa primeira visita a ele. A brutalidade da história de Nevernight agradará em cheio aqueles que buscam sangue, mas também chamará atenção dos fãs da idade média e dos amantes de Talkien

Marcas de escravo. Tatuagens. Cicatrizes. A sua aparência não muda quem você é por dentro. Eles podem te dar um rosto novo, mas não podem te dar um coração novo. Não importa o que tirem de você, eles só podem tirar se você deixar. Essa é a verdadeira força … Esse é o verdadeiro poder.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.