Resenha | Coração de Summon – O segredo da Floresta Negra
“Após uma batalha sangrenta conhecida como “Guerra dos Elementos”, Nothor, o rei da Escuridão, estabelece um reinado de terror e opressão sobre Onoler. Até que, certo dia, quatro vidas afetadas pelos planos diabólicos do rei decidem se unir contra ele, passando por várias terras e situações de extremo desespero para poderem restaurar a paz em suas terras. Levando a ideia de pessoas com super poderes para um lugar fictício da época medieval, ‘Coração de Summon’ traz uma nova perspectiva sobre heróis e vilões em um ambiente não usual.”
A sinopse de Coração de Summon – O Segredo da Floresta Negra não deixa margem para dúvida, trata-se de uma obra de fantasia daquelas que você entra na história, se vê diante de criaturas fantásticas e sente vontade de terminar a leitura e sair para jogar RPG com os amigos.
O livro conta a história de um grupo de órfãos que é reunido graças aos seus summons, seres fantásticos que habitam Onoler (a terra onde a história se passa). Estergon, Charlie, John e Oliver são os órfãos em questão, cada qual com habilidades fantásticas, em geral, relacionadas com o elemento relativo ao reino a qual pertencem: Escuridão, Ar, Fogo e Água, respectivamente. Conforme dito, os quatro órfãos tem, cada um, seu summon: Estergon tem Slowers, uma criatura parecida com um dragão, coberto de escamas que só se comunica através de estranhos sons ininteligíveis; Charlie tem um leão alado chamado Mikels; John tem um dragão vermelho chamado Zoron que cospe fogo e Oliver possui uma harpia com habilidades de cura.
Todos os elementos (com perdão do trocadilho) estão lá: magia, seres fantásticos, aventura, vingança, sede de poder, sequências de ação, e claro, lições para a vida em forma de metáforas. Um prato cheio para os fãs do gênero que anseiam por mais obras originais.
Durante toda a leitura, o leitor habituado a literatura fantástica vai notar as influências do autor, em especial e obviamente, Tolkien. É possível até associar os tais ‘summons’ do título do livro, que são pequenos seres fantásticos com poderes baseados em elementos da natureza e que seguem fielmente seus mestres humanos, aos Pokémons (ainda mais que um deles não fala, e somente seu mestre o entende…). Dessa forma, aqueles que já são leitores mais experientes vão se deliciar procurando as referências e/ou tentando descobrir de onde elas vieram.
A leitura é agradável e deixa o leitor na expectativa de qual será o próximo desafio que os heróis terão que encarar bem como de que forma mirabolante conseguirão se safar dessa vez. Há também alguns plot twists e surpresas ao longo da história.
Já é de se admirar que o autor hoje tenha apenas 20 anos. Mais admirável ainda é que o livro tenha sido escrito quando o mesmo tinha entre 13 (quando começou) e 15 (quando terminou). Talvez essa falta de idade seja um fator determinante quando no quesito maturidade literária. João Pedro Oliveira é, sim, um fenômeno, já demonstra incrível potencial para alguém de sua idade e já em seu primeiro livro. Contudo, é um humano e tem suas falhas, ainda que estas sejam pequenas e totalmente aceitáveis e justificáveis dado todo o contexto.
Nada que atrapalhe a leitura, claro. Um exemplo seria o fato de que toda vez que Charlie está em combate é frisado o fato de ele ter ‘uma velocidade fora do comum’, como se o leitor tivesse esquecido de tal fato desde a última vez que a habilidade fora usada. Além do mais, pode-se sentir um pouco o excesso de descrição para cenários e aparência física dos personagens. Entretanto, vale a frisar: nada disso atrapalha a leitura e deve ser considerado a maturidade literária do autor à época da escrita. Além do mais, isso pode ser compensado ao leitor mais exigente com ótimas construções em termos de sintaxe e escolha de vocábulos, sem falar dos termos originais como ‘kelsins’ (pessoas com habilidade de manipular os elementos e/ou apresentam outras habilidades sobre-humanas) ou os nomes de personagens e localidades.
Em suma, o primeiro livro de João Pedro Oliveira, Coração de Summon – O Segredo da Floresta Negra, é um ótimo livro de fantasia e uma boa pedida para o público de literatura juvenil. É uma excelente promessa para a literatura nacional, e deixa o público com gosto de quero mais, tanto sobre a história em si quanto sobre o autor, que traz frescor e juventude para o cenário, principalmente no atual momento onde a maioria dos novos e jovens autores de livros são youtubers ou pouco acrescentam em cultura ou em fazer pensar. Ótima pedida para quem procura algo novo e diferente do que tem sido feito, ou para quem curte fantasia e quer fugir dos clássicos apostando no contemporâneo sem perder as raízes e honrando as influências.
Você pode encontrar uma entrevista do autor à Editora Multifoco, que lançou o livro, aqui nesse link. Lá também há um link para a compra do livro.