Os sabores e as dores de (re)assistir F.R.I.E.N.D.S

Friends é, sem dúvidas, uma das sitcoms mais bem sucedida de todo os tempos. Com 10 temporadas e mais de 10 anos após o seu término, a série ainda tem lugar guardado no coração de muitos fãs. Por conta disso, qualquer rumor sobre uma reunião do elenco ou a realização de um especial deixa o público em êxtase. Mas, a verdade é que a probabilidade é de que nunca haja um retorno dos “amigos” de fato.

E aí está a primeira dor a ser mencionada, porém a última a ser sentida.

A série é daquelas poucas onde aparentemente tudo dá muito certo, os detalhes se encaixam perfeitamente e tudo que acontece é memorável. Mesmo com mais de 230 episódios, a sensação é sempre de que há mais momentos icônicos do que episódios, o que só torna a experiência de assistir a série ainda mais prazerosa. Em pouco tempo após a estreia, a série já dava sinais de que seria um sucesso, e foi muito mais do que isso.

Friends foi um dos maiores fenômenos da televisão. Bateu recordes de audiência, marcou uma geração, angariou milhões de fãs e deixou todo o elenco principal muito, mas muito bem de vida. Na última temporada, cada ator ganhava o modesto salário de US$1 milhão de dólares POR EPISÓDIO.

Assistir a série do início ao fim é, de fato, uma experiência única. Obviamente, devido à quantidade de episódios, fica difícil “maratonar” para terminar em um final de semana. No entanto, por conta dos episódios mais curtos, aproximadamente 20 minutos cada, não é difícil encontrar um tempinho para acompanhar a série e conferir o que a turma anda fazendo. E é nesse senso de rotina ao assistir a série que o telespectador vai se apegando à fantástica dinâmica do grupo.

Quando uma série possui um elenco mais abrangente e diverso, fica mais fácil prender o público, afinal, às vezes basta um personagem para continuarmos assistindo a uma série. Com isso, os 6 amigos traziam diferentes tipos de humor que certamente algum seria o ideal para quem assistisse. E assim, vai-se criando o hábito da visita diária ao apartamento 20 (originalmente 05) no prédio da Grove Street.

Com diversas mudanças ao longo das 10 temporadas, a série em poucas ocasiões se tornou repetitiva ou enfadonha. As coisas estavam sempre em movimento e situações novas eram constantemente criadas, como as mudanças entre os companheiros de quarto, as relações e até mesmo as profissões. E assim os personagens vão amadurecendo, os problemas vão se tornando mais complexos e enquanto estamos sentados assistindo, parece que estamos vivenciando tudo aquilo, como um membro do grupo. E isso vai se tornando daqueles prazeres diários, pelo menos enquanto durar os pouco mais de 230 episódios.

E mesmo com a enorme quantidade de episódios, as 10 temporadas  passam mais rápido do que possamos imaginar, e quando nos damos conta as coisas já estão se encaminhando para um final e uma era se passou no ritmo em que assistimos, fator de extrema relevância no quão difícil fica o final para um fã.

Acompanhar os 10 anos deste grupo de amigos é uma experiência incrível e ao mesmo tempo dolorosa. As 10 temporadas de Friends são extremamente divertidas e a série vai só melhorando com o passar das temporadas. E quando nos damos conta de que os episódios estão chegando ao fim, o coração vai apertando e a vontade de parar de assistir para que não acabe vai crescendo.

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Mas a vida sempre anda, e assim a série também chega ao fim, e por mais doloroso que seja temos de admitir que foi da maneira ideal. Friends não tentou se prolongar, empurrando goela abaixo temporadas que os fãs sequer queriam, pelo dinheiro. A série caminhou para o seu fim de maneira natural e crível. Friends não era sobre Chandler, Monica, Joey, Ross, Phoebe ou Rachel, mas sim sobre o período em que estes 6 amigos viviam como uma família, enfrentando as suas dificuldades e comemorando as suas vitórias, todos juntos.

E assim, a série teve um dos finais felizes mais tristes da televisão. E apesar do senso de completude, Friends te deixa com um vazio e a dor de saber que nunca mais veremos estes 6 personagens novamente.

A menos que a gente queira reassistir e passar por tudo novamente…

 

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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