Resenha | Eleanor & Park – Rainbow Rowell

Logo após sua publicação em 2012, Eleanor & Park fez sucesso pelo mundo, aumentando a legião de fãs da americana Rainbow Rowell. Recentemente, a editora Seguinte adquiriu os direitos de publicação da autora aqui no Brasil e está relançando suas obras, começando por esse romance YA (Young Adult).

Rainbow Rowell

Eleanor é nova na pequena cidade e sua aparência parece contribuir para atrair ainda mais atenção, é o que pensa Park, um garoto asiático de dezesseis anos que prefere mergulhar em quadrinhos e música a participar do mundo adolescente acontecendo a sua volta. É o gosto em comum que, de forma estranha e gradativa, aproxima os dois jovens. A relação não parece possível até que ambos se dão conta de que vale a pena arriscar algumas coisas pelo primeiro amor.

Rowell é reconhecida pela escrita leve e atrativa, personagens reais, fiéis e casais memoráveis. Mas também se tornou a queridinha dos leitores por ser o refresco dentro da dureza padronizada. Seus livros são composto de complexidade jovem e adulta e uma diversidade espontânea.

Apesar de sofrer bullying por sua aparência – ruiva, gorda, estilo de roupa peculiar – Eleanor é divertida para se acompanhar. Infelizmente, todas as piadas são apenas mais um motivo para sua insegurança, já que ela e a família sofrem o abuso físico e psicológico do padrasto. A condição abusiva é o tapete perigoso que envolve o livro do início ao fim, sendo razão para tomadas de decisões angustiantes que levam o leitor a ficar tenso.

O romance é construído de forma dinâmica, as referências de literatura e música são emocionantes para o casal, além de nostálgica para quem está lendo, indo de músicas do U2 até quadrinhos de Watchmen. A ambientação reduzida entre escola e casa faz com que o foco esteja nas duas personalidades que dividem a narrativa, permitindo o vislumbre dos anseios e desejos de ambos.

A nova tradução da obra, feita por Lígia Azevedo, corrigiu algumas negativas, como o termo “mestiço”, usado para definir a ascendência asiática de Park. Mas a visão esteriotipada de Park permaneceu. O público espera que a confirmada adaptação cinematográfica, que tem Rainbow Rowell na direção, corrija tais detalhes.

Para os adultos, Eleanor & Park é uma viagem às primeiras vezes. Para os jovens, é o fato de que, seja qual for o problema, não é o único a passar por isso e certamente há esperança e um leque de possibilidades no futuro. Uma leitura suave e satisfatória, que deixa gostinho de quero mais, tanto para a história quanto para outras obras de Rowell.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.