Resenha | Daisy Jones and The Six – Taylor Jenkins Reid

Mais de uma vez eu precisei parar a leitura e pesquisar na internet, porque na minha cabeça era impossível viver em um mundo onde Daisy Jones & The Six não existisse. A Editora Paralela, selo da Companhia das Letras, trouxe o nome da atualidade dentro do gênero New Adult para o Brasil: Taylor Jenkins Reid, autora de títulos como Em outra vida, talvez? e o incrível Daisy Jones & The Six.

Taylor Jenkins Reid

Antes de tudo, se eu puder pedir uma coisa, é isso: quero que coloque o termo “incrível” longe de todos os outros adjetivos semelhantes, a uma altura que você sempre vai olhar e pensar “eu posso chegar lá”. Nesse livro, Reid demonstra uma forma incomum de escrita literária sem dever ao leitor em nenhum aspecto.

Pouco mais de 400 páginas reservadas para contar o backstage da maior banda de rock’n’roll dos anos 70, que acabou misteriosamente. Através de uma longa entrevista, onde ninguém está mentindo e há apenas versões diferentes de determinado acontecimento, somos embalados por uma vocalista apaixonada pela música e uma banda que conquistou o próprio espaço. Aos poucos, o romance nos leva a entender a razão para o fim.

Ao passo que Daisy Jones transformava-se em um ícone, com uma beleza impossível de disfarçar e uma voz com ainda mais potência, a banda The Six passou um processo gradativo até cada membro se firmar. Sozinhos, eram bons, mas juntos, se tornaram os melhores durante anos. Foi uma aposta certeira, mas por trás das câmeras, os problemas tomavam forma.

A entrevista nos leva pelos altos e baixos não apenas da banda em si, mas de cada membro individual, principalmente dos vocalistas Daisy e Billy. Problemas com drogas, vícios e relacionamentos conturbados lideraram a estrada em direção ao fim. São os erros e as vulnerabilidades assumidas que moldam os personagens a ponto de nos importamos unicamente com seu bem estar.

Todo mundo precisa ter alguém na vida que jamais deixaria você estragar tudo.

Não há narração descritiva de um ponto de vista certeiro, tampouco de um preocupado com isso. Dependemos dos entrevistados para nos ambientar, mas, mesmo quando não há informação suficiente, é possível criar a imagem perfeita. Também é perceptível a pesquisa afunda sobre música para tentar tornar cada entonação ou verso aqui citados numa experiência completa, mesmo que não possamos escutá-las.

A cada informação, o romance faz uma viagem no tempo e desafia o espectador a duvidar da existência da banda. Daisy Jones and The Six é, principalmente, sobre as verdades que escolhemos ignorar, esquecer ou dizer. Sobre o impacto delas em nossas vidas. Apesar de ser muito mais do que um romance romântico, é doloroso saber quando duas pessoas se amam e, entretanto, não podem abrir mão daquilo que já conquistaram.

O livro fez – e ainda faz – tanto sucesso que a adaptação cinematográfica já foi confirmada e estrelará Riley Keough numa série de doze episódios da Amazon Prime, ainda sem data de estreia.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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