Resenha | Mil Pedaços de Você – Claudia Gray
Romance. Ficção científica. Romance.
Mil Pedaços de Você é o primeiro livro da trilogia Firebird, escrito por Claudia Gray (autora de Meia Noite e de três romances de Star Wars). Envolvendo assassinato e viagens entre dimensões paralelas, nada poderia dar errado, certo? Errado.
A história começa empolgante, partindo da cena em que a personagem principal, Marguerite Caine, sofre pela morte do pai, assassinado por Paul Markov, amigo próximo da família. Os pais dela são dois físicos renomados, criadores do Firebird, dispositivo que possibilita viagem entre dimensões. Por ser escrito em primeira pessoa (pela filha do casal, mais ligada a Artes que Física), explicações que exigiriam certa profundidade se perdem por falta de informação, tornando-se raso.
Depois de me decepcionar com Crave em Marca, na questão “ficção-científica”, fiquei feliz em ver o tema melhor abordado aqui. Acompanhada do amigo, Marguerite embarca numa perseguição dimensional, querendo vingar a morte do pai. A possibilidade dessas viagens enche os olhos, conseguinte, temos a expectativa da aventura. Enquanto acompanhamos a garota se autoconhecendo a cada dimensão habitada, também somos apresentados a outras versões do mundo “original”: uma Rússia vivendo sob o governo de czares e outra Londres onde as projeções holográficas superaram celulares.
Os pontos positivos acabam por aí, porque a autora se perde no romance pouco desenvolvido. Mesmo com provas concretas de que Paul Markov é o assassino, com apenas um “olhar de inocência”, Marguerite desiste das convicções e passa a querer provar a inocência do rapaz. Isso seria aceitável se a personagem não fizesse suas escolhas sempre pensando pelo lado emocional. Praticamente metade do livro é inútil, porque os momentos vividos não agregam em nada, servem unicamente para confirmar a paixão antes recolhida. Durante essa narração não temos nenhuma resposta, nenhum ponto gatilho, nenhuma dica do que está por vir.
Gostei, porém, que detalhes iniciais foram importantes nas descobertas finais. Cheguei a pensar que alguns estavam ali para encher linguiça, então, eis que são retomados para responder todas as dúvidas. Por outro lado, apesar de achar crível e preocupante o real perigo da história, de fato o romance conseguiu enfraquecer tudo. Senti muita inocência e infantilidade em algo com potencial para dar muito certo se tratado com prioridade.
Ainda assim, seguirei na leitura até o final da trilogia, na esperança de que o romance seja superado pela verdadeira problemática; me pareceu digna da insistência.
