FIQ 2013!

Depois de passar 5 dias no Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, nada mais justo do que fazer um post falando para vocês a minha impressão dessa primeira participação em um dos principais (se não o principal) evento de quadrinhos do país.

É importante dizer que, apesar de estar lá como imprensa (com crachá e tudo), tentei participar do maior número de coisas possíveis como qualquer pessoa que tivesse lá para prestigiar o evento (que era gratuito), inclusive retirando o crachá em alguns momentos.

Estrutura:

Bom, para começar, o local escolhido para a realização do FIQ estava muito bom, assim como o posicionamento dos stands, mesas, exposições e afins. Além disso, as pessoas da organização faziam questão de garantir que não houvesse coisas extras no meio do caminho, nem nada assim, mesmo que fosse um poster que estivesse “saindo” um pouco de um stand. Parece “chatice”, mas garantia que desse para andar nos corredores -o que é muito importante.

Um ponto ruim era o calor. Sério… me enganaram falando: “leva um casaco, BH faz frio…“. Até hoje espero esse frio e olhe que eu sou de Salvador. Talvez seja preciso revisar a ventilação do local ou, mais ainda, mudar de local caso não tenha como melhorar isso nesse, porque se a cada edição vai crescer o número de pessoas (e esse é o esperado), acredito que em 2015 o evento estará muito cheio e essa estrutura, mesmo boa, não vai conseguir se manter.

Acho que outro ponto de atenção é a falta de estacionamento interno (o que o local poderia fornecer foi transformado em um palco), o lado de fora da Serraria Souza Pinto (onde ocorreu o evento) não era um dos locais mais “família” do mundo, então deixar o carro na mão de guardadores suspeitos pode ter assustado alguns visitantes.

FIQ (5)

Programação:

A programação do evento se dividia em bate-papos, painéis, sessões de autógrafos, trabalhos ao vivo (de desenho, pintura, escultura), exposições, oficinas e por ai vai. Participei de tudo e posso dizer que muitos bate-papos e painéis, infelizmente, estavam mais vazios do que deveriam e os que lotaram a casa eram de nomes grandes (Laerte, George Perez, DC, Marvel, MSP), enquanto outros bons nomes -mas não tão conhecidos, não receberam o prestígio que merecem. Logicamente isso não é culpa do evento em si, falta ao público no geral (e eu me incluo nisso) mais conhecimento de outros tipos de trabalho no universo dos quadrinhos (por isso que fui ao FIQ também, diga-se de passagem).

As áreas de autógrafos e dos trabalhos ao vivos estavam bem estruturados e funcionando muito bem, apesar de filas muito grandes para conseguir aquele “rabisco” (com muitas aspas) de algumas pessoas. Assistir artistas fodas (com trabalhos em empresas grandes por ai, ou até sem trabalhos conhecidos AINDA) desenhando e colocando todos aqueles anos de treino e técnica em prática é uma delícia, para quem gosta de arte -é claro. E, para quem queria aprender, as oficinas também eram uma boa oportunidade… fiz, inclusive, a primeira tirinha da minha vida por lá (e guardei, pois quem sabe, né?).

FIQ (6)E falando em arte… o que foram as exposições, né? Todas estavam muito boas, mas vou ser obrigado a falar mais da Ícones dos Quadrinhos, organizada pelo Ivan Freitas, porque essa realmente conquistou todos que estavam por lá e não teve um momento que eu não passei por ela e não tivesse gente parada, olhando e paquerando as imagens. Mesmo eu, que já tinha o livro, passei bons momentos estudando as obras novamente. Ah! Vale dizer que consegui mais de 50% da minha Ícones autografada, o que foi uma oportunidade bem legal do evento também.

Stands:

Os stands e mesas dos artistas, grupos e editores estavam, em sua maioria, muito bem organizados e esses conseguiram multiplicar o pouco espaço que tinham e fazer com que, mesmo cheios em alguns momentos, nunca ficasse um clima realmente de aperto ou de desagrado. Ao mesmo tempo, mandaram bem no sentido de que os artistas se revezavam muito bem para que sempre houvesse alguém lá para explicar não só seu trabalho, como o dos outros e ainda dar autógrafos. Editoras como a Nemo estavam com bons descontos nos seus produtos a venda e alguns “stands-lojas” tinham também uma boa variedade de produtos (mesmo que os preços não tivessem assim tão maravilhosos).

Sinceramente, o stand mais sem graça era o da Panini. Tentar vender assinatura? Sério mesmo? Não tinha realmente nada melhor a ser oferecido? Pensem bem sobre isso para o FIQ 2015, Panini. Eu esperava bem mais de vocês, com todas as licenças que vocês tem por aqui.

Artistas:

Tem desenhista, arte-finalista, colorista, etc… BOBO que acha que não é artista não, mas como eu discordo muito desse ponto, vou chamar todos eles assim, porque é exatamente o que eles são, inclusive os editores, diretores e todo mundo que se envolve nesses projetos, porque se tem uma coisa que eu aprendi é: entregar uma HQ é muito difícil.

E ai esse pessoal, que te emociona, te faz rir, chorar, se assustar e que são verdadeiros deuses dentro dos seus universos… são, na verdade, pessoas normais, super simpáticas, receptivas, que gostam de uma boa conversa, sabem ouvir e dar feedback e vão te tratar super bem (seja você imprensa, visitante, adulto, velho, criança -isso é claro se você fizer sua parte de não ser “aquele” cara chato também, né?). E acaba que você vira ainda mais fã de vários deles, mas só porque eles fazem por merecer, já que esse não é o lugar pro “fã-justin”, aquele que é tratado mal e ainda fica lá com a língua pra fora, babando. Até porque todos eles eram também vendedores dos seus trabalhos, então é muito mais fácil você ter interesse em conhecer um trabalho que está sendo explicado em uma conversa divertida, do que com alguém de cara fechada e que não parece querer falar com você.

George Perez, Vitor e Lu Cafaggi, o pessoal da Escola de Quadrinhos e a Mulher-Maravilha (que me hospedou aqui em BH junto com sua família)

Equipe da Casa dos Quadrinhos junto com George Perez, Vitor e Lu Cafaggi e a Mulher-Maravilha (que me hospedou aqui em BH junto com sua família)

Público:

É obvio que esse Festival não teria nenhum sentido se não tivesse público, não é mesmo? Mas isso é algo que não é preciso se preocupar, porque apesar de uma quarta mais tranquila (mas não vazia), a partir da sexta o evento ficou muito cheio. E posso dizer que se engana quem acha que nesses eventos só vão nerds gordos e esquisitos, porque também vão nerds magros e esquisitos. Brincadeiras a parte, tinha todo tipo de gente lá: famílias, colégios, nerds, não-nerds, gente metida, gente do bem… mas em sua maioria pessoas muito educadas, que respeitavam filas, pediam licença e falavam “desculpa” ao se esbarrar em você.

Como disse lá em cima, a maioria das pessoas ainda tem um conhecimento muito superficial do mundo dos quadrinhos (novamente, me incluo nisso), mas é exatamente para tal que serve um evento como o FIQ e espero que esse cenário melhore a cada edição. E vou dar um parabéns a MSP, que trazendo novos autores e novos tipos de publicações para um público mais amplo tem ajudado muito para um crescimento e um maior interesse desse “grupo” em mergulhar no oceano de possibilidades que os quadrinhos permitem. O Sidney Gusman ganhou até uma “pequena” homenagem lá, feita por alguns artistas, e se você tem acompanhado o cenário dos quadrinhos nacional sabe que isso é mais do que merecido.

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No mais, só posso dizer que estou muito feliz e que estou levando MUITO material para casa, então aguardem muitas resenhas por aqui (não vou prometer uma frequência, mas vou tentar botar uma por semana, pelo menos) e também novas entrevistas.

Olhem ai tudo que vou ter que enfiar, sabe Deus como, na bagagem:

FIQ (3)

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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