Resenha | A Corrida de Escorpião – Maggie Stiefvater

Antes de iniciar a resenha, um adendo: Talvez meu único erro tenha sido ler “Os Garotos Corvos” primeiro, porque há uma clara evolução na escrita de Maggie Stiefvater. Porém, A Corrida de Escorpião não fica muito para trás, provando ser tanto uma história gostosinha de acompanhar, quanto prova que a autora nasceu para isso. Publicado pela Verus em 2012, a obra é uma fantasia urbana de livro único. Porque sim, eles existem!

Maggie Stiefvater

Na ilha de Thisby, a corrida é o momento mais esperado, por conseguir girar a economia do local e mudar a calma atmosfera. Todo mês de Novembro, cavalos surgem do oceano. Eles são selvagens e perigosos, mas há anos os homens vem adquirindo habilidades para controlá-los. É preciso coragem ou necessidade para se inscrever, e nunca na história uma mulher ousou participar. Até agora.

Puck Connolly divide a casa com dois irmãos, superando a condição financeira da família, que nunca foi das melhores e só piorou após a morte dos pais. Quando algo precioso demais para perder é ameaçado, participar das corridas soa como a única solução. Porém, assim como os outros participantes, Puck terá que disputar o prêmio com o último campeão: Sean Kendrick. Ele é quem mais conhece os animais e, depois de vencer quatro corridas consecutivas, merece a fama que percorre a ilha.

Puck e Sean são tão diferentes entre si que é difícil ver algo surgir dessa relação, mas se por um lado a euforia dela vai contra a resignação dele, a determinação de ambos é suficiente para que prefiram competir como amigos a transformar o evento num duelo.

Stiefvater baseou-se na lenda dos “capaill uisce”, mas utilizou apenas as informações necessárias para construção da trama. Dessa forma, fica por conta dos cavalos sanguinários criar a atmosfera de suspense, instigando o medo do leitor e dando injeção de adrenalina entre os capítulos.

Um fantasia de livro único só é boa quando se entende que é preciso equilíbrio nas ações e personagens verossímeis que conduzam o passeio através de personalidades cativantes. Sem decepcionar, a autora acerta em cada detalhe: a aventura fantástica que, ao contar a vida de pessoas tão críveis, é difícil convencer o leitor de que não existem realmente.

Corrida de Escorpião não tem tanto hype aqui no Brasil e eu, particularmente, acho que deveria. Com uma garota lutando contra o machismo e derrubando as cercas para ocupar seu espaço por direito, e um rapaz que está mais preocupado com a própria paz do que com a turbulência do mundo, essa se tornou uma das melhores leituras do ano, por isso não sei se sou capaz de esquecer dele por tão cedo.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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