Resenha | A Metade Sombria – Stephen King

A Metade Sombria, livro de Stephen King, passou diversos anos sem disponibilidade no Brasil. Aproveitando o grande apreço dos fãs pelas obras do autor, a Editora Companhia das Letras decidiu relançar o livro sob o selo da Suma.

Com conteúdo extra e capa dura, o livro foi relançado na coleção Biblioteca de Stephen King. O conjunto vai ser composto por obras clássicas do autor que conquistaram um grande renome mundial. Confira a sinopse abaixo antes de embarcarmos para a resenha:

Há anos, Thad Beaumont vem escrevendo, sob o pseudônimo George Stark, thrillers violentos que pagam as contas da família, mas não são considerados “livros sérios” pelo escritor. Quando um jornalista ameaça expor o segredo, Thad decide abrir o jogo primeiro, e dá um fim público ao pseudônimo. Beaumont volta a escrever sob o próprio nome, e seu alter ego ameaçador está definitivamente enterrado. Tudo vai bem. Até que uma série de assassinatos tem início, e todas as pistas apontam para Thad. Ele gostaria de poder dizer que é inocente, que não participou dos atos monstruosos acontecendo ao seu redor. Mas a verdade é que George Stark não ficou feliz de ser dispensado tão facilmente, e está de volta para perseguir os responsáveis por sua morte.

A Metade Sombria é um livro intrigante. A obra mescla o mito do doppelgänger – uma lenda germânica que conta a história de uma criatura capaz de se converter fielmente em uma cópia de um humano qualquer – com traços autobiográficos e por fim, uma crítica incubada ao meio literário. O livro é bem íntimo para Stephen pelo motivo dele mesmo já ter escrito diversas obras sob o pseudônimo de Richard Bachmann.

De grosso modo, o protagonista da obra é uma pessoa boa, um pai e um marido presente, além de ser um ótimo professor e escritor, que acaba escrevendo livros macabros que abordam a pior parte das pessoas sob a assinatura de George Stark. Os livros que Thad assina com seu próprio nome são bem mais leves, gerando meio que duas metades e fazendo os leitores se perguntarem em até que ponto as histórias de Thad e de Stephen se coincidem.

A obra já começa com um detalhe muito importante e crucial para a trama, o que é meio estranho, visto que acaba entregando o famoso “pulo do gato”. Pra quem prefere uma leitura mais dinâmica, pode acabar se frustrando aqui: o desenvolvimento da história é bem lento, contando com muitas descrições que acabam se mostrando desnecessárias ao todo. O cliffhanger é deixado para o final da trama e tudo acontece de forma abrupta.

Felizmente, as passagens maçantes não acontecem com frequência na obra e é nesse momento que Stephen brilha e atinge sua melhor forma. Cada personagem do livro recebe um excelente desenvolvimento, tornando cada um mais crível, aproximando ainda mais o título da realidade. A Mente Sombria é possivelmente a obra mais pessoal já escrita por Stephen King. Além dos personagens muito bem estruturados, a conhecida Castle Rock brilha mais uma vez e evidencia por que a cidade fictícia é uma das mais referenciadas pelos fãs do autor.

Conclusão

Provavelmente um dos livros mais pessoais do autor, A Mente Sombria explora de maneira satisfatória a dualidade que existe em praticamente todo ser humano. Funcionando de certa forma como uma autobiografia de Stephen, o livro é imperdível para todos que apreciam o excelente trabalho do escritor.

A resenha foi escrita graças a um exemplar do livro cedido pela editora Companhia das Letras.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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