Resenha | A Lâmina da Assassina – Sarah J Maas

Entre o segundo e o terceiro livro da série Trono de Vidro, a autora decidiu lançar um conjunto de contos sobre os eventos passados que construiram sua personagem principal. A melhor palavra a ser usada aqui talvez seja moldar, porque Celaena Sardothien é a mais famosa assassina devido a todas as habilidades aperfeiçoadas ao longo de sua jovem vida. É fácil aceitar um fato quando a prática se mostra prova suficiente, mas voltar até onde tudo começou é um bônus que Sarah J Maas soube entregar com eficiência.

Sarah J. Maas

Essa resenha é livre de spoiler sobre o primeiro e segundo volumes, então caso ainda não tenha lido, aqui está mais uma série de motivos para começar. A Lâmina da Assassina, como os outros, chegou ao Brasil pela Galera Record, com capa original e título traduzido fielmente. O livro compila cinco contos, sendo eles, respectivamente: A Assassina e o Lorde Pirata, A Assassina e a Curandeira, A Assassina e o Deserto, A Assassina e o Submundo e a Assassina e o Império.

O que fez – e faz – da série Trono de Vidro tão interessante e difícil de ser deixada de lado é a construção detalhada de mundo, incluindo os personagens vivendo dentro dele. O passado de Celaena é a razão pela qual se tornou famosa dentro e fora da história, além de ser a principal motivação de seus sonhos, desejos e princípios.

Em Trono de Vidro e Coroa da Meia-Noite, nós temos vislumbres de pessoas que fizeram parte da vida de Celaena, como o Rei dos Assassinos que a treinou; também, passagens superficiais de momentos que se tornaram inesquecíveis para ela, desde como aprendeu determinada técnica de luta a como foi pega pelo Império de Adarlan e levada à Endovier.

Meu nome é Celaena Sardothien, e não vou sentir medo.

Sentimos uma necessidade de entender o passado e quais razões a colocaram num estado de quase solidão. Nos contos, somos apresentados a tantos outros personagens, alguns ganhando mais espaço para ser explorados, como outros assassinos da fortaleza ou os mestres que a treinaram durante tantos anos.

O melhor do livro é a sensação de reconhecer os momentos que foram citados anteriormente, agora com detalhes. Outro ponto positivo é que, embora conclusivos, por se tratar de personagens secundários – cada um protagonizando sua própria subtrama -, nutrimos uma pequena fagulha de esperança de que, mais à frente, alguns possam voltar e fazer qualquer tipo de diferença no rumo da trama principal.

Por outro lado, o único ponto negativo é o mesmo existente em praticamente toda a saga. Há tantos personagens, reinos, culturas e povos e, ainda assim, não há diversidade. Os povos são, sim, individuais e distintos, mas a fisionomia deles permanece o mesmo padrão. A autora vem recebendo essa crítica há algum tempo e, embora crie personagens lendários, insiste em falhar na representatividade.

Ademais, alguns livros sobre eventos anteriores, às vezes, não agregam em nada ao leitor. Contudo, A Lâmina da Assassina é uma posse necessária para expandir o universo e instigar o gosto por mais.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.