Leitura Dinâmica: Millenium – Os Homens que não Amavam as Mulheres
Minha única aquisição na “Black Fraude” brasileira foi a trilogia Millenium, do sueco Stieg Larsson. Nunca tinha ouvido falar nesses livros até o lançamento do filme Os Homens Que Não Amavam As Mulheres que, curiosamente, não chamou muito minha atenção e passou batido. Até que uma amiga querida, leitora compulsiva e de gosto duvidoso me indicou e em seguida eles apareceram baratinho na Submarino. Comprei e Amei!!
Os Homens Que Não Amavam As Mulheres é o livro das apresentações. Começa com o drama de Henrik Vanger, patriarca do clã e chefe de um império industrial, que há 40 anos lamenta a perda de sua sobrinha Harriet Vanger. Embora nunca tenha conseguido encontrar um culpado, Henrik está convicto de que Harriet foi morta por um membro da complexa e gananciosa família. Ao chegar ao fim da vida, decide fazer uma última tentativa de achar o suposto assassino que o atormenta todos os anos, te enviando uma flor emoldurada no dia do seu aniversário e, para isso, contrata o jornalista Mikael Blomkvist.
Mikael é um jornalista e co-fundador da revista Millenium que acabou de ser condenado a 3 meses de prisão por um caso de difamação. Sua vida vira de cabeça para baixo, com a carreira arrasada e colocando em risco o futuro da Millenium. Para organizar suas ideias e sair do foco da mídia, ele aceita a proposta de passar um ano sabático em Hedestad, também Suécia, na tentativa de elucidar o mistério.
É aí que entra o melhor da história: Lisbeth Salander! Uma anti heroína foda que te prende ao livro do início ao fim. Lisbeth entrou pra lista das minhas personagens favoritas, junto de outros como Hermione, Gandalf e Sherlock.
A narrativa de Larsson é envolvente e detalhada, sem ser chata. O que eu mais gostei foi por ele não ter enrolado o livro todo pra nas ultimas 10 páginas dar uma resposta inesperada e surpreendente. É uma pena que muitos livros de suspense/mistério ainda sigam essa linha.
É importante lembrar que Larsson foi um dos mais influentes jornalistas e ativistas políticos suecos que, durante a carreira, denunciou organizações neofascistas e racistas. Diz-se que, aos 15 anos, ele teria testemunhado um estupro coletivo de uma adolescente e, por isso, a inclusão do tema de abusos contra mulheres nos livros seria um mea culpa. O escritor nunca teria se perdoado por não ajudar a garota, cujo nome era Lisbeth.
Desse modo, prepare-se pra entrar em um mistério meio thriller com forte denúncias políticas e para se surpreender com alguns dados sobre a Suécia (o autor os coloca no início de cada capítulo), país entre os 10 melhores IDH do mundo.
OBS: Aparentemente, a saga Millenium foi pensada para compor dez livros mas o autor morreu em 9 de novembro de 2004, aos 50 anos, vítima de um ataque cardíaco. A editora Aftonbladet ainda chegou a divulgar o foco do quarto livro.
Eva Gabrielsson, parceira de 32 anos de Larsson, declarou ser capaz de terminar o quarto livro, cujo título seria A Vingança de Deus. No entanto, não pode por conta da disputa legal entre ela e o pai e irmão de Larsson.
Eva detém o laptop que contém a parte escrita do que seria o quarto livro e ela não vai publicá-la, a menos que sejam dados a ela os direitos da série. Ela e o companheiro teriam trabalhado juntos nas obras já lançadas.
Ainda assim, vale a leitura. Todos os grandes mistérios foram solucionados e você não termina em aberto. É obvio que havia assunto para continuações, mas não significa que o autor deixou pontas soltas.
Em breve A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar
Recomendo assistir o filme sueco (já saiu a trilogia toda e o primeiro é de 2009). Muito fiel e muito incrível!
Outra coisa legal é o milagre da tradução do título. Palmas para quem o fez, pois foi fiel (não que eu entenda bulhufas de sueco, mas vale o parabéns =D ).