Resenha | Cidade dos Ossos – Cassandra Clare

Clary Fray é uma adolescente comum da cidade de Nova York. Durante uma saída à balada, ela presencia três adolescentes matando um homem, mas seu melhor amigo Simon nem ninguém parece acreditar nela quando tenta denunciar o crime. No dia seguinte, sua mãe é sequestrada por criaturas estranhas e assustadoras, ligando o evento da noite anterior ao sequestro. Por conta disso, Clary é apresentada aos Caçadores de Sombras (ou nephilims), criaturas metade humano metade anjo, com habilidades sobrenaturais para eliminar criaturas de outras dimensões que ameaçam os seres humanos.

Cassandra Clare é responsável por escrever a série de seis livros Os Instrumentos Mortais, ganhando fama mundial desde o lançamento do primeiro, Cidade dos Ossos, em 2007. Os livros repercutiram de modo positivo, posteriormente sendo adaptados para filme e série de TV (disponível na Netflix).

A autora conquistou os fãs através da escrita fluída e personagens marcantes. Clare sabe os ingredientes necessários para criar um enredo convidativo e instigante, personagens profundamente moldados para se tornarem reais na mente do leitor.

Depois do sequestro da mãe, Clary descobre que os três adolescentes da boate eram, na verdade, Caçadores de Sombras, e o homem assassinado, um membro do Submundo (formado por vampiros, lobisomens, fadas e feiticeiros que coexistem entre os humanos e os nephilins). Ela é levada ao Instituto, local onde vivem os nephilins, onde aprende sobre a criação dos Caçadores de Sombras a partir de três instrumentos mortais dado pelo anjo Raziel.

Aqui, a ambientação do mundo contemporâneo se intercala com a vivência, digamos, retrógada dos Caçadores de Sombras. Eles são, essencialmente, soldados; vivem para cumprir a missão dada pelo Anjo. Mesmo os jovens, como Jace, Alec e Isabelle (os primeiros com quem Clary tem contato), independem do que caracteriza os jovens adolescentes humanos. O Instituto é descrito como uma construção antiga, erguido sobre terreno sagrado. A tecnologia é inexistente dentro da residência, eles utilizam criações próprias e possuem habilidades superiores graças as Runas, marcas que desenham na própria pele para adquirir poder (rapidez, invisibilidade perante a raça humana, força, cura, entre outras).

Uns dos maiores pontos positivos é a criação desse universo, rico e carregado de detalhes, com pontos que se interligam entre as histórias de cada criatura existente e o motivo de existirem. Simon, o melhor amigo de Clary e único humano com destaque, acaba por ser o equilíbrio entre o mundo humano e o mundo das sombras. Se por um lado Clary se mostra cada vez mais apaixonada por Jace, Simon nutre uma paixão platônica pela amiga, mantendo o triângulo amoroso por todo o livro. O tom exagerado de humor diminui o ritmo cansativo do triângulo, e não atrapalha o enredo.

Quando o retorno de Valentine, um antigo Caçador de Sombras dado como morto, ameaça a vida dos humanos e das criaturas do submundo, o pequeno grupo do Instituto de Nova York se une para impedir que ele encontre o Cálice Mortal, um dos instrumentos mortais capaz de transformar humanos em nephilins – com risco de morte.

A autora acerta quanto a dosagem de diálogos e descrições, tudo se encaixa de forma completa e equilibrada. As descrições de personagem e ambientes criam imagens perfeitas, pesando positivamente para o enriquecimento da escrita. Algumas cenas carregam muito humor quando a seriedade é necessária, se tornando um ponto negativo dentro da obra.

Para quem curte fantasia Young Adult contemporânea, Cidade dos Ossos cumpre com suas promessas. O mistério envolvente, a magnitude com que Clare une passado e presente e as relações afetivas que fogem da superficialidade são um prato cheio para quem gosta do tema sobrenatural.

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