Leitura Dinâmica: Valente Por Opção

Depois de falar dos dois últimos volumes de Valente, Para Sempre e Para Todas, não tinha como eu ir para o FIQ e não comprar o terceiro volume que foi lançado lá pelo Vitor Cafaggi. Mas cuidado, caso você não tenha lido os outros volumes, é possível que encontre alguns pequenos SPOILERS por aqui.

Em Por Opção encontramos o Valente arrasado pelos acontecimentos finais de Para Todas (que foi exatamente no ponto onde o site onde ele é publicado parou) e isso, por si só, já é de partir o coração. Novamente o Cafaggi trabalha muito bem a expressão dos sentimentos do Valente nos detalhes: nas orelhas caídas, na nuvem de tristeza e decepção que se forma sobre ele, na cauda que não balança mais, nos olhos caídos, na raridade que é achar um sorriso dele nessa edição e por ai vai.

Sim… infelizmente você nunca viu um Valente tão chato! Mas não, não se confunda. Não estou dizendo que o terceiro volume do personagem é chato, pelo contrário, quem está assim é ELE. O Vitor conseguiu captar muito bem como um “cara como o Valente” ficaria após o que aconteceu e, sinceramente, o cara na fossa sempre é um pouco mala -mesmo que ele não tenha muito controle sobre isso. E, como no mundo real, é nessa hora que os amigos aparecem para animar, trazendo conversas, RPG (yeah!) e a vida nova na faculdade para dar uma quebrada nesse ritmo melancólico.

Mas não dá para negar que a personagem chave para ajudar o Valente a se entender, entender o mundo e repensar melhor sobre as coisas continua sendo a Bu, que também passa por problemas no seu relacionamento durante a história, mas como o próprio cãozinho diz: “Em horas assim, em que a depressão toma conta, só existe uma coisa a fazer […] Encontrar alguém que esteja ainda pior do que você.“. Quem tem ou já teve uma amiga como ela em alguma fase da vida sabe como, mesmo sem muita explicação, essas pessoas conseguem nos animar, por entender as nossas pequenas minúcias.

“E você vai conseguir fazer uma resenha de Valente sem falar da Princesa e da Dama?”. Não, não vou. Mas para evitar maiores spoilers, vou dizer que simplesmente elas fazem o que eu esperava delas e, ainda assim, tive uma surpresa no final da edição, pois achei que naquele momento as coisas poderiam ter tomado outro rumo… mas citando Rocky: “o mundo não é um grande arco-íris. É um lugar sujo, um lugar cruel, que não quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre se você deixar. […] Ninguém vai bater tão duro como a vida.“

E esse é justamente o ponto que me preocupa: quanto será que o Valente aguenta? Tanto no sentido do personagem, quanto do número de volumes para contar essas idas e vindas (des)amorosas dele. Conversei com o Vitor mais cedo e ele me disse que o futuro do personagem já está traçado e ele já sabe aonde acabar (ao menos dentro dessa temática, porque vai que ele usa o personagem para outra coisa depois). Isso já me alivia e espero que o querido cãozinho consiga se sair bem no final, porque se mais alguém vier magoar o Valente vai ter que se ver comigo, porque do jeito que a história fica envolvente, não tem como não se sentir amigo dele.

Ainda assim, já que o futuro à Deus (ou ao Vitor nesse caso) pertence, vou fechar dizendo que essa foi mais uma edição impecável de Valente, que agora sai pela Panini e, em breve, você deve encontrar nas melhores livrarias por ai, assim como as duas primeiras edições que foram relançadas -agora também pela editora e não mais independentes, mas seguindo o mesmo padrão visual das antigas, um cuidado que o Cafaggi teve com quem o acompanha já há algum tempo.

Nota: